O desejo da calça Lee #OURO #GOLD

 


Na adolescência, nos anos de ouro do consumo brasileiro, os produtos importados dos EUA eram sinônimos de qualidade suprema. Entre eles, reinava a calça Lee, um jeans que transcendia o tecido para se tornar um ícone de status e rebeldia. O desejo por esses itens era alimentado por tarifas de importação proibitivas, que transformavam o comércio em um jogo de contrabando. Jovens guardavam cada centavo da mesada para visitar a Tobb’s, uma loja escondida em uma galeria, onde o “cool” era negociado em segredo. Hoje, com as tarifas americanas voltando a erguer muros, o passado parece sussurrar: será que o contrabando renascerá, ou os americanos cruzarão fronteiras em busca de produtos chineses baratos?

A nostalgia da calça Lee não é apenas uma lembrança de moda, mas uma lição sobre como barreiras comerciais moldam desejos e mercados. Naquela época, o Brasil era refém de um sistema que inflava preços e limitava escolhas. A alternativa? Viagens ao exterior, onde malas voltavam abarrotadas de “cacarecos” importados, comprados mais pelo selo de origem do que por necessidade. O Mosca, já alertou para o impacto das políticas protecionistas, e o cenário atual nos EUA ecoa esse passado. A Bloomberg reporta que as novas tarifas impostas por Washington podem fazer produtos chineses sumirem das prateleiras americanas. Celulares, laptops e até roupas – itens que inundaram o mercado global com preços acessíveis – enfrentarão aumentos de até 40%, segundo estimativas. O gráfico abaixo, extraído do artigo da Bloomberg, ilustra o impacto potencial dessas tarifas no preço de bens de consumo.

O que isso significa para o consumidor americano? Um retorno ao passado brasileiro, onde o “importado” era um luxo. O Mosca já discutiu como o protecionismo distorce cadeias de suprimentos, e agora os EUA parecem caminhar para um experimento semelhante. Fabricantes chineses, pressionados por custos, podem redirecionar seus produtos para outros mercados, como o Brasil ou a Europa, onde a demanda por bens acessíveis persiste. Mas e os americanos? Irão eles, como os jovens brasileiros de outrora, buscar galerias clandestinas para adquirir seus iPhones ou tênis de marca? Ou, em um giro irônico, cruzarão fronteiras para comprar em países menos taxados?

O contrabando, como o Mosca já observou, floresce onde há desejo reprimido e preços inflados. Nos anos 80, a Tobb’s era o epicentro de um mercado paralelo que driblava as regras. Hoje, os EUA podem estar plantando as sementes para um renascimento desse comércio subterrâneo. A Receita Federal americana estima que o contrabando de bens já movimenta bilhões anualmente, e as novas tarifas podem acelerar essa tendência. Produtos chineses, agora caros demais para o varejo legal, podem encontrar caminhos alternativos – de mercados negros online a pequenas lojas que operam na penumbra. O gráfico do The Wall Street Journal, que detalha o crescimento do comércio ilícito nos últimos anos, reforça essa possibilidade.

Mas há outro ângulo, menos clandestino e mais global. O Mosca sempre enfatizou a interconexão dos mercados, e as tarifas americanas podem redesenhar o comércio mundial. Países como o Brasil, que já sofreram com políticas protecionistas, podem se beneficiar. Se os produtos chineses forem desviados para cá, nossos consumidores terão acesso a bens mais baratos, enquanto os americanos pagarão o preço do isolacionismo. É uma inversão curiosa: o Brasil, outrora refém de importações caras, pode se tornar um destino para bens que os EUA rejeitaram. Será que veremos americanos desembarcando em São Paulo, malas vazias, prontos para encherem-se de “cacarecos” chineses?

Essa possibilidade não é tão absurda. O Mosca já apontou como o comércio global é um jogo de adaptação. Fabricantes chineses, ágeis e pragmáticos, podem contornar as tarifas americanas ao estabelecer hubs em países com acordos comerciais favoráveis. México e Canadá, por exemplo, já são destinos de investimentos chineses que buscam driblar as barreiras dos EUA. O resultado? Um mercado onde o consumidor americano, ironicamente, pagará mais caro por produtos que poderiam ser adquiridos a poucos quilômetros de distância. O gráfico da Reuters, que mostra o aumento de exportações chinesas para o México, ilustra essa tendência.

O tom audacioso do Mosca nos convida a questionar: até onde irá esse jogo de tarifas e contrabando? A história da calça Lee nos lembra que o desejo humano por status e qualidade não respeita fronteiras ou impostos. Nos anos 80, os jovens brasileiros encontravam formas de contornar as barreiras, e os americanos de hoje podem fazer o mesmo. Mas há um custo. O protecionismo, como o Mosca já alertou, não apenas encarece produtos, mas fragmenta cadeias globais, alimenta mercados paralelos e, em última análise, pune o consumidor. As tarifas de Trump, vendidas como defesa da indústria local, podem acabar criando um monstro familiar: o mercado negro, agora em escala global.

A calça Lee, com seu charme rebelde, era mais do que um jeans – era um símbolo de resistência às restrições. Hoje, enquanto os EUA flertam com o protecionismo, o mundo assiste a uma nova dança comercial. O Brasil, com sua experiência em navegar tarifas e contrabando, pode observar de camarote, talvez até lucrando com a desordem. Como o Mosca sempre diz, o mercado é um espelho da natureza humana: adaptável, criativo e, acima de tudo, obstinado. Que venham as tarifas, as galerias e as malas cheias – o jogo apenas começou.

 

Análise Técnica

No post “o-jogo-perigoso-da-turma-da-barão” fiz os seguintes comentários sobre o ouro: “apresento um gráfico trimestral, algo inédito no Mosca. Se minha contagem estiver correta, o ouro está prestes a concluir a onda (III) vermelha, iniciada nos anos 2000 a US$ 250, com alta de 1.200%. A métrica sugere um alvo de US$ 3.659, próximo da máxima de US$ 3.345”




Observando hoje meus comentários anteriores, percebo que, naquele momento, tentei justificar uma decisão: uma sugestão de trade correta, mas com um abandono prematuro da posição. Imagino que os leitores tenham pensado: “E daí? Como posso lucrar com uma análise baseada num gráfico trimestral?” Cadê aquela frase clássica do Mosca, “o compromisso é com o bolso”? Pois bem, senhores, o texto está publicado, e agora vamos ao que interessa!

Diante da queda de 8,5% desde a máxima, será que minha visão estava certa e o ouro está entrando numa correção mais profunda? Por enquanto, classifico esse pensamento como torcida – a vontade de erguer o troféu de “acertar na mosca”! Hahaha! No entanto, vou apresentar uma contagem alternativa, na qual uma nova alta pode estar nos planos. Confiram a seguir:




Nesse cenário, vou ficar de olho em cinco ondas menores ascendentes, o que pode sugerir um trade de compra. Fiquem atentos ao Mosca e ao nível de US$ 3.300! Mas, se o metal acelerar a queda, quem sabe o Mosca não conquista a medalha de ouro no ouro? Hahaha!

O S&P500 fechou a 5.604, com alta de 0,63%; o EURUSD a € 1,1291, com queda de 0,32%; e o ouro a U$ 3.230, com queda de 1,75%.

Fique ligado!

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