Postagens

Mostrando postagens de novembro, 2017

Euro: O acelerador da Alemanha

Imagem
O projeto da moeda única levou em consideração uma situação totalmente irreal. A fim de obter equilíbrio macroeconômico, é condição necessária que a produtividade entre os países seja muito similar, caso contrário, um câmbio fixo atuará como uma força deflacionaria naqueles países menos capazes de se igualar. Acontece que, num grupo onde existe uma país como a Alemanha, isso não é possível, como comentei diversas vezes aqui no Mosca . Os Alemães têm uma capacidade de trabalho, conhecimento e desenvolvimento muito superior aos seus vizinhos. Nos anos de crise, principalmente ao redor de 2011, já se discutia abertamente a saída da Grécia, além de algum país do chamado Club Med – Itália, Espanha e Portugal. O presidente do ECB resolveu agir e embarcou na política adotada por seu par, o FED, inundando a Europa com liquidez. Isso já não bastasse, enveredou pelo caminho desconhecido de usar juros negativos para incentivar as economias. Desde esta data, a Europa lutava para não e

2018 está chegando

Imagem
Os antigos leitores do Mosca sabem que não gosto de previsões gregorianas. São dois os motivos dessa rejeição: primeiro não vejo porque uma previsão para uma determinada data possa se concretizar. Os eventos deveriam originar uma projeção e não uma data; segundo, pelos conceitos de análise técnica, são os preços que determinam ações e não o prazo. Mas não tenho como confrontar essa tendência enraizada no comportamento humano. Todo final de ano, os analistas publicam suas previsões para o ano seguinte, e o Mosca não vai fugir à regra, nos próximos dias estarei focado nessa tarefa. Pouco se comenta se as previsões feitas no passado foram alcançadas ou não. Apenas quando algum analista acerta na mosca. Essas situações ocorrem normalmente quando esse acerto era contrário a maioria das previsões. Hoje o Wall Street Journal publicou uma matéria comentando sobre os erros cometidos pelos analistas em 2017. Todos nós gostamos de lembrar nossos sucessos e esquecer nossas fal

Ilan Godlfajn: Esqueceram de mim

Imagem
O ser humano tem uma capacidade incrível de esquecer momentos ruins. Se querem um exemplo pense na Dilma Rousseff no caso recente em tour pela Europa, bancado com nosso dinheiro, que se aproveitou de um jornalista português para ampliar seu repertório de estupidez. Ao ler essa reportagem, o que você lembra é que gostaria de esquecer para sempre que ela existiu. Mas tem outros acontecimentos que são mais produtivos, como o Ilan Goldfajn que se ouve falar muito pouco nos últimos tempos. Vocês devem lembrar que a bem pouco tempo a inflação era uma grande preocupação, o banco central na era  Tombini era constantemente questionado e pressionado. Justiça seja feita, ele sozinho não tinha como resolver o total descontrole das contas públicas, mas acabava sendo o culpado. Hoje foi publicado o IPCA -15 do mês de novembro cuja variação ficou em 0,32%, pouco abaixo do mês anterior em 0,34% (pouco mesmo!). A taxa de 12 meses teve uma leve alta e ficou em 2,8% a.a., abaixo do limite míni

Peru no forno

Imagem
O feriado de Thanksgiving é o mais importante dos EUA, certamente mais que o ano novo. Num Réveillon estava em Los Angeles com um casal de amigos que vivem naquele país. Na noite do Ano Novo fomos comemorar. O jantar como acontece com os americanos foi servido as 20h00, bem tarde este dia! Depois de beber e comer o relógio não passava das 22h30 e já não se tinha mais o que fazer. O casal sugeriu irmos embora. Foi quando eu perguntei “Não tem fogos de artifício”? Meu amigo sorriu e disse “Aqui todo mundo acorda cedo, mesmo no Ano Novo”. Mas em Thanksgiving é costume reunir toda a família, situação rara para os costumes americanos, consequência de filhos que morarem espalhados pelo país. Como de praxe, nessa data os mercados ficam em banho Maria, da véspera até o final de semana. Porém, diferentemente daqui do Brasil, na sexta-feira de Thanksgiving o mercado funciona por meio dia. Os americanos exportaram o conceito de Black Friday para o resto do mundo, mas acredito que o r

" Back to the school"

Imagem
A professora Yellen já deve estar limpando suas gavetas. No final de fevereiro próximo termina seu mandato, e nesta data será substituída por Jerome Powell. Ela teria como continuar fazendo parte do Board mas decidiu por terminar seu mandato. Pelo seu histórico e bem provável que retorne a vida acadêmica além de faturar uma boa nota dando palestras. Acho sua decisão sábia, primeiro não se sabe como será o FED comandado por alguém sem experiência em política monetária, além de Powell não possuir um título de doutor em economia, o que a grande maioria dos membros tem. Como serão as discussões técnicas, “Acho isso, acho aquilo”? Nós veremos, ela assistira. A Bloomberg publicou uma matéria com alguns pontos que permitem uma avaliação de seu mandato. Vejamos alguns elementos: ·          Mercado de Trabalho A taxa de desemprego se encontra próxima do nível mais baixo dos últimos 17 anos, e ainda abaixo da estimativa do FED de pleno emprego – essa é uma taxa onde se ass

Bond 3017 - Uma Odisseia no Espaço

Imagem
Você devem estar se perguntando qual a razão do título. O que poderia significar Bond 3017 – Uma odisseia no espaço? Uma empresa de energia dinamarquesa – Orsted, emitiu um título com vencimento em 3017, esse papel tem 1.000 anos de prazo! A quem poderia interessar investir num título como esse? Naturalmente não é uma pessoa física, só poderia ser para especuladores ou fundos de pensão. Antes de começar a avaliar em que grupo poderia se encaixar os compradores, essa emissão de € 500 milhões recebeu ofertas de € 2,4 bilhões, quase 5 vezes mais! Vejamos quais foram as suas condições: a taxa foi de 2,25% a.a. e existe uma call para 2024. Para quem não está familiarizado com esse conceito, a call garante ao emissor o direto de recomprar esse título naquela data com um preço um pouquinho superior ao preço de emissão. Com um vencimento tão longo, equivalente a perpetuidade, uma oscilação pequena que seja da taxa de juros tem um impacto enorme no preço. Interessante que não é s

A inflação está aparecendo

Imagem
Ontem foram publicados os dados de inflação nos EUA medido pelo CPI. A taxa ficou em 0,1% no mês e 2% a.a. em 12 meses, o índice excluindo alimentos e energia registrou uma taxa de 0,2% e 1,8% a.a. em 12 meses. Uma observação simples do gráfico acima não parece muito animador, a elevação que ocorreu no começo do ano foi fruto de preço mais elevado dos combustíveis. Mas também não parece que o risco de queda da inflação seja uma ameaça, ao contrário, uma medição feita com a inflação core –extraindo os alimentos e energia, de forma trimestral anualizada, mostra uma recuperação de preços mais consistente. Enfatizo aos leitores que essa forma de calcular coloca maior volatilidade no índice, e deve ser vista com uma certa cautela.  Agora até os Corintianos, que estão felizes da vida pela conquista do Campeonato Brasileiro, apostam que a taxa de juros subirá na próxima reunião de dezembro. Sobre o campeonato brasileiro eu já contava há alguns meses que seria muito d

Riscos a frente?

Imagem
No post  juros-101 ,  fiz uma breve explanação sobre os conceitos da curva de juros. Para quem não está familiarizado sugiro uma releitura, pois vou partir de algumas considerações lá definidas. Simplificando, a curva de juros mede o spread entre os juros de curto e a de longo prazo. É a compensação extra que os investidores exigem para que seu dinheiro fique por um período prolongado. O maior mercado de títulos do mundo está dando um sinal de que os investidores não podem ignorar. Quanto mais a tendência persistir, mais provável que seus efeitos possam se espalhar para os resultados dos bancos e para a economia real, ao mesmo tempo em que limitaria a capacidade do FED de responder quando esses riscos emergirem. Para ter uma ideia de quão dramática essa tendência tem sido, abaixo encontra-se uma serie de dados referente as curvas de juros relativos ao início de 2017. Os resultados mais recentes apontam para os níveis mais baixos em uma década. Diferença entre os ju