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Mostrando postagens de novembro, 2020

É uma miragem?

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  Depois que as vacinas Covid-19 se mostraram eficazes este mês, quase todos os cantos do  mercado sinalizaram que uma recuperação mais rápida está a caminho.  Ações economicamente sensíveis, metais industriais, petróleo bruto, os títulos de pior qualidade: todos dispararam, com exceção dos títulos do Tesouro. O vasto mercado de títulos públicos dos EUA costuma ter uma alta correlação com as perspectivas de crescimento, e especialmente com o que é conhecido como o " reflation trade ": a aposta de que a economia se recuperará rapidamente. Crescimento mais rápido quase sempre significa inflação mais alta, rendimentos mais altos e preços dos títulos mais baixos. A perspectiva de que as vacinas normalizem nossa vida injetou uma louca esperança em muitos dos ativos menos populares. A gigante petrolífera Exxon subiu 23% até agora em novembro, apontando para seu melhor mês desde pelo menos 1972. O índice Russell 2000 de pequenas e médias ações, com alta de 21%, caminha para seu

El encuentro com Dios

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Fiquei impressionado com a repercussão da morte do jogador Maradona. Que fosse limitada à Argentina seria compreensível, mas aqui no Brasil foi grande, sendo manchete de jornais, além de um bom tempo do Jornal Nacional. O Globo Esporte deu os seguintes destaques: “A despedida a Diego Armando Maradona se desenrolou numa quinta-feira que será lembrada nos livros de história. Velado na Casa Rosada desde as primeiras horas do dia, o corpo do ídolo argentino seguiu até o cemitério Jardin de Bella Vista no fim da tarde, a tempo de a cerimônia terminar ainda sob a luz do dia.” Indiscutivelmente, foi um craque diferenciado cujo auge ocorreu em 1986 durante a Copa do Mundo da Inglaterra. E foi lá que um lance muito comentado, aconteceu entre o anfitrião e a Argentina, nas quartas-de-final. Um gol de Maradona marcado com a mão deu a classificação a seu time. Ao final do jogo, questionado sobre se tinha feito o gol com a mão, Maradona assim respondeu: “ Lo marqué un poco con la cabeza y un poco c

O Xerife de ativos

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Os americanos comemoram hoje o Thanksgiving, data mais importante do calendário. Amanhã seria o dia quando se formavam filas imensas nas lojas para comprar os produtos com um bom desconto do Black Friday. Com a Covid-19, como será esse ano? Fila no computador? Hahaha ... A expansão monetária em excesso cria uma serie de distorções nos mercados. Esse é o caminho traçado no mundo hoje. Não existe praticamente nenhuma economia que não se tenha aventurado numa expansão monetária em conjunto com uma fiscal. Como sempre tem que ter um motivo, a Covid-19 caiu como uma luva nesse sentido. Afinal, era para o bem de todos os habitantes de um país. Não estou dizendo que não se devia fazer, parecia não haver outra solução para combater a interrupção total das economias mundiais. Mas o questionamento é mais antigo, pois esse processo de injeções maciças começou em 2008 depois da GFC – Great Financial Crisis. Se, por um lado, vivemos num momento com excesso de mão de obra e capital, aliado a u

Apenas uma opinião

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  Existem situações na vida onde ficamos perplexos com a disparidade entre nossas ideias e o consenso. Um exemplo recente é a evolução da candidatura Boulos a prefeito de São Paulo. Assisti na última segunda-feira, o seu debate com o oponente Covas no Roda Viva. Para não entrar nos detalhes vou citar o mais importante no meu ponto de vista. Se tivesse que contratar o Boulos para algum cargo de uma empresa, escolheria a cozinha; não que seja menos importante, mas porque não exige capacidade de gestão. Ele seria muito bom para entreter os funcionários da empresa enquanto fazem suas refeições. Conclusão: Não demonstrou nenhuma capacidade de gestão, além de todos os outros aspectos oriundos de seu partido, o PSOL. Esse candidato subiu bastante nas pesquisas e está encostando no Covas, ameaçando a sua reeleição. No Estadão de hoje saiu o perfil de seus eleitores, e basicamente existe uma divisão entre os jovens e mais velhos, Boulos domina no primeiro segmento e perde no segundo. Esse e

Armadilhas do cérebro

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  É sabido que o ser humano não gosta de sofrer. Essa afirmação é bastante logica quando o assunto é dor física — afinal, para quem não é masoquista, não preciso me estender com argumentos. Agora, muito mais sutil é a dor mental, que na verdade é diferente da física por mexer com outras sensações. O articulista Michael Batnick, publicou um artigo provocando os leitores com uma frase: “se você busca evidências para justificar seus pensamentos, sempre vai achar um gráfico que os confirma”. Vejamos seus exemplos para o mercado americano.    Se você está procurando evidências de que os investidores que apostam na baixa jogaram a toalha, e que agora, portanto, é a hora de ficar cauteloso, há um gráfico para isso. Se você está procurando por evidências de que, na verdade, uma ausência de baixistas não significa uma quantidade esmagadora de altistas, há um  gráfico para isso  também. Neste tweet de  @MacroCharts, ele escreve: "Os traders de Futuros de Ações reduziram a exposição

Sob tensão

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  Como venho comentando ultimamente, o risco maior que os ativos correm é a inflação. Por mais que a grande maioria dos economistas reafirmem que essa possibilidade está fora do radar por muito tempo, eu tenho dúvidas. Às vezes me vejo literalmente sonhando com essa hipótese — é mais pesadelo do que sonho. Eu procuro ler os artigos publicados que levantam essa hipótese a fim de saber seus pontos de vista. Um recente publicado pela Bloomberg por Richard Cookson é um bom exemplo. Pode parecer estranho estar preocupado com a inflação em meio a uma recessão global, uma pandemia e enormes tumultos políticos nos EUA, mas tenho fortes suspeitas de que está prestes a acontecer em breve e de forma brusca. A rapidez com que isso aconteça vai depender da rapidez com que o mundo desenvolvido se recuperará nos próximos meses, mas as pressões estão aumentando. Como tem sido o caso por muitos anos, a inflação global tem o carimbo “Made in Asia” em todo lugar. Desta vez, porém, isso provavelmente