A semana promete emoções #USDBRL

 


A 48 horas das eleições americanas, que segundo a imprensa prometem ser disputadas, o mercado está em compasso de espera, já que seu resultado pode não ser rápido, principalmente se o voto popular nos estados indicar vitórias apertadas. Na última semana, o mercado decidiu dar um tempo nas apostas, provocando queda nas bolsas — Trump é visto como mais positivo para esse ativo.

Para completar, teremos a decisão do Fed na quarta-feira, onde se espera uma queda adicional de 25 pontos. Na última sexta-feira, foram publicados os dados de emprego, e a adição de novas vagas foi muito pequena, apenas 12 mil postos. Contudo, nem vale a discussão, dado o impacto da greve da Boeing e do furacão nesse resultado; uma melhor avaliação será possível com os dados de novembro.

Por fim, o Banco Central Brasileiro também deve definir sua política monetária na quarta-feira, com expectativa de mais uma alta de 25 pontos, levando a SELIC de volta para a casa dos 11% a.a. Fernando Genta, economista da XP Asset, sugeriu que a taxa precisaria alcançar 15% a.a. para que a inflação convirja para a meta de 3% — ele “chutou o pau da barraca”! É nesse cenário que o novo presidente do BC, Gabriel Galípolo, deve assumir em janeiro próximo.

Em relação às eleições americanas, a imprensa se mostra francamente favorável a Kamala, o que induz certo viés. O Mosca tem a impressão de que Trump vencerá — veja, apenas uma impressão. John Authers comenta na Bloomberg sobre o tema com o título: “O mercado de previsões deu a Trump uma surpresa em novembro, pois sua vantagem sobre Kamala está desaparecendo.”

 

Emoções e Riscos nos Mercados de Previsão

Algumas verdades são eternas, independentemente de quem as diga. Seja Niels Bohr, físico ganhador do Nobel e pioneiro atômico, ou Yogi Berra, famoso jogador de beisebol do New York Yankees, a frase continua verdadeira: “Prever é muito difícil, especialmente quando se trata do futuro.”

A eleição presidencial dos EUA desta semana parece tão importante que é natural que as pessoas tentem prever o resultado ou buscar algum indicador de confiança. Há séculos, mercados de previsão política surgem para atender a essa necessidade, e isso se repete agora. Várias novas iniciativas para negociação de futuros políticos foram lançadas recentemente. Os movimentos nesses mercados têm sido, no mínimo, peculiares, levantando suspeitas de manipulação. Assim como prever o futuro é difícil, é um fato que os mercados tendem a exagerar, e foi exatamente o que aconteceu.

Desde o início de outubro, os principais mercados mostraram um crescimento nas chances de vitória de Donald Trump. Isso foi impulsionado pelo Polymarket, uma plataforma offshore, com grandes compras por um “investidor pesado” de Trump (e uma breve influência de um “investidor pesado” de Kamala Harris). Após o comício de Trump no Madison Square Garden, na semana passada, a narrativa mudou. O mercado PredictIt, onde entusiastas fazem apostas limitadas, começou a reduzir suas probabilidades para Trump. O Polymarket, sempre mais otimista em relação a Trump, seguiu o movimento.

No sábado, uma surpreendente pesquisa do Des Moines Register — um dos institutos de pesquisa mais confiáveis do país — indicou que Kamala liderava em Iowa, estado que tem votado cada vez mais em republicanos. Se correta, essa pesquisa sugere uma possível vitória de Kamala em estados onde as expectativas são acirradas, com apoiadores falando até de uma “avalanche” eleitoral. Embora fora da curva, a pesquisa teve uma resposta dramática nos mercados de previsão.

 



Atualmente, as chances de Trump melhoraram um pouco novamente, mas muitos acreditam que foram superestimadas. As perspectivas de um “domínio total” republicano — vitória da presidência e de ambas as casas do Congresso — também foram reduzidas, embora menos no Polymarket, sempre mais entusiasta com os republicanos, do que na bolsa de futuros Kalshi.




É crucial para os mercados de títulos que as chances de uma vitória ampla de Trump estejam diminuindo, pois um impasse no Congresso favoreceria maior disciplina fiscal. Isso deve ser positivo para os títulos (talvez não para a economia como um todo), com tendência de queda nos rendimentos.

Outros mercados têm se movido em linha com as chances percebidas de Trump. A semelhança entre o índice das Sete Magníficas da Bloomberg e o desempenho de Trump no Polymarket é impressionante:

 



As ações ainda não reagiram à venda massiva de Trump no final de semana, e a eleição está prestes a ocorrer. Se você está superexposto a uma vitória de Trump, pode fazer sentido reduzir sua posição antes do voto de terça-feira. O que já parecia turbulento pode se tornar ainda mais volátil, especialmente se Kamala vencer. Até o fechamento de sexta-feira, os traders pareciam ignorar esse risco.

Na visão do Mosca, talvez tão ou mais importante que o vencedor das eleições seja observar o que acontece no Senado e no Congresso. Independentemente de quem ganhe, seria visto como positivo pelo mercado se essas casas ficassem divididas, sem maioria do partido do novo presidente. Isso, o que se chama de “gridlock”, seria mais favorável; no caso inverso, um “Sweep” completo seria negativo.

Sobre o Fed, Mohamed El-Erian publicou um comentário na Bloomberg, do qual fiz um breve resumo.

Durante o final do século XX, os formuladores de políticas ficaram excessivamente confiantes em sua capacidade de estabilizar a economia, acreditando que haviam “conquistado o ciclo econômico.” Essa abordagem simplista ignorava nuances cruciais da teoria de Keynes sobre demanda, resultando em decisões precipitadas e eventos desestabilizadores. Esse “ajuste fino” falhou ao ignorar a necessidade de uma política sustentável e de longo prazo, especialmente diante de choques externos e variáveis estruturais, como produtividade e investimentos.

O artigo exemplifica essa volatilidade com a decisão inesperada do Fed de cortar a taxa de juros em 50 pontos base em setembro, após não fazê-lo em julho. Esse corte foi comunicado de forma incomum, com “vazamentos” na imprensa, gerando confusão no mercado e elevando os rendimentos dos títulos de 10 anos. A política inconsistente minou a confiança dos investidores e provocou oscilações nas expectativas de taxa de juros, complicando ainda mais o cenário financeiro.

Felizmente, a economia dos EUA mostrou resiliência, servindo como um amortecedor contra os potenciais danos dessa volatilidade. No entanto, isso não justifica a continuidade dessa abordagem instável, especialmente em um momento de incertezas fiscais e políticas. A longo prazo, depender apenas do Fed para “orquestrar” a política econômica pode não ser viável, sendo necessário que outros setores assumam seu papel para equilibrar a situação.

Para avançar, o artigo sugere que o Fed adote uma postura mais estável, com cortes moderados de 25 pontos base, e reconheça a importância de permitir que outros setores de políticas influenciem a economia.

A semana promete emoções!

No post escapamos-dessa fiz os seguintes comentários sobre o dólar: “O dólar permanece na área de resistência e tudo indica que deve atingir R$ 5,8811, conforme mencionado anteriormente, um verdadeiro “presente” de Papai Noel para Galípolo. Depois, um novo período de queda deve ocorrer, levando a moeda aos níveis de ~ R$ 5,40 — onda 4 vermelha.”

 



O dólar quase alcançou o objetivo traçado, com a máxima em R$ 5.7849, e está recuando hoje de manhã. Parece que a onda 4 vermelha está em curso. Se for o caso, pode-se esperar um recuo para R$ 5,60 (queda de 3,4%) a R$ 5,44 (queda de 6,1%) a partir dos níveis atuais, conforme destacado no retângulo. Vale uma venda? Talvez (veja observação mais adiante).

O gráfico a seguir é semanal, pois a extensão dessa onda 4 vermelha pode ser longa — até meados de 2025! Vale lembrar que, nesse cenário, o dólar estaria traçando uma onda 5 vermelha diagonal. Em uma outra contagem, o dólar estaria rumando para R$ 6,37. Neste caso, o recuo esperado seria muito inferior e mais rápido, em torno de R$ 5,60.




O que ocorrer em breve definirá qual dos dois cenários deve ser usado. Em observação, evito propor trades em mercados onde a visão de médio prazo é em um sentido — neste caso, alta do dólar — e no curto prazo, no outro — baixa do dólar. Pensando bem, talvez eu me abstenha desta vez.

O S&P500 fechou a 5.713, com queda de 0,28%; o USDBRL a R$ 5,7839, com queda de 1,42%; o EURUSD a € 1,0874, com alta de 0,37%; e o ouro a U$ 2.737, sem variação.

Fique ligado!

Comentários