Delegando seus investimentos aos modelos #S&P500

 


Por que tantos investidores sucumbem às oscilações do mercado financeiro enquanto outros parecem dominar seus movimentos com precisão? A resposta não reside em acaso, intuição ou conexões privilegiadas, mas em método. O Mosca propõe uma reflexão desafiadora: e se você entregasse suas decisões de investimento a modelos sistemáticos? Trata-se de substituir o caos emocional por estratégias testadas, como o Trend Following e a Teoria das Ondas de Elliott, que buscam evitar o ciclo vicioso de comprar no topo e vender no fundo. Contudo, há ressalvas — alguns argumentam que seguir tendências pode ser uma aposta arriscada. Com base em três documentos analisados, o Mosca convida você a explorar essa abordagem e questionar seus próprios paradigmas.

 

A fragilidade humana no mercado: a necessidade de modelos

Considere o seguinte cenário: a bolsa entra em forte alta, a euforia toma conta, e você investe tudo, certo de que o crescimento é ilimitado. Pouco depois, o mercado colapsa, o medo prevalece, e você se desfaz de seus ativos com perdas, prometendo abandonar o jogo. Esse padrão é recorrente entre investidores guiados por instintos voláteis. O Mosca, com 45 anos de experiência no mercado, destaca essa vulnerabilidade com uma observação contundente: “o ser humano não é racional em todos os momentos, e é nessas horas que os modelos falham”. A lógica é válida, mas incompleta. Se nossa racionalidade é tão instável, por que não delegar o controle a sistemas que operam sem hesitação ou desespero? Modelos como o Trend Following e a Teoria de Elliott surgem como ferramentas para disciplinar nossas decisões.

O Mosca prioriza as Finanças Comportamentais em detrimento das Finanças Modernas, estas últimas baseadas em equações complexas que, embora sofisticadas, nem sempre capturam a realidade humana. Um exemplo é a Teoria das Ondas de Elliott, desenvolvida por Ralph Nelson Elliott na década de 1930, que interpreta os preços como reflexos do comportamento coletivo. Ela identifica ciclos de cinco ondas impulsivas, alinhadas à tendência principal, e três ondas corretivas, opostas a ela, frequentemente estruturadas por proporções de Fibonacci. Seu objetivo é claro: mapear pontos estratégicos de entrada e saída. Apesar de sua subjetividade gerar debate, o Mosca enxerga valor na capacidade de traduzir os padrões psicológicos do mercado em ações concretas.

 

Trend Following: a força da tendência sob escrutínio

Um estudo da Concretum Research intitulado “Trend Following em Ações: Ainda Funciona em 2025?”, oferece uma análise rigorosa. O Trend Following propõe uma estratégia objetiva: investir em ativos em alta e sair quando a tendência reverte. Testado em ações americanas de 1950 a 2024, o método define entradas na máxima histórica e saídas com um trailing stop baseado em volatilidade. Os resultados impressionam: um retorno anualizado teórico de 15,02%, superando o mercado (11,18%), com um Sharpe ratio de 0,85, indicando eficiência no risco-retorno. No entanto, os detalhes revelam desafios.

A Figura abaixo expõe uma dinâmica crítica: menos de 7% das operações geram todo o lucro. Isso significa que 56% dos trades resultam em perdas, compensadas por ganhos expressivos nos acertos. Sem custos, o modelo é promissor; com despesas reais — corretagem, slippage e juros —, o retorno cai para 2,45% em portfólios menores. A solução proposta, o Turnover Control, reduz ajustes desnecessários, elevando o retorno líquido a 12,97%.




O gráfico a seguir não deixa dúvidas da superioridade do modelo que comparado como retorno do indicie. “o Conceito ao Portfólio”, ilustra a superioridade do modelo teórico em crises como 2008. Fica notório que sua superioridade é alcançada nos momentos de queda, com recuos menores que a do mercado.




O Mosca questiona: você teria disciplina para suportar perdas frequentes à espera de retornos excepcionais? O Trend Following exige consistência e paciência, qualidades raras em um mercado volátil. No contexto brasileiro, onde os custos operacionais são elevados, a viabilidade torna-se ainda mais complexa. A decisão é sua.

 

O contraponto: os limites da tendência

Nem todos endossam o Trend Following com convicção. Um artigo do Wall Street Journal, publicado por Spencer Jakab, sob o título “This Investing Trend Is Your Friend Until It Isn’t”, traz um alerta. Focado no investimento em momentum, parente próximo do Trend Following, o texto aponta que comprar o que sobe funciona — até que deixa de funcionar. Desde 1994, um índice de momentum transformou US$ 1.000 em US$ 28.500, superando o S&P 500 em 71%. Porém, Jakab destaca que em períodos de baixo crescimento e inflação crescente, como os previstos para 2025 devido a tarifas, o momentum registra perdas anuais de 13,33%.




O autor vai além: altas intensas, como o de 30,53% até fevereiro de 2025, podem ser “junk rallies”, prenúncios de quedas abruptas, a exemplo da bolha tech de 2000. Se gigantes como as “Sete Magnificas” perderem força, a estratégia pode colapsar. Além disso, muitos investidores abandonam o momentum após revezes, o que, ironicamente, permite sua recuperação posterior. Esse ciclo expõe uma fragilidade que não pode ser ignorada.

 

Delegar ou não delegar?

O que resta dessa análise? Modelos como o Trend Following e a Teoria de Elliott não são imunes a falhas — dependem de interpretações e estão sujeitos a erros em cenários imprevisíveis. Ainda assim, superam amplamente decisões baseadas em suposições ou conselhos infundados. Para o Mosca, o verdadeiro diferencial está no stop loss inerente a esses sistemas: ao entrar em uma posição, se o mercado virar contra o modelo sinaliza a saída, protegendo seu capital de perdas catastróficas. Sem uma abordagem estruturada, você enfrenta o mercado desarmado; com um modelo, há uma barreira contra o pior. As figuras — 12, 13, do estudo da Concretum — reforçam essa lógica. Cabe a você decidir: confiar em um sistema ou arriscar-se ao sabor da intuição?

 

Análise Técnica

No post “ultimamente-vem-sendo-comentada”, o Mosca comentou sobre o S&P 500: “Tudo parece seguir conforme o estabelecido no post anterior. A bolsa já ultrapassou o primeiro limite de 5.743 e agora caminha rumo ao patamar de aproximadamente 5.800; aí será um bom teste. Se ultrapassar, ficarei cautelosamente mais otimista, mas ainda assim esperarei — observando o formato da alta.”




Minha desconfiança se mostrou válida: a alta reverteu para uma queda que ultrapassou a mínima de março, registrada em 5.538. Esse movimento me levou a revisar a correção da onda 4 azul, que se revela cada vez mais complexa. Com essa nova perspectiva, o índice pode enfrentar uma nova queda, projetada entre 5.450 e 5.400. Caso esse suporte não se sustente, objetivos mais baixos, possivelmente próximos de 5.300, podem ser considerados.




Em correções complexas, a melhor estratégia é a inação. Não adianta tentar antecipar o que ainda é incerto. O Mosca opta por permanecer sem posição, aguardando maior clareza no mercado.

Ontem, comentei que estava preparado para liquidar a posição em ouro: “Vamos caminhar com o dedo no gatilho”. No post anterior, “Estagflação(zinha)”, apresentei minha contagem e destaquei que o metal estava dentro de quatro ondas 5, em diferentes graus. Hoje, o ouro negociou dentro do meu objetivo, e decidi encerrar a posição. Desejo boa sorte a quem optar por continuar.

O S&P500 fechou a 5.663, com alta de 0,38%; o USDBRL a R$ 5,6815, com queda de 0,46%; o EURUSD a € 1,0791, com queda de 0,22%; e o ouro a US$ 3.110, com queda de 0,44%.

Fique ligado!

Comentários

  1. Respostas
    1. estou acompanhando o dólar para um trade. Como você acompanha sabe que tenho 2 possibilidades na reversão e o stop loss tem que ser curto, caso o trade não funcione. Esse é ocaso que comento de pegar a faca caindo, pode machucar ... um trade sem grande convicção por enquanto.

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  2. Invisto desde 1997, bem resumidamente,sigo 3 axiomas : 1) Cada posição tomada deve ter em vista o longo prazo ( mínimo de 3 anos,mas o ideal mesmo é pensar de 5 anos pra frente) 2)Toda nova posição de investimentos deve estar respaldada por outra posição já
    existente na carteira que tenha uma correlação inversa (exemplo: se vou investir em ibov,vejo quanto tenho de investimentos dolarizados,estimo a correlação ,e o tamanho da nova posição virá daí...se eu não tiver nada de dolarizado na carteira posso até entrar em Ibov,mas uma posição menor) 3 ) Nunca dar all in em nada,mesmo poupança ou LFTs

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  3. Acredito que a disciplina é fator preponderante no resultado de longo prazo. Vejo que você tem um modelo e segue a risca seus parâmetros, muito bom. Eu teria os seguintes pontos para você: qual o benchmark que usa? mediu a performance no tempo em relação seu benchmark? (essa ferramenta permite avaliar se seu modelo é bom ou tem que sofrer ajustes); usa stop loss? Esses 3 pontos devem completar seu modelo.

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    1. O benchmark eh o CDI...desde 2000 eu consegui bater o CDI,nestes anos todos a rentabilidade.media eh inflação + 9%...eu invisto como se fosse um multimercado,então só de escapar de taxa de administração e performance,além do come-cotas,ajuda muito....meus stops são subjetivos,por isso analiso muito antes de entrar numa posição,e sempre visando o longo prazo....se as condições que me deram entrada mudam radicalmente eu posso zerar a posição,mas eh difícil acontecer...gosto também de analisar para entrada em posições,os gráficos de longo prazo ,aqueles gráficos de decadas

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