Peru no forno


O feriado de Thanksgiving é o mais importante dos EUA, certamente mais que o ano novo. Num Réveillon estava em Los Angeles com um casal de amigos que vivem naquele país. Na noite do Ano Novo fomos comemorar. O jantar como acontece com os americanos foi servido as 20h00, bem tarde este dia! Depois de beber e comer o relógio não passava das 22h30 e já não se tinha mais o que fazer. O casal sugeriu irmos embora. Foi quando eu perguntei “Não tem fogos de artifício”? Meu amigo sorriu e disse “Aqui todo mundo acorda cedo, mesmo no Ano Novo”.

Mas em Thanksgiving é costume reunir toda a família, situação rara para os costumes americanos, consequência de filhos que morarem espalhados pelo país. Como de praxe, nessa data os mercados ficam em banho Maria, da véspera até o final de semana. Porém, diferentemente daqui do Brasil, na sexta-feira de Thanksgiving o mercado funciona por meio dia.

Os americanos exportaram o conceito de Black Friday para o resto do mundo, mas acredito que o resultado não é igual ao de lá. Nos EUA, as vendas dessa data é uma antecipação das vendas de Natal, com uma significância bastante importante. Filas gigantescas se formam nos locais de venda na noite que antecede a sexta-feira. Através de cálculos comparativos, os investidores projetam como serão as vendas no final de ano. Isso tem falhado nos últimos anos em função da compras on-line. Estou mencionando isso porque na próxima sexta-feira, dependendo das primeiras estimativas, poderá haver algum impacto nas bolsas.

O que realmente importa nos EUA são os consumidores e se eles compram a economia vai vem. Uma comparação não mostra ainda a concretização das expectativas mais elevadas nesse segmento. Enquanto o índice de Confiança medido pelo Conference Board subiu de maneira substancial, o consumo real ainda não apresentou essa melhora.


O nível de Surpresas medido pelo Citibank encontra-se nos maiores níveis dos últimos 5 anos. Depois de ter atingido patamares extremante baixos há 6 meses, haja visto que naquela época havia muito ceticismo sobre a recuperação americana, agora os dados reais apontam para resultados mais animadores.


O próximo gráfico mostra quando a taxa de juros estará em 2% a.a. na opinião do mercado. Isso significa mais três altas de 0,25%. Considerando que a próxima de dezembro é dada, esse nível seria alcançado em novembro de 2018. Notem que há apenas um mês, correspondia a dezembro de 2019.


E antes de avançar no Peru literalmente, uma visualização da dívida dos países, em forma de bola, dá a real dimensão da dívida japonesa que é mais da metade da americana, sendo que seu PIB é de 1/4. E isso não se deve ao fato da dívida americana ser baixa, pois essa representa 32% do total enquanto seu PIB é de 25% com a mesma métrica.


No post riscos-frente, fiz os seguintes comentários sobre o Ibovespa: ...” anotei uma região de observação compreendida entre 69.000 – nosso stoploss - e 64.000. Nesse intervalo permanecermos sem posições, pois a correção poderia avançar nesse terreno, mas não é comum. Abaixo de 64.000, alguma coisa mais séria aconteceu, prefiro deixar para analisar caso ocorra” ... E foi praticamente nestas mínimas que o mercado reverteu.


- Boa David, agora podemos ficar tranquilos!
Primeiro lema de qualquer investidor, quando tiver posições nunca fique tranquilo, o mercado pode mudar e você vai ficar sonhando com lucros que sumiram. No caso em questão, não sei se estamos preparados para novas altas, pelo menos não já. No gráfico a seguir apresento minhas duas possibilidades.

No cenário (A) a bolsa teria uma queda que a levaria de volta aos níveis de 68.000; ou como meu amigo gostaria, já se encontra no movimento de alta que levaria a novos recordes (B). Pelo sim, pelo não, vou liquidar metade de nossa posição comprada mais recentemente.

- Opa David, você afinou?
Não! Se eu tivesse afinado teria vendido tudo. Não esqueça que nós temos duas posições no Ibovespa, uma mais antiga e outra mais recente. Estou só diminuindo o risco, pois esperava uma correção “ pequena” e ela foi “média”, sem ser a “ máxima”.

Se acabar acontecendo o cenário (A), que não significa uma mudança de direção de longo prazo, posso decidir entrar novamente. E se acontecer o cenário (B) ótimo, ainda possuímos bastante posição.  Cautela!

O SP500 fechou a 2.597, sem alteração; o USDBRL a R$ 3,2241, com queda de 1,06%; o EURUSD a € 1,1822, com alta de 0,72%; e o ouro a U$ 1.291, com alta de 0,86%.


Fique ligado!

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