O jogo Perigoso da Turma da Barão #OURO #GOLD
Na minha adolescência, eu e meus amigos éramos pacatos, mas
não escapávamos de confrontos com grupos mais agressivos, como a Turma da
Barão, da Barão de Limeira. Eles invadiam bailinhos, provocavam brigas e terminavam
isolados, temidos, mas rejeitados por sua beligerância. Essa memória espelha o
cenário global de 2025: Donald Trump, com suas tarifas draconianas, transforma
os Estados Unidos numa Turma da Barão geopolítica, afastando aliados e criando
um vácuo que a China explora com astúcia. Seu plano de forjar uma coalizão
anti-China é um blefe arriscado, limitado por mercados voláteis e incentivos
frágeis. Estaria Pequim pronta para liderar uma nova ordem mundial?
O colapso financeiro de abril de 2025 revelou a fragilidade
da estratégia de Trump. Ao anunciar tarifas amplas, o S&P 500 despencou
abaixo de 5.000, junto com o dólar e os Treasuries, abalando portfólios
globais. Em 9 de abril, ao pausar as tarifas por 90 dias, o índice disparou
quase 10%, atingindo 5.400. Essa montanha-russa, descrita por Louis-Vincent
Gave, paralisou fusões e aquisições (M&A), com US$ 110 bilhões em
transações globais 28% abaixo de 2024, e suspendeu IPOs de mais de US$ 120 bilhões.
Novas tarifas ou sanções financeiras arriscam outro "gap down" nos
mercados, corroendo o apoio republicano. Sem um "stick" crível, Trump
precisa oferecer "carrots" atraentes para convencer nações a se
alinharem contra a China. Mas o que resta nos cofres americanos?
Os EUA sempre seduziram aliados com três grandes incentivos:
segurança inquestionável, acesso a um mercado consumidor incomparável e domínio
tecnológico. Hoje, esses pilares desmoronam. As garantias de segurança,
abaladas por políticas erráticas, já não inspiram confiança – a oposição ao
Nord Stream 2 revelou o custo de alinhar-se a Washington. O consumidor
americano, pressionado por uma recessão iminente e cadeias de suprimento
frágeis, perde apelo. O monopólio tecnológico, caro e desafiado por Huawei, Xiaomi,
DeepSeek e ByteDance, enfrenta concorrência feroz. Por que nações arriscariam
antagonizar a China por um parceiro tão volátil?
A China, por sua vez, oferece incentivos pragmáticos. Seu
domínio nas cadeias de suprimento – de minerais a componentes – é quase
insubstituível. Lidera em tecnologias de transição energética, como solar e
baterias, e seu ecossistema tecnológico cresce exponencialmente. Com
investimentos externos, custos de capital baixos e um mercado consumidor
impulsionado por estímulos, Pequim atrai o mundo. Em março de 2025, suas
exportações cresceram 12,4% (YoY), superando os 4,4% esperados, embora o
*frontloading* antecipe quedas futuras. Esses "carrots" tornam a
coalizão anti-China de Trump uma quimera, com nações preferindo a discrição à
lealdade a Washington.
Como a Turma da Barão, que se isolava por sua agressividade,
os EUA, sob Trump, alienam parceiros. A Europa, pressionada por tarifas, pode
negociar com Pequim; o Sul Global, dependente das cadeias chinesas, opta pela
neutralidade. Gave sugere que a maioria das nações escolherá a prudência,
evitando compromissos com uma América instável. O resultado é um dólar mais
fraco, sinal de um poder de barganha em declínio. A China, sem confrontos
diretos, capitaliza o caos, oferecendo estabilidade onde os EUA semeiam
incerteza.
A ascensão chinesa, porém, tem limites. Substituir o dólar
como reserva global exige décadas, e a governança de Pequim gera desconfiança.
Ainda assim, o momento favorece Xi Jinping. Trump, como um jogador de pôquer
com cartas fracas, apostou alto e revelou seu blefe. Para o investidor, a lição
é clara: diversifique em ativos reais, como ouro, que brilha na turbulência, e
limite ações a 40% se sua tolerância a perdas for 20%. Negócios domésticos e
*spinoffs* resistem melhor, mas o mercado premia quem age rápido, como a
BayPine ao adquirir a Cerner Research.
Uma comparação entre o S&P 500 e o ouro revela a
preferência dos investidores: a aceleração do ouro, com performance relativa
33% superior, intensificou-se no final de 2024, refletindo a busca por
segurança em meio ao caos tarifário.
Trump, ao emular a Turma da Barão, isola os EUA e abre
espaço para a China. Pequim, com paciência e pragmatismo, pode liderar uma nova
coalizão, não pela força, mas pela conveniência. No mercado e na geopolítica,
vence quem calcula melhor. Por ora, a vantagem é chinesa.
Análise Técnica
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No post “mas-make-America-small”, comentei sobre o ouro:
“Na última terça-feira, liquidei minha posição em ouro. O movimento desde então
não descarta novas altas – ainda não vejo cinco ondas claras de baixa –, mas o
gráfico já me deu o sinal para sair. O próximo nível, caso a escalada continue,
seria US$ 3.238.”
Na gestão de posições, há duas estratégias: ajustar o stop
loss até a liquidação, aceitando não capturar o melhor preço, ou sair em um
nível predeterminado, correndo o risco de ver o mercado subir. Minha saída, a
US$ 3.140, foi motivada pela contagem de ondas, que sugeria um limite perigoso
próximo a múltiplas ondas 5, com risco de queda abrupta. Contrariando a
expectativa, o ouro continuou subindo, atingindo US$ 3.345, 5% acima do meu
preço de venda.
Para oferecer uma visão de longo prazo, apresento um gráfico
trimestral, algo inédito no Mosca. Se minha contagem estiver correta, o ouro
está prestes a concluir a onda (III) vermelha, iniciada nos anos 2000 a
US$ 250, com alta de 1.200%. A métrica sugere um alvo de US$ 3.659, próximo da
máxima de US$ 3.345. Após isso, a onda (IV) vermelha poderia levar o
ouro a US$ 1.800 ou até US$ 1.240 – uma correção significativa.
Ressalto que não tomo decisões apenas com base nesse
gráfico, pois análises trimestrais limitariam o Mosca a publicações esparsas,
afastando leitores – sobrariam só amigos próximos e família! Ninguém gosta de
ver o mercado subir após uma venda – call certo e não continuar se
aproveitando, mas a decisão foi técnica.
Vocês não irão ver o Mosca sugerir venda por ter ficado
pu&o. So faria com fundamentos técnicos claros – as famosas 5 ondas de
baixa.
O S&P500 fechou a 5.282, com alta de 0,13%; o USDBRL a R$ 5,8038, com queda de 1,05
%; o EURUSD a € 1,1371, com queda de 0,24%; e o
ouro a U$ 3.320, com queda de 0,69%.
Fique ligado!
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