FED em travessia perigosa

Antes de iniciar o assunto de hoje, queria fazer um breve comentário sobre a formação do Banco BRIC'S. No post de ontem, eu publiquei que um brasileiro seria escolhido como Presidente desta nova instituição, porém na última hora, foi o indiano escolhido para o posto. Nem este prêmio de consolação nós ganhamos, ficamos com o ônus da capitalização e nenhum cargo de destaque. Mas tudo bem, pois segundo informações dadas aos jornalistas, para o Brasil foi melhor, uma vez que indicará a próxima Presidência, quando a capitalização deste Banco estará completa. O detalhe que será daqui há 5 anos, acho que aprenderam com o Felipão, quando disse que o 4º lugar da Copa do Mundo, foi um ótimo resultado.

Algum dia os juros terão que subir nos USA, isto parece ser uma afirmação que inegável. Recentemente os analistas acreditam que deverá ocorrer daqui a 1 ano, no 2º semestre de 2015. Vamos assumir como verdadeira esta hipótese, a próxima pergunta que surge é, qual impacto terá nos mercados? Embora a situação que vivemos seja única, Lance Roberts realizou um estudo analisando qual foi o impacto  nos mercados e na economia, as elevações de juros feitas pelo FED.

A assunção básica do mercado é que, uma normalização dos juros dará continuidade na alta das bolsas, uma vez que o crescimento se fortalece. Embora pareça uma premissa lógica, será que este é o caso? Roberts analisa dois períodos bem distintos da economia americana, primeiro entre 1950 a 1980. Como pode-se ver no gráfico abaixo, o PIB cresceu a uma taxa de 7,55%, quando o total de dívidas era de 150% do PIB. O fator crítico a notar, é que neste período o crescimento nominal subiu de 5%  para terminar perto de 15%.

Já o período iniciado em 1980, a mudança de uma economia de manufatura e produção para uma de serviços e finanças, foi responsável por esta transformação. A diminuição da produção foi exacerbada pelo aumento de produtividade e avanços tecnológicos, além da terceirização. Todos estes fatores contribuíram para a queda nos salários. Diferente do período anterior a 1980, onde houve um ambiente econômico de crescimento; após 1980 a economia passou por um declínio suave. Mais importante do que analisar o crescimento médio, deve-se analisar a tendência, que foi declinante.

É natural supor que a autoridade monetária baixe os juros quando a atividade econômica cai e depois de um tempo subir novamente, quando as coisas se normalizam. O gráfico a seguir mostra o impacto de quando o FED subiu os juros contra o SP500, as linhas pontilhadas em azul são momentos onde a subida de juros coincidiu com um pico no mercado de ações.


Não deveria ser surpresa que a alta de juros tem um impacto negativo nos mercados, pois sobem os custos operacionais, que desembocam em uma diminuição dos lucros.

A tabela a seguir mostra a história da elevação dos juros pelo FED, do mês da primeira alta num período médio de 3 meses até o surgimento de uma recessão, correção na bolsa ou ambos.


Destes resultados pode-se fazer algumas assunções sobre o mercado atual, se considerarmos que o FED comece a subir os juros em 2015.

A média em meses da primeira alta ate a próxima recessão é de 42 meses, com uma mediana de 35 meses. Se tirarmos os períodos extremamente longos, esta média cai para 28 meses. Considerando o fato de o ciclo econômico atual durar 60 meses, e tem sido bastante fraco, o mais longo depois da II Grande Guerra. É possível que 28 meses seja muito elevado. Assim é de se esperar que no final de 2016 uma correção ou recessão seja provável.

Mais importante frisar que, o número de vezes em que o FED subiu os juros sem um impacto negativo na economia ou nos mercados, é zero!

Duas importantes conclusões pode-se tirar deste estudo: Primeira, existe uma percepção que os mercados só podem subir, o que pode ser bastante perigoso; e a segunda é que resultados passados não são garantia de resultados futuros.

Não mudo uma vírgula do que já publiquei sobre o euro, no último post estatização-do-futebol comentei: ..Meu cenário preferido (P) é que aconteça ainda uma pequena alta, até os níveis sugeridos, para então entrar numa posição de venda do euro ....Minha segunda alternativa (B), aconteceria a queda sem que aqueles níveis fossem atingidos (1,375/1,38). Assim, eu antevejo um target muito "curto" 1,34 ou 1,325. Além do mais, só deveria vender quando 1,35 fosse rompido. Nesta situação, não vou fazer nada ... Desde então, a alternativa (B) parece aumentar a sua chance.


Como havia comentado, somente abaixo de 1,35 o cenário (B) prevalece, ate lá, pode ainda ter uma reversão, o que parece pouco provável. O shape desta queda não é muito convincente para eu assumir que estamos a caminho dos 1,10, e como vocês tem acompanhado, o euro não é flor que se cheire, tem aprontado bastante para quem se aventura. Vamos ver, o que acontece até minha volta, mas se por um passe de mágica ele subir até 1,375/1,38, vale uma venda.

O SP500 fechou a 1.981, com alta de 0,42%; o USDBRL a R$ 2,2221, com alta de 0,11%; o EURUSD a 1,3524, com baixa de 0,35%; e o ouro a US$ 1.298, com alta de 0,27%.
Fique ligado!

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