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Mostrando postagens de abril, 2020

Saída pelos fundos

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Ontem comentei sobre a inversão do fluxo de recursos para os mercados da America Latina. Esse movimento não acontece somente em nossa região, ela é mais abrangente, inclui também os mercados emergentes conforme reportagem do Wall Street Journal. Os países de mercados emergentes reduziram no mês passado suas reservas cambiais no ritmo mais rápido desde a crise financeira global, para conter uma queda em suas moedas, deixando alguns países vulneráveis a choques adicionais. Doze dos maiores países em desenvolvimento, incluindo Brasil e Rússia, reduziram suas reservas combinadas em pelo menos US $ 143,5 bilhões em março, na maior queda desde outubro de 2008, segundo dados da empresa de pesquisas Arkera. Isso deixou a Turquia com o menor saldo cambial desde novembro de 2006. Para o Egito, março marcou o maior dreno mensal em suas reservas já registrado. Esses países mergulharam em seus cofres para combater uma queda vertiginosa em suas moedas depois que a pandemia de coron

A busca de um culpado

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Quando ocorre um evento que origina um sofrimento a muitas pessoas, já dizia Nietzsche que, é melhor qualquer explicação que nenhuma. O caso da Covid-19 não vai ser diferente. O secretário de Estado Mike Pompeo criticou a China na quarta-feira, dizendo à Fox News que seus esforços contínuos para ocultar informações sobre a origem do coronavírus representam uma ameaça para o mundo. "O Partido Comunista Chinês agora tem a responsabilidade de dizer ao mundo como essa pandemia saiu da China e de todo o mundo, causando uma devastação econômica global", disse Pompeo, acrescentando que "os EUA precisam responsabilizá-los. O conselheiro da Casa Branca Jared Kushner, genro de Trump, também disse quarta-feira que Trump ordenou uma investigação sobre as origens do vírus e responsabiliza os responsáveis pela disseminação, informa Bloomberg. Os comentários de Pompeo seguem uma alegação de quarta-feira sobre o principal programa de notícias da noite na China Central T

A meia volta do Ibovespa

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Um artigo publicado pela Bloomberg analisa a evolução da bolsa brasileira desde a eleição do Lula, ou seja, nestes últimos 20 anos. No gráfico a seguir, medido em dólares, aponta a trajetória exponencial nos primeiros 8 anos de seu mandato, subindo 1.500 %. Com a crise de 2008, a queda foi expressiva quase que levando aos níveis iniciais. Em 2018, com a eleição de Bolsonaro, houve uma recuperação no início de seu mandato, porém com o surto do Covid-19, levou novamente as mínimas desse período. Olhando para o continente como um todo, a imagem parece ainda mais sombria, com grande parte do resto da região seguindo uma trajetória semelhante desde os primeiros anos do século. Inicialmente, as mudanças de poder alarmaram o resto do mundo, quando os eleitores do México tiraram o Partido Revolucionário Institucional em 2000, após 71 anos no poder, inaugurando um período de impasse político intratável; a oposição na Venezuela encenou um golpe mal sucedido contra o presidente Hug

O Fed está na borda do trampolin

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Esta semana o Fed se reúne para discutir o rumo da política monetária. No mês de março, de forma atípica, reduziu os juros em duas reuniões emergenciais, levando as taxas para 0,25%. Será que essa semana a autoridade monetária vai baixar os juros abaixo da linha d’água como o ECB e BOJ? Um membro do Fed até 2015, Narayana Kocherlakota, através de um artigo publicado na Bloomberg, aconselhou ser sensato, reduzir os juros para – 0,25%. Cita que a autoridade monetária não tem bons argumentos contra a negativa. Um desemprego aterradoramente alto e uma desinflação potencialmente rápida são argumentos poderosos a favor. Entretanto, o Fed telegrafou o que faria no limite inferior a zero antes de sucumbir a taxas negativas: controle da curva de juros. Em novembro, o governador do Fed, Lael Brainard, expôs precisamente a situação em que o banco central se encontra hoje e disse que os traders esperam que o banco central comece a limitar os rendimentos dos títulos do Tesouro de cur

Bolsonaro segue atitude de Nero

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Uma passagem na História que talvez exemplifique o pedido de demissão do ex-ministro Sergio Moro, foi o grande incêndio de Roma, em 64 d.C., com diversas interpretações sobre suas causas. Naquele momento, Nero era o Imperador Romano. O Wikipedia elabora essas possibilidades. Existem várias variantes sobre a motivo do incêndio de Roma. A versão mais contada é a de que os moradores que habitavam as construções de madeira usavam do fogo para se aquecer e se alimentar. E por algum acidente, o fogo se alastrou. Para piorar a situação, ventos fortes arrastavam o fogo pela cidade.   Outra versão famosa, é de que o imperador Nero teria ordenado o incêndio com o propósito de construir um complexo palaciano, já que o senado romano havia indeferido o pedido de desapropriação para a obra. Há ainda a versão, concebida por romancistas cristãos pósteros que, atribuindo ao imperador a condição de demente, pretende que ele provocou o incêndio para inspirar-se, poeticamente , e poder pr

Ações Tech no céu

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Me lembro bem quando em 1999 a bolha da internet ganhava momento. Naquele ano as ações de tecnologia subiram de forma ininterrupta. Se você queria ganhar um dinheiro fácil bastava conseguir um lugarzinho na lista de IPO. Nove entre dez subiam muito já no primeiro dia, não precisava nem saber qual o serviço que essa empresa oferecia, e mesmo que soubesse, seu lucro iria acontecer no centésimo ano (exagero meu!). Isso não era importante (alguma semelhança?), apenas o número de hits – quantidade de pessoas que acessavam. Num determinado dia, depois de grande dificuldade em entender esse movimento sem uma lógica financeira, me coloquei a frente do monitor e pensei “A comida que consumimos vai chegar por essa tela?”. A razão desse meu desabafo se deve ao fato que a empresas de outros setores da economia estavam largadas, ao contrário, as de tecnologia eram as coqueluches. Depois do estouro da bolha denominada de pontocom essa distorção desapareceu com a queda do Nasdaq. Esse f

Extrapolação temerosa

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Passei o dia de ontem com uma sensação estranha, para dizer a verdade desconfortável. O responsável foi o impacto do óleo ao atingir preços inimagináveis. Essa é a segunda vez que algo impensável no mundo das finanças ocorreu durante minha longa vida profissional: primeiro os juros negativos, agora o preço negativo do petróleo. Será que existirão outras? Antes de entrar no ponto principal do meu temor, vamos detalhar os subprodutos dessa ocorrência – preço do petróleo. Um artigo publicado pela Bloomberg aponta a projeção de um especialista. O mesmo acredita que o petróleo poderá atingir até - U$ 100.   Orbitando centenas de quilômetros acima da Terra, os satélites Sentinel-1 são os olhos no céu que mostram por que os preços do petróleo nos EUA caíram abaixo de zero e por que grande parte do mundo provavelmente seguirá. O satélite emite sinais de radar dos enormes tanques de metal que armazenam petróleo e esses dados são usados para calcular a quantidade de petróleo b

Os BCs perderam sua autonomia?

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Um artigo publicado pela Bloomberg analisa o efeito estrutural das intervenções efetuadas pelos bancos centrais do mundo, especialmente o Fed, e suas consequências em seu objetivo principal. A inflação global das décadas de 1970 e 1980 - marcou pela primeira vez o caso da independência do banco central. Essa nova crise exigirá, no mínimo, uma coordenação muito mais estreita entre governos e bancos centrais. Mas provavelmente exigirá mais, talvez colocando os bancos centrais, incluindo o Federal Reserve, sob controle político aberto. O caso da independência do banco central ficou praticamente inquestionado por anos. A lógica era direta. Ele assumiu que os políticos pensam a curto prazo e tomam decisões por razões políticas. No pleno emprego ou quase pleno, a política monetária expansionista pode sumarizar brevemente a economia, mas, após um atraso, causa inflação. Se o atraso for suficiente para levar o governo até a próxima eleição, a política terá um viés inflacionário.