Dois gigantes, dois caminhos #OURO #GOLD #EURUSD
Há um movimento silencioso — mas decisivo — reconfigurando o eixo econômico mundial. De um lado, a Índia, celebrada por investidores e governos ocidentais como a nova estrela do crescimento global. Do outro, a China, que vive o início de um processo de desacoplamento financeiro e tecnológico, resultado direto do excesso de controle estatal e do colapso de confiança entre empresas e governo. É a história de dois gigantes populacionais que escolheram caminhos diametralmente opostos — e o contraste entre eles.
A Bloomberg observa que a Índia conseguiu transformar sua demografia em
vantagem estratégica. Enquanto o Ocidente debate o risco da IA substituir
empregos, o país asiático vem atraindo investimentos justamente por seu capital
humano, com uma população jovem, falante de inglês e com custo competitivo. O
artigo ressalta que empresas globais como Amazon, Microsoft e Nvidia estão
redirecionando parte dos investimentos em tecnologia e data centers para o
território indiano — não por altruísmo, mas por segurança.
Em contraste, o economista Robin Brooks descreve a China como um caso de
“autossuficiência forçada”. Depois de duas décadas de crescimento ancorado em
exportações e crédito farto, o país enfrenta fuga de capitais e desacoplamento
financeiro. O yuan perdeu a confiança dos mercados internacionais, e as
reservas estrangeiras — embora robustas — já não são suficientes para reverter
a maré de desinvestimento. O sistema financeiro chinês, cada vez mais fechado,
lembra uma fortaleza que protege, mas também sufoca.
A diferença vai além dos números. O modelo chinês baseia-se na ideia de que o
Estado sabe o que é melhor para o mercado — uma crença que funcionou enquanto
havia crescimento acelerado. Mas o mesmo controle que sustentou o “milagre
chinês” agora inibe inovação e consumo. Empresas privadas se tornaram apêndices
do Partido; investidores estrangeiros foram substituídos por estatais; e a
juventude urbana, que antes representava a ascensão social, hoje enfrenta
desemprego recorde. A economia chinesa envelhece.
Já a Índia, com todas as suas contradições — desigualdade, burocracia,
infraestrutura precária —, parece ter entendido algo fundamental: liberdade
econômica não é um luxo, é um ativo. Seu avanço em serviços digitais, fintechs
e tecnologia aplicada a saúde e educação cria um terreno fértil para
crescimento de longo prazo. O país de Modi pode não ser uma democracia plena,
mas soube vender ao mercado a imagem de estabilidade e previsibilidade — dois
bens escassos no mundo atual.
O Mosca vê nesse contraste algo mais profundo: uma inversão de papéis
históricos. Durante décadas, a China foi o exemplo de eficiência e pragmatismo,
enquanto a Índia era sinônimo de lentidão e caos administrativo. Hoje, é a
China que parece prisioneira da ideologia, enquanto a Índia adota o pragmatismo
que antes evitava. A consequência é clara: o capital global está migrando para
onde o crescimento é orgânico, não fabricado.
No fundo, o que está em jogo é confiança. A Índia oferece imperfeição com transparência;
a China, perfeição com opacidade. E os mercados, no fim, sempre preferem a
primeira. O investidor não teme o erro — teme o segredo. E a China, desde o
episódio do desaparecimento de executivos até o fechamento de dados oficiais,
tornou-se especialista em segredos.
Mas há um paradoxo incômodo: a Índia cresce com capital estrangeiro, mas ainda
depende da demanda chinesa para boa parte de suas exportações industriais. O
“grande desacoplamento” é, por ora, mais financeiro do que produtivo. A teia
global de cadeias de suprimentos ainda passa por Xangai. O Ocidente pode
deslocar fábricas para Bangalore, mas as máquinas continuam sendo chinesas.
Ainda assim, o movimento parece irreversível. A Índia se tornou a nova aposta
da globalização, enquanto a China ensaia um retorno ao isolacionismo. O século
começou com o “Made in China” dominando o mundo; talvez termine com o “Serviced
in India” moldando o futuro.
No balanço final, o contraste entre os dois gigantes revela uma lição
universal: a prosperidade não depende apenas de tamanho, mas de confiança — e
essa não se fabrica.
Apesar da desaceleração e da fuga de capitais, a Bloomberg observa que Pequim
tenta preservar sua influência global pelo caminho tecnológico. O governo
chinês transformou a inteligência artificial em um projeto de soberania — a
chamada 'Sovereign AI' —, tratando a autossuficiência em semicondutores, data
centers e modelos de IA como uma questão de segurança nacional. A corrida
chinesa não é apenas por eficiência, mas por poder. O Estado injeta capital via
fundos soberanos e programas dirigidos, substituindo o investimento privado por
uma política de centralização tecnológica. É uma estratégia que reflete o medo
de perder o domínio geopolítico diante do avanço americano e do surgimento de
um novo eixo produtivo na Índia.
Mas o otimismo tem um
contraponto incômodo. A Bloomberg lembra que a inteligência artificial também
começa a corroer o modelo indiano baseado em serviços digitais e força de
trabalho abundante. A própria Amazon, símbolo da nova economia, anunciou cortes
de centenas de postos na Índia em áreas de suporte e curadoria de conteúdo,
substituídos por sistemas de IA generativa. A ironia é evidente: o mesmo país
que se vende como 'porto seguro' da revolução tecnológica pode ver essa maré
engolir a base do seu sucesso — o capital humano. Como mostra o gráfico abaixo,
o avanço da automação ameaça milhões de funções de médio valor, especialmente
nos setores de TI e serviços empresariais. A Índia, portanto, pode ser a
próxima vítima da eficiência que tanto celebra.
Análise Técnica
No Post “a-ic-inteligencia-concentrada” fiz os seguintes comentários sobre o ouro: “O ouro
acabou rompendo o nível de US$ 4.008. Na janela de quatro horas é possível
identificar cinco ondas, mas ainda prefiro observar esse movimento na janela
diária, pois na menor ainda há dúvida. Para isso, o preço precisa negociar
abaixo de US$ 3.884. Vamos aguardar mais um pouco antes de um call de venda”
Eu analisei melhor numa janela de 2 horas e tudo indica que forma completadas 5 ondas que é representado pela onda (1) vermelho abaixo. Nessa hipótese o metal deveria retroceder até algum nível apontado no retângulo: U$ 4.068 / U$ 4.125 / U$ 4.184. Fiquem atentos para uma eventual sugestão de venda.
Em relação ao euro meus comentários foram: “A moeda única se manteve firme após a reunião do Fed, quando Powell deixou implícito que novas quedas de juros dependerão dos dados, e que isso ainda está longe de ser certo. No entanto, o movimento não foi suficiente para romper o nível de € 1,1542”
O euro rompeu o nível de € 1,1542 e tudo indica que uma sequência de 5 ondas está em curso cujo primeiro objetivo seria em € 1,1542.
- Ei David, afinou? Por que não sugeriu uma venda?
Sabia que você iria me
cutucar e por essa razão destaquei acima “tudo indica”. O euro segundo minha
contagem está dentro de três correções de maior grau. Não sei como pode se
desenvolver essa sequência se uma queda em 5 ondas ou uma correção mais complexa.
Prefiro agir no ouro se surgir a oportunidade.
Hoje a publicação será
mais cedo por motivo de viagem.
O S&P 500 (as
12h00) estava a 6.752, com queda de 0,64 %; o
USDBRL a R$ 5,3519 com queda de 0,14%; o EURUSD a € 1,1519, com alta de 0,24%; e
o ouro a U$ 3.979, sem variação.
Fique ligado!
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