Conflito de interesses
Como foi largamente anunciado, o presidente americano Donald
Trump escolheu Jerome Powell para presidir o FED. Uma matéria no Wall Street
Journal classifica a escolha como Mr.
Ordinary. Para tanto, diz que a escolha do comandante do FED nos últimos
anos, se divide em duas categorias: personalidades de comando como Paul Volker
e Alan Greespan, cujas visões sobre inflação e juros dominavam entre 1980 até
meados dos anos 2000; e os líderes de consenso, onde se encaixa Ben Bernanke e
Janet Yellen, que guiaram o banco central para decisões mais abertas diminuindo
o poder do presidente do FED.
Julgando Powell pelos seus 40 anos de carreira no governo,
justiça e bancos, é provável que se encaixa no último grupo. Sendo assim, o FED
deverá ser comandado da forma que vinha sendo desde a saída de Greenspan.
Essa continuidade deverá ser comemorada pelo mercado, que
odeia incerteza, e principalmente no FED. Além de satisfazer Trump que vem
dizendo aprovar a alta das bolsas e desemprego em declínio. Aliás, sobre esse
último ponto, tem estado bastante quieto. Acho que algum assessor deve ter
alertado que a taxa de desemprego já está bastante baixa e sua queda pode
complicar a inflação.
Mas Powell tem uma característica que o distingue e muito de
todos os outros presidentes do FED, é muito rico! A figura a seguir mostra o
patrimônio dos últimos mandantes dessa instituição.
Grande parte de sua fortuna foi feita no mercado financeiro
beneficiado pela alta das bolsas de valores, cujos mandatos ocorreram com
mercados em alta. Isso é uma caraterística que poderá levantar suspeitas onde
sua decisão é feita em causa própria. Por exemplo, se a inflação mostrar suas
garras no futuro, teria coragem de subir os juros de forma agressiva ou vai
preferir alongar para não afetar seus investimentos?
Essa situação leva a um potencial conflito de interesses, e
como se pode verificar nos números acima, seu patrimônio está classificado
entre os 0,1% da população mais rica.
O fato é que Trump novamente escolhe entre seus
colaboradores, o pessoal da turma de cima, e para eles pode ser difícil pensar
na turma de baixo!
Os dados de emprego foram publicados pela manhã. No mês de
outubro foram criadas 261 mil novas vagas, um pouco abaixo do esperado pelo
mercado - 300 mil. Esse resultado se contrapõe ao do mês anterior que foi muito
afetado pelos furacões. Um detalhe intrigante é que desse total, 89 mil
correspondem a garçons e barmen.
Não tão positivo foram os ganhos por hora, com crescimento
nulo no mês, o que ocasionou uma queda em bases anuais para 2,4%. Já a taxa de
desemprego está beirando os 4%, e isso poderia dar uma ideia de escassez de mão
de obra. Acontece que a queda foi consequência da saída de um grande número de
americanos do mercado de trabalho – 765 mil. O gráfico a seguir mostra o
incessante movimento neste sentido. Hoje são mais de 95 milhões que não estão
na força de trabalho. Haja Uber para justificar tanta gente fora do mercado formal
de trabalho!
No post persistir-no-erro-é-teimosia, fiz os seguintes
comentários sobre os juros de 10 anos: ...”
o mercado está “digerindo” este rompimento, negociando próximo do patamar de
2,42%. Isso comprova a importância desse nível” ... ...” Sempre existe a
possibilidade de o mercado voltar e sermos executado em nosso stoploss, porém
os indicadores que acompanho estão sólidos indicando que a direção é para cima”
...
Para quem usa análise técnica, os sinais dados pelo mercado
é o mais importante. Você pode começar um trade confiante que tudo indica no
sentido de um bom resultado. Mas isso pode não acontecer. Ao invés de ficar
p#@o e ficar se xingando, o melhor sempre é processar os movimentos. Por essa
razão, deve-se indicar o stoploss de início e não deixar para depois.
Muito bem, nosso trade parecia caminhar no sentido certo,
porém o nível de 2,42% foi violado, só que desta vez para baixo. No momento se
encontra a 2,34%, próximo de nosso stoploss.
Agora não temos muita margem de manobra, ou o mercado vira e
volta a subir, ou provavelmente seremos stopados. Se isso acabar acontecendo,
não significa que os juros caiam abaixo de 2%, como eu estava esperando alguns
meses atrás.
Pode ser que a correção continue de forma impiedosa e daqui
alguns meses veremos níveis mais elevados.
- David, se ficamos
p#@o quando stopados, na situação que você menciona, se fica p#@o ao quadrado!
Não é melhor ficar na posição?
Definitivamente não! O problema de não ser disciplinado
implica na tendência de virar torcedor. O mercado vai contra, você espera, vai
mais um pouco, você espera, e assim o prejuízo pode ficar muito maior do que
você desejava, isso tudo só para provar que estava certo.
Lembrem-se, não queremos provas que nunca erramos,
queremos acumular ganhos.
O SP500 fechou a 2.587, com alta de 0,31%; o USDBRL a R$
3,3130, com alta de 1,44%; o EURUSD a € 1,1607, com queda de 0,41%; e o ouro a
U$ 1.269, com queda de 0,46%.
Fique ligado
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