Será fogo de palha?

Na semana passada, no post não-brinque-com-fogo, procurei dar uma visão sobre as perspectivas para as taxas de juros nos USA, lá também, externei minhas dúvidas sobre a visão do mercado que as mesmas só podem subir no curto prazo.

Um analista frequente das minhas leituras, Lance Roberts, tem uma argumentação baseada em dados que coloca este movimento de alta em cheque, vejamos: ...Embora tenha havido algumas melhorias econômicas comparadas com os níveis recessivos, os dados atuais sugerem que a economia atingiu um pico relativo a recente expansão. O painel abaixo mostra a taxa anual dos rendimentos, emprego, produção e do PIB...



...Os dados quadrimestrais, quando vistos na comparação de um quadrimestre sobre o próximo,  pode apresentar alguma melhora, entretanto estas retrações só podem ser vistas como temporárias. Quando você observa os gráficos acima, parece evidente que esta expansão terminou em 2011"... 

Por outro lado as empresas estão com lucros recordes, e os mesmos foram alcançados as custas do trabalhador americano.


O uso da tecnologia, aumentos de produtividade e salários baixos, elevaram o lucro por empregado a níveis históricos. Esta capacidade de gerar rentabilidade pela redução da força de trabalho e aumento da produtividade, é o principal fator para que o emprego não cresça como o esperado. O grande problema é que esta estratégia é finita e é bem provável, pela tendência de enfraquecimento dos dados subjacentes, que estamos no término deste ciclo econômico e não no início.

Quando você tem uma economia que cresce abaixo de 2% a.a, o desemprego permanece elevado e o crescimento dos salários fracos, a subida de juros, principalmente quando ocasionadas por influências artificiais, é historicamente uma maldição.


A elevação dos juros impacta negativamente os resultados das empresas, eleva seus custos de empréstimos, reduz investimentos produtivos, diminui o setor imobiliário e reduzem o consumo. Com a economia e a inflação caindo, é improvável que as altas de juros recentes vão perdurar por muito tempo. Como pode ser visto no gráfico acima, juros acompanham de perto a direção e o sentido da economia e da inflação.

Uma das principais razões em que os investidores são apanhados em crises, é devido análises de economistas com visão de curto prazo.

As colocações feitas por Roberts são baseadas em tendências de longo prazo, como pode ser visto pelo seu banco de dados, mitigando assim argumentos do tipo "helicópteros", e merecem uma reflexão. Estou adicionando um link us-potential-gdp-growth-lowest-since-ww2, elaborado pelo economista do Banco JPMorgan que chega a conclusões semelhantes a estas aqui colocadas.

Parece que minha dúvida crucial vai permanecer por mais algum tempo e neste meio tempo os gráficos serão de grande ajuda, para dar algumas pistas do que podemos esperar para o futuro.

O gráfico a seguir, que não tem nada a ver com o assunto de hoje, é interessante, ele mostra como evoluiu a população americana desde 1900, por faixa de idade. Que a expectativa de vida crescesse, era de se esperar, que houvesse um aumento dos mais jovens durante os anos 50 na época dos baby boomers, também, mas que ficará quase uniformemente distribuído em 2050 surpreende, vocês não acham? 


O SP500 fechou a 1.646, com queda de 0,59%; o real a R$ 2,4144, com alta de 0,92% com mais um dia de pressão sobre os emergentes; o euro a 1,3338, sem variação e o ouro a US$ 1.366, com queda de 0,68%.
Fique ligado!

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