Viva La Vida #usdbrl

 


Desde o final da semana passada estou com minha filha mais duas amigas, minha esposa voltou para casa a fim de ajudar sua filha nos últimos dias antes do parto, sua prioridade número um nesse momento. Essa convivência exclusiva com os jovens está sendo interessante.

Inicialmente notei que para eles existe um protocolo no Instagram. Analisam os Likes e seus significados dependendo do status que aquele rapaz (moça) se encontra. Por exemplo, uma das meninas recebeu uma notificação pelo aplicativo de relacionamento, pouco tempo depois surgiu uma mensagem pelo Instagram: “você estava na praia X, eu também estava lá”. Para ele chegar a essa conclusão, deve ter feito uma procura em várias mídias.

A partir daí começa um certo “jogo”. Primeiro um raio-x sobre o pretendente através das fotos do Instagram, como se esse fosse uma vitrine — lógico que esse rapaz também deve ter feito o mesmo. Como esse processo não é único, eles elaboram um “deck de opções” como se fossem cartas classificadas em ordem decrescente de prioridade. Importante observar que um “Az” pode virar carta fora do baralho instantaneamente por algum motivo.

Durante um jantar participei ativamente desse processo, em determinado momento uma delas perguntou qual deveria ser sua resposta em função de uma mensagem recebida, as outras começaram a palpitar. Foi quando arrisquei uma sugestão. Elas me olharam e disseram “boa”. Daí em diante me tornei o julgador de última instância.

No dia seguinte, pensei como eu pude ser útil a essas jovens. Era por ser do sexo masculino? Pode ser, mas estaria muito desatualizado dada a grande diferença de idade. De repente fiz uma associação com as mesas de operações dos tempos de Open Market onde os traders se conectavam com outras instituições financeiras para compra e venda de títulos. A grande virtude desses profissionais era não deixar transparecer sua posição — se queria comprar ou vender.

Pelas conversas e troca de spread — o protocolo era dizer o preço de compra e venda acrescidos do tamanho do lote, assim a contraparte poderia “tomar” ou “enfiar” (gíria do mercado) esse lote ‑ o último a falar tinha vantagem.

Nas conversas dos jovens acontecesse algo análogo “você está no mercado trocando spread, mas sem mostrar o que quer fazer” o objetivo e deixar o outro abrir o jogo. Foi assim que me tornei o consultor dessas meninas. Uma grande experiência e aprendizado para mim, onde minha expertise de trader ajudou muito. Será que vai surgir um novo post: o Mosca Love? Hahaha ...

Como a ilustre música do Cold Play: Viva La Vida!

Voltando aos mercados durante essas duas semanas, nada de muito interessante aconteceu: o dólar ficou no intervalo exposto — comentários de hoje, as bolsas internacionais ensaiando uma base depois da queda na semana passada, O IBOVESPA numa zona de possível interesse de compra, o ouro e euro dentro do esperado. Com a planilha zerada começamos 2024.

Como se poderia resumir o ano com 5 perguntas? Foi o que Robert Armstrong propôs na sua coluna do Financial Times, Unhedged.

Para os ativos de risco nos EUA, 2022 foi péssimo e 2023 foi ótimo. Não sabemos o que segue, mas temos algumas reflexões sobre quais são os fatores determinantes. Colocamos essas insinuações em termos de cinco perguntas. Aqui vai:

Que tipo de cortes de taxas vamos ter? O consenso é que vários cortes na taxa básica de juros do Federal Reserve são muito prováveis. Os mercados de ações estão tratando isso como uma boa notícia. Mas os cortes de juros vêm em dois sabores: impulsionados pela desinflação ou pela recessão. Estes últimos tipos são ruins para as ações. A aposta de consenso parece ser de seis cortes de juros de 25 pontos-base impulsionados por pura desinflação, em vez de preocupação com desaceleração ou queda do crescimento. Tire um momento, no entanto, para lembrar como se saiu o consenso quase universal de um ano atrás (recessão).

Uma subquestão interessante aqui é se a política fiscal e monetária será particularmente favorável ao crescimento econômico este ano, dado que a maioria dos países democráticos tem eleições se aproximando. Muitos especialistas estão argumentando que os formuladores de políticas e os detentores de cargos jogarão tudo nos mercados para garantir que os eleitores entrem felizes nas urnas. Mas as taxas ainda são altas; Tomar empréstimo agora custa alguma coisa; e alguns governos estão empenhados no aperto fiscal. Quanto estímulo pode realmente ser feito este ano?

O que acontecerá com os rendimentos de títulos longos? Este é um ponto perene, é claro, mas que vale a pena fazer agora. Estamos consistentemente surpresos com o quanto a discussão sobre os rendimentos do Títulos de 10 anos gira em torno das expectativas de política de curto prazo. Mas, aconteça o que acontecer com o crescimento e a inflação em 2024, há um debate vivo sobre se os rendimentos de 2% que prevaleceram entre a crise financeira e a pandemia são uma anomalia histórica ou um estado normal ao qual estamos voltando rapidamente. Se as taxas curtas continuarem caindo e as taxas longas ficarem em torno de 4%, estaremos em um novo mundo. 

Que tipo de ações são as Sete Magníficas? Vamos imaginar que o crescimento econômico decepcione muito este ano (e, em resposta à primeira pergunta, temos o tipo ruim de cortes de juros). As ações da Magnificent Seven Big Tech superam ou têm desempenho inferior? Não sabemos! Nos últimos anos, eles têm atuado em alguns momentos como proxies de duração, às vezes como ações de crescimento, às vezes como defensivos. Qual chapéu os sete usarão em 2023?

A assustadora correlação entre títulos e ações dos EUA foi apenas um sonho ruim? A correlação entre ações e títulos passou um período inquietante durante 2023 em território positivo. A mesma tende a se mover em regimes de décadas, acompanhando geralmente as expectativas de inflação. Quando a inflação é domada, as quedas são tudo o que alguém deseja, então os retornos de ações e títulos tendem a se proteger mutuamente (ou seja, correlação negativa). Mas quando a inflação é volátil e assustadora, como em 2022–23, ações e títulos caem e sobem juntos, empurrados por mudanças nas perspectivas de inflação. Gráficos como o abaixo, que mostramos em outubro, tinham alguns suspeitando do início de um novo regime:

Mudança de regime de correlação?

Correlação de dois anos entre os retornos semanais do S&P 500 e os Treasuries de longa duração.




A inflação hoje parece muito menos ameaçadora do que antes. E a correlação voltou a ficar negativa. O gráfico abaixo de Stuart Kaiser, do Citi, mostra a correlação contínua de um ano se aproximando de zero:




Talvez foi tudo uma farsa? De qualquer forma, isso importará para os mercados em 2024.

As ações globais permanecerão resilientes? As ações dos EUA, especialmente a Mag Seven, chamaram toda a atenção no ano passado, mas o resto do mundo também teve vencedores. Os investidores se animaram com o caso do Japão centrado no ímpeto das reformas corporativas e no fim da deflação. Como resultado, um investidor em dólar sem hedge teria ganhado 19% ao possuir ações do Topix em 2023. Os mercados emergentes ex-China registraram um ano igualmente forte (retorno total em dólares: 20%), ajudados pela disparada das ações indianas e muitos bancos centrais em mercados emergentes conduzindo com sucesso o aperto do Fed. Mesmo na Europa, onde a estagnação do crescimento alemão e holandês e o núcleo da inflação prejudicaram, as ações terminaram fortes (retorno total em dólares: 20%). Todos os três — Japão, Europa e EM ex-China — desfrutaram de grandes alardes de fim de ano.

O que é notável nisso é que esses mercados alcançaram resultados próximos aos dos EUA, mas sem o impressionante crescimento econômico dos EUA. Os resultados são sustentáveis? E se os mercados globais vacilarem, os Estados Unidos podem continuar subindo?

A renomada casa de pesquisas econômicas, Gavekal tem sua resposta para uma das indagações acima. Na sua visão, os juros longos deverão ficar elevados. Suas as seguintes suas razões:

Parte da minha avaliação de investimento para o próximo ano permanecerá válida. Mesmo que a inflação nos EUA diminua continuamente para a meta de 2% do Fed, os investidores precisarão ajustar as suas expectativas para uma nova era de rendimentos dos títulos de longo prazo dos EUA “mais altos para sempre” e tudo o que irá implicar nas avaliações e no desempenho relativo de todos os outros ativos.

A minha confiança de que os rendimentos das obrigações serão permanentemente muito mais elevados do que nos 15 anos após a crise global de 2008, e provavelmente serão mais elevados do que na primeira década deste século (ver gráfico abaixo), baseia-se em quatro argumentos. O primeiro destes argumentos pode ter sido refutado por dados recentes dos EUA (embora eu precise de mais alguns meses de inflação baixa para me convencer), mas os três últimos são ainda mais relevantes hoje, mesmo porque os rendimentos dos títulos de 10 anos estão agora perto do fundo, na faixa de negociação entre 3,5% - 5,2% que eu sugeri em outubro:

 1) A inflação permanecerá estagnada num patamar de 3% ou 4% em vez de cair para 2%.

2) A meta de 2% do Fed, mesmo que seja atingida em 2024, será agora um piso para a inflação nos EUA, e não um teto como foi de 2009 a 2020, nem mesmo uma média como foi de 1994 a 2008.

3) As taxas de juro reais serão significativamente mais elevadas nos próximos anos do que no período 2000–2020, porque as transformações seculares nas estruturas industriais, demográficas e geopolíticas implicam todas o fim da “estagnação secular, a era em que o sub investimento global e o excesso de poupança arrastaram para baixo as taxas de juro neutras, exigindo um equilíbrio ex-post da poupança e investimentos.

4) A inversão da curva de juros que manteve os rendimentos das obrigações dos EUA muito abaixo, devido a receios infundados de recessão, irá achatar-se e depois normalizar-se numa curva de rendimentos com inclinação ascendente.



Sem entrar nos detalhes das suas contas, eles chegam a um intervalo entre 4,8% — 5,1% para a taxa dos juros de 10 anos. E, se o Fed se mostrar mais cauteloso no corte de juros, um prêmio de risco entre 1% — 1,5% implicará uma taxa de juros nos títulos de 10 anos ao redor de 6% a.a. — esses níveis são mais compatíveis com a projeção do Mosca para 2024 expressa no post --- 10y Bonds --- A conferir!

No post simulado-mensal fiz os seguintes comentários sobre o dólar: … “ o movimento está lateralizado num intervalo ínfimo de variação aproximadamente entre R$ 4,95 / R$ 4,85. Mesmo numa janela menor nada é perceptível” …




O dólar flertou abaixo do nível de R$ 4,85 nos últimos dias do ano, porém retornou a banda acima exposta — R$ 4,95 / R$ 4,85. Minha visão é de alta do dólar conforme venho expondo, se o movimento de alta vai ocorrer agora ou não, continua em aberto. No gráfico abaixo expus níveis de importância. Sem entrar nas diversas possibilidades. Resumidamente seria:

A)     Continuidade da queda — é preciso romper R$ 4,8020

B)     Possível alta — Ultrapassar a área destacada na elipse R$ 5,05 / R$ 5,12




— David, Feliz Ano Novo! Vamos começar a operar? Precisa entrar em ação logo, afinal esperamos 40% de novo esse ano! Hahaha ... Que tal colocar ordem de venda ou compra nesses níveis?

Você começou a toda em 2024! Desculpe te frustrar, mas nada de sugestão de trade por enquanto. Acompanhe o Mosca que em algum momento vai surgir.

Costumo publicar a lista contendo o retorno dos Hedge Funds no ano. Este ano não foi muito diferente, se o Mosca fosse um fundo ficaria num honroso 2º lugar. O que mais me intriga é que a equipe de um colaborador, efetuando poucas operações, pode competir com estruturas enormes e operações complexas. Lógico que se fosse um fundo o Mosca teria outros custos e nem sei de operaria desta forma pelas “cobranças” do mercado – só do meu amigo! Hahaha ...




O SP500 fechou a 4.763, com alta de 1,41%; o USDBRL a R$ 4,8745, sem variação; o EURUSD a € 1,0952, com alta de 0,10%; e o ouro a U$ 2.027, com queda de 0,88%.

Fique ligado!

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