2018 está chegando
Os antigos leitores do Mosca
sabem que não gosto de previsões gregorianas. São dois os motivos dessa
rejeição: primeiro não vejo porque uma previsão para uma determinada data possa
se concretizar. Os eventos deveriam originar uma projeção e não uma data;
segundo, pelos conceitos de análise técnica, são os preços que determinam ações
e não o prazo.
Mas não tenho como confrontar essa tendência enraizada no
comportamento humano. Todo final de ano, os analistas publicam suas previsões
para o ano seguinte, e o Mosca não
vai fugir à regra, nos próximos dias estarei focado nessa tarefa.
Pouco se comenta se as previsões feitas no passado foram
alcançadas ou não. Apenas quando algum analista acerta na mosca. Essas situações
ocorrem normalmente quando esse acerto era contrário a maioria das previsões.
Hoje o Wall Street Journal publicou uma matéria comentando
sobre os erros cometidos pelos analistas em 2017.
Todos nós gostamos de lembrar nossos sucessos e esquecer nossas
falhas e em finanças não é diferente. À medida que os e-mails dos investidores
mais uma vez ficam entupidas com as previsões anuais dos “gênios” de Wall
Street, há pouca admissão da falha quase generalizada sobre as previsões deste
ano - mesmo os casos onde os analistas sugeriam cenários muito mais
interessantes do que suas previsões.
Há duas grandes lições para aprender com os erros de olhar a
“bola de cristal” de final de ano: A primeira quando todos concordam que os
preços só podem ir em uma direção, é perigoso; a segunda é mais heterogênea,
realmente sabemos muito menos sobre o funcionamento da economia do que
pensávamos.
No ano passado, quase todos estavam eufóricos com as
perspectivas de recuperação econômica, implicando em maiores rendimentos dos
títulos, dos preços das ações e do dólar, impulsionados pela elevação dos
salários e pelos planos de redução de impostos de Donald Trump.
Um ano se passou e a inflação não se materializou, a
discussão sobre impostos está atolada no Congresso, e quase todos os analistas
estavam errados. Os rendimentos dos títulos de 10 anos continuam baixos, o
dólar caiu, e o SP 500 performou mais do dobro que os prognosticadores mais
otimistas de Wall Street.
Os estrategistas balançam os ombros e repetem suas projeções
para 2018. Suas previsões até agora sugerem que a alta das ações continuará e
os rendimentos dos títulos finalmente começam a subir, é verdade, um pouco
menos do que pensavam antes.
Os cínicos observarão o que aconteceu no passado e se
perguntam se alguém está incomodado com esses erros. As previsões têm um histórico
constante de erros. Veja por exemplo os rendimentos dos bonds de 10 anos,
previu-se alta em todos os anos durante a última década, de acordo com as
previsões coletadas pela Consensus Economics. Mas elas caíram mais
frequentemente do que não. Mesmo quando subiram, os movimentos foram apenas temporários,
e nem perto do que estava previsto. ...”Esqueça o uso de um dardo para planejar
investimentos; em média, jogar uma moeda seria melhor” .... Comenta o Wall
Street Journal.
O mesmo vale para as ações. Apenas raramente a previsão
média dos estrategistas para o SP500 ficou perto do resultado real. Desde 2000,
mais da metade do tempo, o erro foi tanto de superestimar como de subestimar. O
retorno ocorrido, foi em uma magnitude superior ao retorno de longo prazo de 9%
do SP500.
Este ano tem sido um exemplo clássico. Os analistas
consideravam que as ações teriam uma performance positiva, pela redução dos
impostos anunciada por Trump, e alta da inflação, enquanto muitos também
previram mais volatilidade por causa da incerteza política e geopolítica. Eles
estavam errados, pelo menos até agora, sobre impostos e inflação. Mas as ações
subiram mesmo assim, parece que atiram no que viram e acertaram no que não
viram. Eles estavam certos sobre a incerteza política e geopolítica, mas a
volatilidade não aconteceu, ao contrário, continuou caindo.
A chave para o que deu errado na visão dos estrategistas foi
a falta de inflação, algo que a presidente do FED, Janet Yellen, descreveu como
um "mistério". Ao longo do ano, os investidores ficaram cada vez mais
convencidos de que a inflação ficaria baixa e derrubaria as taxas de juros e o
dólar, mesmo quando um crescimento econômico enxuto elevou os lucros e os
preços das ações.
O artigo termina de forma interessante ...”O forte consenso
é um sinal de alerta que vale a pena observar. Mas o valor nas publicações de
fim de semana do Wall Street vem da análise que elas contêm, e não dos preços
que preveem” .... Uma defesa em causa própria.
Previsões totalmente certas ou totalmente erradas tem o
mesmo valor para um investidor, pois nos dois casos pode se ganhar bastante
dinheiro. Basta na primeira apostar a favor e na outra apostar contra!
David, e como foi o
Mosca nas previsões?
De cara, o tema sugerido para 2017 não aconteceu, eu previa
uma alta da inflação que acabou não acontecendo. Mas diferentemente dos
analistas que ficaram presos a suas opiniões, o Mosca está preso ao bolso. Assim, conforme o mercado se moveu,
fomos adaptando as posições. Agora em relação ao tema é diferente, permanece
para o ano todo– Inflação: A Revanche.
Estou pensando se vou continuar sugerindo um tema para cada ano.
No post Bond-3017-uma-odisseia-no-espaço, fiz os seguintes comentários sobre
os juros de 10 anos: ...” como apontei, a
resolução final está próxima, acredito que até o Natal no máximo, o mercado nos
dirá se os juros estão mirando para 2,65% a.a. ou mais, ou se as forças que
comandam a queda, conforme descrevi no post riscos-frente, empurram os
juros na busca de novas mínimas. É verdade que nessa última hipótese, muita
agua vai rolar antes que isso aconteça” ...
Nesta semana, com o feriado de Thanksgiving, pouca coisa
mudou. Vou apresentar hoje um gráfico de mais longo prazo para que possam
observar melhor os cenários mais à frente.
Sem entrar em discussões de curto prazo de qual seria a
trajetória dos juros para chegar nesses pontos, tracei dois níveis de especial
interesse, que descrevo a seguir:
Altista – Para quem acredita que os juros subirão,
onde o Mosca tem sua preferência,
antes das taxas ultrapassarem 2,65%, nada se pode afirmar com convicção. Os
juros podem bater na porta e retornar, ou nem chegar. Agora ao passar, abrem-se
varais possiblidades, e dependendo de como isso acontecer “shape” vários targets são possíveis, sendo o mais visível de 3,15%
a.a., o que não seria nem um absurdo.
Baixista – Nesse grupo o nível de 1,85% é crucial. Da
mesma forma que a análise acima, o mercado poderá cair até 2% e depois
recuperar, subindo tudo volta e um pouco mais. Aponto também que abaixo de 2%
uma luz bem amarela se acende, fazendo o Mosca
ficar neutro daí em diante. Se rompido as chances de novas baixas aumentam
consideravelmente e o primeiro ponto a vista seria 1,35% a.a. – Deus me livre!
Nem quero pensar nesse cenário, pois alguma coisa de muito ruim deve acontecer.
Como essas situações extremas - > 2,65% ou < 1,85% - irão acontecer em 2018,
estou antecipando minhas previsões para o próximo ano. E diferente das
previsões dos analistas fundamentalistas, tenho duas opções. Estou certo que se
entregasse esses números aos fundamentalistas, cairiam na gargalhada com o
cenário de baixa. Eu prefiro manter os dois, pois ao invés de ouvir suas
previsões ouço o mercado! Compromisso com o bolso não com a opinião!
O SP500 fechou a 2.602, com alta de 0,21%; o USDBRL a R$
3,2329, com alta de 0,34%; o EURUSD a € 1,1930, com alta de 0,68%; e o ouro a
U$ 1.287, com baixa de 0,24%.
Fique ligado!
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