Salvador Dali aplicado a finanças

Acredito que todos já ouviram falar de Salvador Dali, um importante pintor Catalão, conhecido por seu trabalho surrealista. Suas obras chamam a atenção pela incrível combinação de imagens bizarras, sonhadoras, com excelente qualidade plástica. O que talvez poucas pessoas saibam, é que nos últimos dias de sua vida, quando já era famoso, ele emitia cheques sabendo que não seriam submetidos a pagamento. O motivo é que depois de consumir os pratos mais caros de um restaurante, junto com seus amigos, pedia a conta, preenchia o cheque e assinava. Porém antes de entregar ao garçom, fazia um desenho no verso e autografava. Dali sabia que o dono do restaurante não descontaria o cheque, mas o colocaria numa moldura e exibiria no melhor local do restaurante: " Um Dali original."

Era um bom negócio para Dali: Seus cheques nunca seriam cobrados, e ele ainda aproveitaria excelentes banquetes com todos os seus amigos. Dali tinha um talão de cheques mágico. Entretanto, o artista sabia que sua ação era limitada, pois nem pensar em voltar ao mesmo restaurante, e se fizesse isto em todas as refeições, com o tempo perderia o valor da exclusividade.

Fazendo um paralelo com a ação do FED, que ao invés de gastar os dólares em restaurantes, usa seus inúmeros helicópteros. A habilidade de Dali, que prevenia que seus cheques não fossem cobrados, era porque criava algo de valor, que não se aplica a autoridade monetária. Assim como no caso de Dali que tinha limites, o FED também tem. É só uma questão de tempo até que o esquema não funcione mais. Será que dá para usar a ideia do Dali, autografando no verso como mosca? Hahahahah....

Ontem foram publicadas as minutas da última reunião do FED, e lendo-se atentamente, percebe-se o que já se sabia, uma grande dispersão de opiniões. Por um lado, eles insistem que a economia está em boa forma e expandindo, mas alertam que não podem subir os juros, que se verdadeira fosse, seria porque a economia não está tão bem assim. É provável que o FED mantenha esta dicotomia, por ter receio de que se algumas destas contradições forem retiradas, acarretará uma queda nas bolsas.

Como é necessário um culpado, o FED elegeu o mercado de trabalho, pois se este estivesse tão forte como o resto da economia, ele poderia normalizar os juros. E é neste item que a ata mais parece o samba de um crioulo doido, por um lado diz que a taxa de desemprego está se aproximando do seu objetivo, mas que este parâmetro isolado não é suficiente para esta conclusão. Menciona que existem outros fatores que estão abaixo do esperado, eu transcrevo o texto para vocês terem a real ideia da confusão: ...They judged it appropriate to replace the description of recent labor market conditions that mentioned solely the unemployment rate with a description of their assessment of the remaining underutilization of labor resources based on their evaluation of a range of labor market indicators. In their discussion, some members expressed reservations about describing the extent of underutilization in labor resources more broadly. In particular, they worried that the degree of labor market slack was difficult to characterize succinctly and that the statement language might prove difficult to adjust as labor market conditions continued to improve. Moreover, they were concerned that, despite the improvement in labor market conditions, the new language might be misinterpreted as indicating increased concern about underutilization of labor resources ... O que se pode concluir com certeza, é que esta recuperação tem sido muito pior que as anteriores, quando o quesito são salários, veja a seguir.

Amanhã se incia a conferência anual em Wyoming, denominada de Jackson Hole, e a Janet Yellen, vai falar sobre o tema emprego, cujo título é sugestivo Re-Evaluating Labour Market Dynamics" . O mercado espera que ela tenha um tom muito favorável a continuação de juros baixos por muito tempo, e está posicionado neste sentido. Espero que não haja frustrações!

Às vezes eu me pergunto, se o sinal virá da inflação ou do mercado de trabalho, sendo que este último nem o FED sabe como avaliar, imagine nós! Mas como todos estão de olhos fixos nestas variáveis, a história mostra que as surpresas sempre vêm de onde não se espera, o que poderia ser? Aceito sugestões, pois dado o enorme volume de liquidez ao redor do mundo, as consequências não deverão ser nada agradáveis.

Analisar o movimento de um ativo é importante para confirmar ou não suas premissas. Em algumas circunstâncias, mesmo que os preços caminhem na direção esperada, a forma também conta. E, é este o caso para a posição de ouro, que estou liquidando ao nível atual de US$ 1.276, gerando um lucro de 3,64%. Vejamos os motivos: No post eleições-goooo, fiz os seguintes comentários: ...se o ouro penetrar a área em verde de US$ 1.240/1.280, o cenário 2 deve prevalecer, aumentando as chances de ver o metal abaixo de US$ 1.180. Por outro lado, entre US$ 1.340/1.320, a opção 1 ganha força ... E gráfico a seguir.

Hoje o ouro está penetrando na área apontada em verde acima, assim, deveríamos permanecer na posição. O que me fez mudar de ideia? Por um lado, meus indicadores de momento não sugerem alterar o rumo,  porém não gostei do que está observado no gráfico de curto prazo a seguir.
- David, este gráfico mais parece rabisco de criança!
Boa! i) O movimento foi muito "longo", para colocar em palavras mais simples; ii) Ambos têm o mesmo tamanho; iii) Duas mediadas coincidem no mesmo ponto US$ 1.270. Tudo isso me sugere que este movimento curto, se parece mais com uma correção, e não era o que eu estava esperando.

Não vou me alongar em outros gráficos, pois acredito que só iriam confundir os leitores. Agora, amanhã posso chegar a conclusão que eu me precipitei. Se acontecer, paciência, estou sem posição e decidimos depois o que fazer. Mas se eu estiver certo, e o ouro buscar mais alta até os US$ 1.350, ficaria muito bravo, caso não tivesse agido.

- Estou irritado e espero não ter perdido a oportunidade de um lucro maior!
Respeito, você é o estilingue e eu sou a vidraça, vamos aguardar.

Terminando o assunto de mercado, o euro negociou hoje a 1,3241, assim para quem seguiu minha recomendação eleições-goooo, deve ter liquidado a posição, realizando um resultado de 0,91%, é pouco mas é lucro! Hahahaha.... 

O SP500 fechou a 1.992, com alta de 0,30%; o USDBRL a R$ 2,683, com alta de 0,29%; o EURUSD a 1,3282, com alta de 0,18%; e o ouro a US$ 1.278, com baixa de 1,10%.
Fique ligado!

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