Seguindo os modelos #eurusd

 


Se tem uma casa que realiza um trabalho diferenciado no universo de pesquisas econômicas, é a Gavekal. Em seu mais recente trabalho para identificar em qual quadrantes nos encontramos, o resultado chamou minha atenção.

O resumo desses quadrantes é definido a seguir. Em função do cenário atual, eu esperaria que estivéssemos nos movendo no sentido indicado na figura, e o risco maior seria ir para a esquerda em direção ao Inflationary bust . Porém, o que eu não poderia esperar era ainda permanecer no Disinflationary boom. Vejamos a seguir os argumentos dessa publicação de Charles Gave.

Os leitores regulares podem estar familiarizados com minha ferramenta analítica de mais longa duração, a Estrutura dos Quatro Quadrantes. Ela tem como objetivo representar os quatro estados econômicos que em momentos diferentes podem existir em uma economia de mercado. Como o eixo horizontal mostra a atividade econômica e o eixo vertical o comportamento dos preços, pode ser visto em cada quadrante um cenário econômico diferente.

1) Boom inflacionário: quando os preços e a atividade econômica estão subindo, a economia está no canto superior direito do quadrante.

2) Queda inflacionária: quando os preços estão subindo e a atividade econômica está caindo, a economia está no canto superior esquerdo do quadrante

3) Boom deflacionário: quando os preços estão desacelerando e a atividade está aumentando, a economia está na parte inferior direita do quadrante.

4) Queda deflacionária: quando os preços estão caindo ou desacelerando e a atividade está caindo, a economia está no canto esquerdo inferior do quadrante.



Uma representação de longo prazo desses diferentes estados é mostrada no gráfico abaixo à esquerda. Além das áreas sombreadas correspondentes aos quatro estados diferentes, os índices de preços ao consumidor e ao produtor dos EUA são mostrados a seguir (para mais informações sobre como essas mudanças de fase são medidas, consulte meu livro Stagnation Or Bust? ou Quatro Quadrantes: Uma Análise Wickselliana, de 2016). A primeira lição óbvia é que entre 1965 e 1987 a economia dos EUA estava principalmente em uma fase inflacionária: oscilou entre booms inflacionários, seguido por busts deflacionários ou busts inflacionários. Em contraste, desde 1987, vimos principalmente booms deflacionários interrompidos por busts, mas não busts inflacionários propriamente ditos. Num bust inflacionário, a inflação segue acelerando, ainda que a atividade econômica esteja caindo pelas tabelas. Esta é uma combinação letal para ativos financeiros, como se viu no colapso espetacular do mercado de ações de 1973-74 e na derrocada do mercado de títulos de 1980-81.

Visto por este prisma histórico, a realidade de hoje é muito simples. Qualquer um que executar uma simulação de portfólio usando dados a partir de 1982 está excluindo a chance de um bust inflacionário e, assim, vai terminar com um tipo de carteira com uma paridade de risco que teria sido um desastre na década de 1970. E já que mais dinheiro hoje é gerenciado por computadores do que por seres humanos, eu tenho quase certeza de que poucas das simulações usadas para construir esses portfólios usam dados que remontam aos anos 1960 ou 1970. E, no entanto, um bust inflacionário não é apenas uma possibilidade distinta, como até tivemos uma amostra disso no início deste ano, com um rápido momento de bust inflacionário. Isso pode ser visto no gráfico à direita, que mostra os mesmos quatro quadrantes, mas em um horizonte de tempo mais curto.



Eu faria duas observações sobre os desenvolvimentos recentes.

1) No 1T21, a economia dos EUA sofreu um breve bust inflacionário seguido por uma mudança de curto prazo para o território do bust deflacionário, antes de retornar para o boom desinflacionário, que é onde agora residimos. A última dessas transições rápidas levou a uma rotação maciça em ativos de risco, com a contração dos spreads de crédito, o desempenho maior das ações growth e a queda do ouro. Admito ter sido pego de surpresa por essas mudanças no ambiente de investimento.

2) Os EUA estão oficialmente de volta ao boom desinflacionário devido, em grande parte, à taxa muito baixa dos títulos com classificação Baa que figuram em meus cálculos para medir as mudanças nos Quatro Quadrantes. A próxima fase provavelmente será uma mudança de volta para o boom inflacionário e, nesse ponto, o real perigo para os investidores pode surgir nos mercados.

A sinalização a ser observada seria o índice de volatilidade VIX movendo-se acima 27, já que isso provavelmente se antecipará à mudança para um bust inflacionário ou deflacionário.

Embora não seja de conhecimento dos leitores, os parâmetros de Charles Gave para suas conclusões —as baixas taxas dos títulos Baa acima mencionadas — levaram o modelo para o quadrante mais benigno de todo o espectro.

Será que o modelo deveria ser revisto? É uma decisão difícil, pois o mesmo serviu de forma acurada por décadas. O que me deixou um pouco incomodado foram suas observações do que precisa ocorrer para que haja a mudança de quadrante, parece mais “torcida “para justificar seu cenário.

A injeção maciça de recursos por parte dos bancos centrais seguramente distorceu todo o mercado de bonds, comprimindo as taxas de juros. Essa é a principal razão para o modelo apontar o quadrante atual. Mas por outro lado, se os investidores estão comprando esses títulos nessas condições, ocorrem oportunidades excelentes para as empresas efetuarem seus investimentos, o que pode levar a um aumento de produtividade — que tem um viés deflacionário.

Não dá para desconsiderar esse parâmetro e dizer que ficou obsoleto, mas vale um questionamento. Em todo caso, se estiver funcionando é uma boa notícia, e imagino como eles ficaram perplexos imersos em muitas horas de discussão.

No post dont-fight-fed, Fiz os seguintes comentários sobre o euro: ...”  destaquei a área na elipse da qual não consigo concluir nada se continua a correção ou se o movimento de alta se iniciou. Caso a correção continue o mercado provavelmente levaria as cotações abaixo de  1,1662” ...



Ok, o euro está querendo passar a perna no Mosca, e até entenderia o leitor se perguntando se não deveríamos mudar radicalmente a sugestão para venda da moeda única. Não posso! Explico por quê: no gráfico abaixo, destaquei na elipse um movimento claro de 5 ondas, indicando que novas altas são esperadas à frente. Mas antes que isso ocorra, é necessário um período de correção, onde acredito que estamos.

Essas 5 ondas contemplam uma alta expressiva de 1,0635 até 1,2345. No A, B, C em verde, o término da correção era esperado (mais provável) em 1,1627, porém não ocorreu.



- David, chega de explicações! Não entendemos muito dessas ondas que você cita, passamos da idade de surfar!

Aguarde eu terminar! Continuando, não é tão improvável assim que a queda alcance os níveis destacados no retângulo em amarelo, primeiro 1,1458 e caso não se sustente a €1,1258. E será aonde vamos nos fixar daqui em diante. Antes que meu amigo se manifeste, eu só posso abandonar minha premissa de alta se a moeda única cair abaixo de 1,0635.

Como vocês já conhecem minha forma de atuar, não vou comprar a moeda única antes que forme 5 ondas de alta. Disciplina, e não achismo, é o nome do jogo!

O SP500 fechou a 4.399, com alta de 0,83%; o USDBRL a R$ 5,5093, com alta de 0,33%; o EURUSD a 1,1552, sem variação; e o ouro a U$ 1.754, com queda de 0,44%.

Fique ligado!

Comentários