O Mosca perdeu a razão? #SP500

 


Um leitor, ex-colega (e amigo) vem questionando algumas posições do Mosca e mandou a seguinte mensagem relativa ao post da última sexta-feira a-Coca-Cola-do-mercado-de-ações, onde externei minha posição otimista sobre as ações da Nvidia: “Mercado está caríssimo, na minha opinião e Nvidia é uma bolha, se não for uma fraude .... certeza posso estar errado”. Macaco velho que é, sua última frase é a salvaguarda que todo investidor experiente coloca, afinal quantas não foram as vezes que mordemos a língua!

Esse leitor não usa análise técnica — até onde eu saiba —, e realmente está absurdamente cara sob o critério fundamentalista, como se poderá ver mais adiante. Eu entendo perfeitamente seus argumentos e concordaria 100% se essa fosse a maneira que eu analiso r os mercados. Também sei que quem não usa a análise técnica tem muita dificuldade em aceitá-la, já passei por isso no passado.

Como fica o Mosca numa situação em que o técnico é diametralmente oposto ao fundamento? Fico com o primeiro, com muita cautela.

Estou à procura de uma tema para 2024 e fiquei tentado a usar a Sete Magnificas, fugindo um pouco do econômico. Ainda tenho alguns dias para decidir.

John Authers comenta na Bloomberg sobre um plano de perda de peso para os Sete Magníficos – será que vai sugerir o Ozempic? Hahaha ...

Na questão do peso, querer é poder: como equilibrar o Medo de Perder o Bonde contra o excesso nas mesmas gigantes de tecnologia que distorcem o índice.

FOMO e as Magníficas

Como resolver um problema como as Sete Magníficas? A sigla do ano se aplica às sete grandes empresas de plataformas de internet — Apple Inc., Amazon.com Inc., Alphabet, dona do Google, Meta Platforms Inc., Microsoft Corp., Nvidia Corp. e Tesla Inc.  Entre elas, respondem por 28,9% do S&P 500.

Este gráfico de Torsten Slok do Apollo Group compara um índice "S&P 7": (Comentário meu: adorei essa nomenclatura para essas ações, com um S&P 493 que inclui todo o resto. A lacuna é espantosa.)




Já comentamos antes. Sempre que o mercado é dominado nessa medida por um grupo de empresas que estão usando a tecnologia para fazer o capitalismo melhor do que ninguém, bolhas de investimento estouradas tendem a seguir. Slok também ofereceu este gráfico comparando as avaliações dos sete grandes de hoje com os múltiplos que as pessoas estavam dispostas a pagar pelas maiores ações "Nifty 50" em 1972, e ações de tecnologia na bolha da internet de 2000:




A Nvidia, impulsionada ultimamente pela empolgação com a inteligência artificial, agora está precificada em um múltiplo de seus ganhos mais alto do que qualquer um de seus antecessores. Dito isso, a relação P/L média do Seven ainda está um pouco atrás das avaliações que as pessoas estavam pagando durante os incidentes anteriores.

As listas também oferecem alguns avisos e mostram como a alocação de ativos pode ser difícil. Microsoft é o único nome recorrente em mais de uma linha. Em 2000, devia tudo ao seu monopólio virtual sobre o Windows, Office e Internet Explorer. Esses já se foram há muito tempo, então manter-se entre os gigantes do mercado é um feito notável. Outros grandes nomes do passado aparecem um pouco mais como avisos preventivos. A Polaroid não está mais entre nós - você pode tirar fotos instantâneas perfeitamente boas com produtos feitos por várias empresas Magníficas diferentes nos dias de hoje. A Cisco oferece um tipo diferente de cautela. Continua a ser uma das empresas mais poderosas e influentes do mundo — mas suas ações fecharam na segunda-feira em um nível 12% menor do que seu pico no início de 2000. Valuations tão extremos podem transformar grandes empresas em péssimos investimentos.

Um ponto mais amplo, porém, é que faz todo o sentido que todas essas empresas tenham crescido tanto quanto cresceram. Nomes como Coca-Cola e McDonald's. construíram marcas que são indiscutivelmente tão fortes quanto eram quando eram "bacanas", mesmo que o mercado de ações não espere mais muito crescimento delas. A Dell Technologies Inc se tornou privada por um tempo, mas ainda é uma grande e importante fabricante de computadores. A história sugere, portanto, que é improvável que as empresas se tornem tão dominantes se não tiverem algo sério para elas. O destino da Cisco é concebível, assim como o da Polaroid a longo prazo, mas essas ações não vão desaparecer às pressas e vão gerar muito mais lucros. Não seria a primeira vez que os mercados se empolgavam demais com uma ideia genuinamente boa e a levavam longe demais, assim como aconteceu com a rede mundial de computadores em 2000.

Então, que curso está aberto para você se acha que a força das ações de crescimento das big techs em real e sustentável, mas também que as Sete Magníficas estão perigosamente supervalorizados? Como você concilia tudo isso com o seu (bastante razoável) Medo de Perder o Bonde? Uma solução é acabar com as ponderações de capitalização de mercado, que efetivamente obrigam os grandes fundos de índice e quaisquer fundos ativos referenciados a eles a colar mais de um quarto de seus ativos em sete empresas. No início deste ano, a Nasdaq reduziu o peso das seis maiores empresas, mas elas continuam muito dominantes. A ponderação igual vai além. Para explorar o crescimento da tecnologia, portanto, vá com a versão de peso igual do Nasdaq-100, na qual os sete estão presentes, mas só têm uma ponderação conjunta de 3,5%. Esse índice se saiu muito melhor este ano do que a versão de peso igual do S&P 500, que está apenas no azul. Mais impressionante, está mesmo à frente do S&P 500 quando ponderado pelo valor de mercado, um índice que dá um peso de 29% aos sete:

A ação média do Nasdaq supera o S&P 500

O Nasdaq-100 ganhou mais de 25% em alguns momentos deste ano


Fonte: Bloomberg

Rebaseado: 100 = 31/12/2022

A ideia vem do estrategista de ações do Société Générale SA nos EUA, Manish Kabra, que argumentou o seguinte:

O Nasdaq-100 (índice de crescimento de grande capitalização) está no centro do ciclo de lucros por ação dos EUA. Olhando além das "Sete Magníficas", a maioria das ações do Nasdaq-100 superou o S&P 500 este ano... O Nasdaq-100 oferece uma boa alternativa para ganhar exposição ao momento de LPA do Nasdaq-100 por meio de um índice mais diversificado. Por outro lado, as pequenas empresas têm enfrentado um muro de refinanciamento e cobertura de juros reduzida, e um quarto das empresas está agora a dar prejuízos.

O tamanho pode começar a ser uma virtude séria à medida que o regime de juros altos avança, porque é muito mais difícil para as pequenas empresas rolarem dívidas – especialmente se estiverem tendo prejuízos. E outra virtude do peso igual do Nasdaq-100 é que ele é muito mais barato do que o Seven, embora também seja significativamente mais caro do que o S&P 500 mais amplo, ou o índice MSCI EAFE que cobre os grandes mercados desenvolvidos fora dos EUA. É mais provável que se encontrem verdadeiras pechinchas lá; mas alguma proteção contra problemas pode ser obtida com o peso igual do Nasdaq. Este gráfico compara múltiplos de livros para todos os quatro índices:

Magnificamente caro; Talvez muito caro

As Sete rotineiramente comandam múltiplos mais altos - mas a lacuna está se abrindo




Talvez mais um argumento para o crescimento seja que ele deveria se sair melhor, em teoria, quando há poucas ações de crescimento. As pessoas pagam pelo que é mais difícil de conseguir. Portanto, não precisa ser desastroso no caso de uma crise. Seria perigoso ficar sem alguma exposição às big techs. Apenas certifique-se de não ficar muito exposto às Sete Superpesadas.

John Authers ilustrou muito bem nesse artigo a frase cover your ass cuja sentido é autoexplicativo. Ao mesmo tempo em que alertou para a loucura de comprar o S&P7, deixa a porta aberta aos dizer “seria perigoso ficar sem alguma exposição às big techs” — outro macaco velho.

E o que o Mosca sugere, ou antevê? Por enquanto não observo indicação de queda nessas ações nem nos índices, apenas uma correção. Por outro lado, venho enfatizando que tanto o SP500 quanto a nasdaq100 estão na quinta onda final, e nessas situações todo cuidado é pouco1 . Depois de terminada a onda 1 em verde (veja a secção de análise do SP500 mais abaixo), uma correção deve ocorrer e é bem provável que o SP&7 apanhe mais que as outras — subiu mais, deve cair mais também —, vou ficar surpreso se isso não ocorrer.

Já estou antevendo uma mensagem do leitor-amigo, com apenas duas palavras: “eu avisei”. Qual pode ser nossa diferença? É que depois de terminada a correção da onda 2 verde, um novo movimento de alta mais pujante deve ocorrer, e não sei se teremos a mesma opinião naquele momento.

E assim vai a análise técnica, navegando entre altas e baixas sem se preocupar em ter uma opinião pessoal sobre a bolsa ou uma ação específica — isso eu deixo para o mercado me dizer.

1 onda 5, por ser a última da sequência, pode ter várias extensões segundo diferentes cálculos. A seguir, se encontram algumas dessas métricas para o caso do SP500 de acordo com a opção que estou trabalhando.



No post conta-simples fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ... “A forma como o SP500 reagiu aos dados de inflação me levaram a uma contagem bem mais agressiva1 que a anterior. Nessa nova configuração a bolsa deveria atingir inicialmente 4.842 na onda (iii) azul. Não vou me estender até o final pois preciso de confirmação da contagem” ...




Quem conhece o Mosca deve ter percebido que estava incomodado quando comentei o post acima. Em minha própria defesa, argumentei o seguinte: ...” Aqui está um exemplo da importância de observar o mercado e estar preparado para mudar. Incialmente, e usando as premissas mais prováveis, poderia termos liquidado as posições prematuramente, e posso afirmar que seria difícil retornar nesse caso, dada a pujança” ...

Eu aprendi com a experiência que é bom ter cuidado quando tem que dar muitas explicações, pois pode ser para justificar o que você não sabe explicar bem. Mas nossa mente é fantástica e, se possuímos um bom grau de julgamento, em pouco tempo ela percebe melhor os fatos reais.

Voltando a análise do SP500, a alta que está ocorrendo desde o dia 27 de outubro é bem estranha, pode até ser que a justificativa que dei seja o que está ocorrendo, “um movimento forte”. Muito bem, no que posso ter mais convicção? Que uma correção deve ocorrer em algum momento, e aí é que fica minha dúvida: uma pequena ou uma grande, conforme apresentado abaixo – os retângulos correspondem a possível área de contenção.




- David, a onda 5 laranja pode ter terminado?

Muito boa pergunta – Hahaha... eu mesmo me pergunto e elogio! se você observar bem o primeiro gráfico acima, vai notar que 4.532 é o primeiro nível possível; se for ele, a resposta é sim. O que tenho a considerar é que não é o mais provável, segundo esse critério algo entre 4.570 e 4.963.

Para terminar: e se não acontecer a correção pequena ou grande como apontado acima, ou seja, se for bem menor que elas? Nesse caso, e necessário estudar o que ocorre em seguida, provavelmente vou perder essa oportunidade.

O SP500 fechou a 4.554, com alta de 0,10%; o USDBRL a R$ 4,8724; com queda de 0,49%; o EURUSD a 1,0986, com alta de 0,30%; e o ouro a U$ 2.041, com alta de 1,37%.

Fique ligado!

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