Euro: O acelerador da Alemanha
O projeto da moeda única levou em consideração uma situação
totalmente irreal. A fim de obter equilíbrio macroeconômico, é condição necessária
que a produtividade entre os países seja muito similar, caso contrário, um
câmbio fixo atuará como uma força deflacionaria naqueles países menos capazes
de se igualar.
Acontece que, num grupo onde existe uma país como a Alemanha,
isso não é possível, como comentei diversas vezes aqui no Mosca. Os Alemães têm uma capacidade de trabalho, conhecimento e
desenvolvimento muito superior aos seus vizinhos.
Nos anos de crise, principalmente ao redor de 2011, já se
discutia abertamente a saída da Grécia, além de algum país do chamado Club Med
– Itália, Espanha e Portugal. O presidente do ECB resolveu agir e embarcou na
política adotada por seu par, o FED, inundando a Europa com liquidez. Isso já
não bastasse, enveredou pelo caminho desconhecido de usar juros negativos para
incentivar as economias. Desde esta data, a Europa lutava para não entrar em
deflação. Como consequência, o euro sofreu uma queda de 25% em apenas 6 meses,
no segundo semestre de 2014.
Nesse quesito o ECB teve um sucesso parcial, pois essa
medida desesperada acarretou que, mesmo os títulos de países como a Itália cuja
a situação é mais delicada que seus pares, fosse negociado com juros
extremamente baixos e até negativos em alguns prazos de vencimento. Nem se
comentar a Alemanha onde praticamente todo o espectro dos juros encontra se em
território negativo.
Mas o mundo evolui e as condições de crescimento ficaram
mais positivas impulsionando mesmo os países mais debilitados da Europa. Dados
mais recentes continuam apontando neste sentido, a seguir os resultados
recentes publicados pelo Markit relativos a França.
Se a situação melhorou sensivelmente para esses países o que
dizer da Alemanha que quase não sofreu durante a crise e ao contrário foi
extremante beneficiada coma queda dos juros e principalmente do euro. Os dados
mais recentes apontam nessa direção como se pode verificar a seguir.
Em termos de mão de obra a pressão também já pode ser
sentida. O comentário do Markit apresentado a seguir assinala nesta direção.
Não se pode esquecer que enquanto alguns países ainda têm elevadas taxa de desemprego,
na Alemanha, o mesmo indicador, indica pleno emprego.
Eu suspeito que longe da Alemanha, e se aproximando da visão
europeia de Macron, o interesse próprio vai perceber que a Alemanha diverge
ainda mais da Europa, uma vez que, a necessidade política dita uma linha dura
alemã sobre novas exigências de austeridade e reforma sobre o resto da Europa.
Desde o início da estratégia adotada pelo ECB, o Bundesbank
sempre foi contra, mas foi contido pela debilidade da situação europeia. Agora
é diferente, seguramente haverá uma pressão desse banco central para que a
farra de juros negativos seja revertida rapidamente. A lembrança da hiperinflação
vivida nos anos 20, ainda faz parte da memória do povo alemão, que não admitiria
passar por algo semelhante novamente. Isso os torna muito mais cautelosos que
seus vizinhos.
A queda do euro, que teve efeitos positivos para países como
a Espanha, Portugal e França, no caso da Alemanha agiu como um acelerador. O
natural seria uma normalização da política monetária no velho Continente, mas o
receio é que isso poderia abortar a melhora nos países mais fracos.
A verdade é que a adoção de câmbio fixo é ruim para todos “One size fits all! ”. Sou um grande
crítico dessa política para o câmbio.
No post back-to-school, fiz os seguintes
comentários sobre o dólar: ...” apontei
duas possibilidades onde no caso (A), que tem minha preferência, espero mais
uma alta. Caso eu esteja correto, o dólar poderia atingir o nível de R$
3,43/3,45 ... ...” já o caso (B) indica que a queda estaria em curso rumo a
níveis inferiores a R$ 3,03, atingido em fevereiro de 2017” .... ...” caso a alterativa (A) vingue parece que um
triangulo estaria se formando, e nesses casos a maior probabilidade (67%) é que
rompa para cima. No caso (B) uma primeira violação do nível de R$ 3,23 já daria
uma boa indicação que o dólar deve cair, porém essa confirmação só acontece no
nível de R$ 3,20” ...
Passado uma semana não foi definido qual o caminho o dólar
seguirá, em todo caso, a alternativa destacada acima como triângulo foi
descartada, elevando a chance para o caso (B), mas que só fica definitivo
abaixo de R$ 3,20.
Não é por menos que o dólar esteja estacionado pelo terceiro
dia nesse nível, afinal é um vai ou racha no curto prazo, do ponto de vista
técnico. A não ser que o movimento se mostre mais complexo, acredito que nesta
semana teremos a definição. Até lá, só observamos.
Está semana fui convidado para diversos eventos. A partir de
amanhã até quinta feira, participo do “Brazil Opportunites Conferece”
organizado pelo JP Morgan, na sexta-feira farei parte do painel organizado pelo
escritório de advocacia Freitas e Leite sobre o “Futuro do Blockchain e Moedas
criptografadas”. Assim, não sei se vou postar todos os dias, talvez de forma
sucinta.
Os leitores serão recompensados, pois além de trazer novas
perspectivas sobre o Brasil, elaborei um estudo mais detalhado sobre as
cryptocurrencies e cheguei à algumas conclusões com bastante confiança. Se você
quiser saber o que o Mosca acha do
bitcoin, não perca o post da próxima semana. Não posso adiantar nada seria um “Inside Information”! Hahaha ....
O SP500 fechou a 2.602, sem variação; o USDBRL a R$ 3,2272,
com queda de 0,18%; o EURUSD a € 1,1896, com queda de 0,28%; e o ouro a U$
1.294, com alta de 0,94%.
Fique ligado
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