Jantar com os amigos #USDBRL

 



Hoje se inicia um novo semestre. Passada metade do ano, as pessoas comumente fazem um balanço de seus investimentos. Para nós brasileiros, qualquer ativo, com exceção do CDI, foi horrível. Nem adianta se lamentar com algum conhecido que vive no exterior, pois ele, ao saber dos resultados brasileiros, vai se sentir mais confortável e pensará: *não foi tão ruim*. Enquanto isso, você pode se sentir mais deprimido. Fiz um resumo a seguir dos principais indicadores: câmbio, juros e bolsa, e em todos ficamos na dianteira negativa. Podemos afirmar que o governo merece um zero com louvor!




Já os americanos devem estar felizes da vida, afinal as bolsas subiram. Mas por lá nem todos podem se sentir assim. Quem investiu em ETF do S&P 500 e Nasdaq “tradicionais”, os que são ponderados pelo valor de mercado, estão bem. Agora aqueles que se levaram por argumentos de que: *existe muita concentração em poucas empresas grandes, o P/L das empresas pequenas está barato*, etc., e portanto investiram no S&P 500 igualmente ponderado, não terão uma boa surpresa. Charley Grant comenta no Wall Street Journal, cujo título é sugestivo: *Não tem Nvidia no seu portfólio? Perdeu! *

O entusiasmo pela fabricante de chips, cujos produtos são vistos como essenciais para alimentar a tecnologia de IA, continuou crescendo durante o segundo trimestre. A Nvidia relatou vendas e lucros em maio que superaram as expectativas de Wall Street pelo quinto trimestre consecutivo. As ações subiram 37% no segundo trimestre e acumulam alta de 149% no ano.

Grande parte do restante do índice ficou estagnada. A média das ações dentro do S&P 500 subiu 4,1% este ano, enquanto o índice amplo subiu 14,5%. Esse é o desempenho mais negativo desde pelo menos 1990, de acordo com os dados do mercado da Dow Jones. Seis dos 11 setores do índice caíram no segundo trimestre, incluindo finanças, energia e indústrias.

A divergência fez com que alguns investidores de valor desistissem.

*"Não conseguimos acompanhar porque não possuímos Nvidia",* disse Max Wasserman, cofundador e gerente sênior de portfólio da Miramar Capital. *"Se você não possui essa única ação, realmente dói. Cada dia parece um tratamento de canal sem anestesia."*

Os investidores estão se preparando para a volatilidade na segunda metade do ano. Eles continuam esperando que o Federal Reserve se mova para cortar as taxas de juros antes do final de 2024, e as ações podem cair se essa esperança se mostrar prematura. A eleição presidencial significa que a política governamental é incerta em categorias-chave como impostos e energia. A performance hesitante do debate do Presidente Biden na semana passada pode tornar as águas ainda mais turvas. E os analistas de Wall Street esperam um forte crescimento dos lucros corporativos, que pode não se materializar.

A Nvidia foi a maior ganhadora dentro do S&P 500 no ano passado e mais do que triplicou seu valor nos últimos 12 meses. Seu valor de mercado atingiu US$ 3 trilhões em junho, menos de quatro meses depois de atingir a marca de US$ 2 trilhões.

O grupo de grandes ações de tecnologia conhecido como as Sete Magníficas—Nvidia, Microsoft, Apple, Amazon.com, Meta Platforms, Alphabet e Tesla—é responsável por 60% do retorno total do índice este ano, até quarta-feira, de acordo com os índices S&P Dow Jones.

Os investidores se aglomeraram nas grandes ações de tecnologia em parte porque estão aumentando seus lucros mais rapidamente do que o restante do mercado.

**Faz sentido para mim que estejamos concentrados em muitas dessas apostas em IA porque é onde as pessoas sentem que há crescimento secular",* disse Julie Biel, estrategista-chefe de mercado da Kayne Anderson Rudnick. *"Mesmo que você faça um ótimo trabalho no resto do portfólio, se não estiver superexposto no mesmo lugar, você está simplesmente perdido."* Comentário meu: deve estar lendo o Mosca! Hahaha ...

Os analistas de Wall Street projetam que as empresas do setor de tecnologia da informação do S&P 500 aumentarão os lucros em 16% no segundo trimestre em relação ao ano anterior, de acordo com a FactSet, enquanto os lucros no grupo de serviços de comunicação—que abriga empresas como Alphabet e Meta—devem crescer 19%. Os analistas projetam um crescimento geral de menos de 9% para o S&P 500.

Uma perspectiva econômica nebulosa é uma razão pela qual a maioria das ações está contida, disse Biel.

O índice blue-chip Dow Jones Industrial Average avançou 3,8% este ano. O Dow Jones Transportation Average, que rastreia 20 grandes empresas dos EUA em indústrias como transporte rodoviário e ferroviário, caiu 3%. O índice Russell 2000 de empresas pequenas e médias está pouco alterado.

A inflação foi mais persistente do que a maioria dos investidores esperava no início do ano. O Fed manteve as taxas de juros estáveis até agora este ano; muitos em Wall Street esperavam que o Fed cortasse as taxas até seis vezes quando o ano começou.

Mas os preços aumentaram a uma taxa mais lenta recentemente, aumentando as esperanças em Wall Street de que os cortes nas taxas finalmente se materializem. O índice de inflação preferido do Fed permaneceu inalterado em maio em relação ao mês anterior, informou o Departamento de Comércio na sexta-feira.

Embora o forte rali da Nvidia tenha trazido memórias da era das pontocom, alguns investidores disseram que não há uma bolha se formando no mercado desta vez.

*"Houve alguma diferenciação por parte dos investidores",* disse James Hagerty, CEO da Bartlett Wealth Management. *"Algumas ações foram muito atingidas quando os lucros foram muito bons, mas não atenderam às expectativas."*

As ações da Nike caíram 20% na sexta-feira depois que a fabricante de roupas reduziu sua previsão de receita. A fabricante de chips Micron caiu 7,2% na quinta-feira após revelar uma previsão de vendas que desapontou os investidores.

As ações das Sete Magníficas são negociadas a uma média de 37 vezes seus lucros esperados nos próximos 12 meses, de acordo com a FactSet. O S&P 500 é negociado a 21 vezes.

Os investidores disseram que a Nvidia pode continuar subindo enquanto as vendas e lucros continuarem superando as expectativas. Mas as altas avaliações deixaram a fabricante de chips com pouco espaço para erros.

*"Meu palpite é que quando a Nvidia voltar à terra, vai ser rapidamente",* disse Brian James, sócio-gerente e diretor de investimentos da Ullman Wealth Partners.

Um outro artigo publicado por Jon Sindreu, também no Wall Street Journal, no qual acaba enfatizando as mesmas conclusões acima, mostra também a performance dos vários setores da economia. E nada mais claro que a visão sobre quem tem a “carteirinha”, ou seja, as empresas que se beneficiam da IA, assunto amplamente coberto durante o primeiro semestre. A ilustração abaixo mostra em quais setores o mercado acredita no momento, aqueles que serão beneficiados e os outros.




Para finalizar, observando as diversas categorias entre: ações, commodities e renda fixa, nitidamente o mercado optou pelos investimentos de risco orientado por economias em geral em crescimento vis-à-vis o segmento da renda fixa, onde os bancos centrais, na sua grande maioria, ainda estão em compasso de espera para reduzir os juros.




Naquele jantar com os amigos, onde seguramente o assunto será seus investimentos, quem não está bem-posicionado vai ficar num dilema depois que sair do jantar: manter a posição atual, afinal está mais barato ainda, ou comprar Nvidia e seus pares e fechar os olhos até 31/12? Situação difícil. É natural que em algum momento a Nvidia deve “perder” valor para outras empresas. Esclareço: perder ou as outras subirem mais, lógico, para quem tem ou ganhou a “carteirinha”. Se esse momento chegou ou ainda está distante, ninguém sabe.

Outra surpresa que pode acontecer será o Fed ser mais agressivo na queda dos juros, lógico pelo bom motivo de a inflação estar mais controlada e não porque a economia piora. É provável que as empresas pequenas e medias sejam beneficiadas. Mas será que uma queda de 100 pontos – estou exagerando, quando observado o que está precificado no mercado – vai fazer tanta diferença assim?

Um detalhe nesse jantar entre amigos: o pessoal resolveu nem convidar seu amigo brasileiro. Ficaram com pena! Quanto ao rumo que as bolsas podem tomar no segundo semestre, vai depender de qual cenário irá ocorrer – de acordo com a visão técnica do Mosca. Prefiro não fazer nenhum prognóstico neste momento.

No post **nunca-mais** fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ... *“Estou acompanhando duas formas distintas para esse movimento de alta que culminam numa mesma região. É provável que a onda IV laranja esteja em curso, o que poderia levar o dólar até o nível de R$ 5,3364 / R$ 5,3264 para em seguida rumar para R$ 5,53 / R$ 5,55, a ser mais bem calculado à frente”...




O dólar acabou ultrapassando os níveis acima com uma certa facilidade, o que coloca uma das contagens como mais provável. Mesmo assim, paira uma dúvida que destaco abaixo no retângulo. Já havia colocado anteriormente essa questão e, para rememorar, seria onde colocar a onda IV verde: onde está ou mais à frente, onde se encontra a onda 2 laranja? A diferença será na extensão da alta. Mas no curto prazo vamos deixar isso de lado e nos fixar num ponto importante. Para que a alta ganhe tração, duas coisas devem ocorrer: a) ultrapassar com folga o nível de R$ 5,57 e, principalmente, R$ 5,80. Em acontecendo, o objetivo de R$ 6,37 fica mais assegurado. O gráfico semanal a seguir destaca todos esses pontos.




- David, você estava certo e não ganhamos nem um centavo! Está arriscado a perder o emprego. Hahaha ...

Na área de investimentos eu busco ondas 3 e tendo a me afastar de correções. É um estilo, certo ou errado, e da forma que atuo. Os mercados brasileiros têm sido desafiadores, não tendo claro um movimento de alta (ou baixa) consistente. Embora eu seja brasileiro, não tenho obrigação e necessidade de me limitar, afinal hoje em dia se pode operar em ativos internacionais daqui.

Já que você está me questionando, deixa eu te dizer que caso o dólar não ultrapasse o nível de R$ 5,57 e haja uma retração mais forte, é possível que a grande correção (onda IV verde) esteja em curso, mas não vou entrar nisso agora.

Falando sobre dívida e juros, o gráfico abaixo mostra a situação em que nos encontramos: uma dívida pública dentro do padrão e um custo, o maior do mundo. Não fique animadinho achando, como o Lula, que dá para cortar os juros. O motivo de tal discrepância é o fato de que o mercado espera uma aceleração direta na dívida em relação ao PIB.




O SP500 fechou a 5.475, com alta de 0,27%; o USDBRL a R$ 5,6532, com alta de 1,07%% ‑ com essa alta elimina a dúvida que comentei acima. A verdade é que o câmbio está ganhando uma dinâmica perigosa e acredito que a qualquer momento o BC vai atuar; o EURUSD a € 1,0737, com alta de 0,22%; e o ouro a U$ 2.331, com alta de 0,26%.

Fique ligado!

Comentários

  1. Essa foi rápida em Davi, seu post com as possibilidades do dólar ("caso o dólar não ultrapasse o nível de R$ 5,57") ficou obsoleto rápido demais, está horrível ser brasileiro, ruído infernal, essa turma sangue suga não cansa de tirar a paz do povo que trabalha duro.
    Todo mundo diz que a bolsa BR está descontada, o duro é saber até aonde vai ficar.

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    1. Vicente se você acompanha meu post sabe que de longa data tenho uma visão de alta para o dólar, não porque eu "ache", mas pelo que os gráficos me apontavam. Demorou bastante para ocorrer, mas quanto a isso essa ferramenta é pouco precisa. Está ocorrendo agora e as projeções são salgadas... Quanto as razões, aprendi que ex post sempre existem, mas o melhor ensinamento é que a análise técnica ajuda muito na gestão de um portfolio.

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    2. O acompanho de longa data, e gosto do seu trabalho, mas recentemente (2022) por intermedio so Sérgio Machado, há algum post com a sua trajetória no mercado? gostaria de entender a razão de suas visões

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    3. Vicente se entendi sua pergunta você pode ver minha trajetória no perfil do Linkedin, agora como associar a minha visão posso te adiantar que as projeções que faço é fruto da análise técnica, especificamente a Teoria de Elliot Waves

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  2. O motivo da discrepância é que o BC, em jogo duplo com o mercado, quer penalizar o governo pelo fiscal ruim. Se tivéssemos um BC sério, ele estaria defendendo a nossa moeda desse ataque especulativo. Se o BC tivesse feito a defesa dos R$ 5,00, ainda no governo Bolsonaro, teria ficado mais próximo de 4,5 quando houve aumento do juros e recuperação da balança comercial.

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    1. Não sei seu nome por isso vou me referir como "Anônimo". Não concordo mesmo com seus argumentos, atuar no câmbio para buscar acalmar quando existem problemas fundamentais é um desastre. Todas as experiencias falharam. Como um exemplo recente veja o caso do Japão (país de primeiro mundo com moeda muito mais crível que a nossa), atuou recentemente vendendo U$ 42 bilhões, e menos de 3 meses depois já está beirando os 162 yens (note que o BOJ "ameaçou" atuar acima da linha de 160, mas acabou não fazendo nada, e considere que suas reservas em dólares, é superior a U$ 1,0 trilhão!). Simplesmente não funciona. Nosso BC é excelente no meu ponto de vista, mas está tendo que remar contra a mare. Mas tudo isso pouco importa como investidor, real intenção do Mosca, como costumo enfatizar o compromisso é com o bolso!

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