Pressão Monetária

 


Eu não sou economista, mas acho que poderia criar uma teoria econômica cujo título seria “A Pressão Monetária”, que explica por que os ativos de risco continuam subindo.

Primeiro vou relembrar a teoria monetarista, que afirma que as mudanças na oferta monetária são determinantes significativos da taxa de crescimento econômico e do comportamento do ciclo de negócios. Essa teoria é regida pela fórmula

MV = PQ

onde:

M= oferta de dinheiro

V = velocidade da moeda

P = preço dos produtos

Q = quantidade de bens e serviços

Já a Keynesiana é uma teoria econômica dos gastos totais na economia e seus efeitos sobre a produção. O emprego e a inflação são considerados na teoria do "lado da demanda", que se concentra nas mudanças econômicas no curto prazo.

Com base em sua teoria, Keynes defendeu o aumento dos gastos do governo e a redução dos impostos para estimular a demanda e tirar a economia global da depressão.

Participei de uma apresentação feita pelo JP Morgan com Michael Cembalest, o melhor analista do momento na opinião do Mosca. Vou usar alguns gráficos para sustentar minhas ideias.

O primeiro gráfico que apresento é impressionante, tanto que o autor o chamou de Kaboom, que significa o som de uma explosão, neste caso monetária. Na ilustração é apresentado o aumento do balanço dos bancos centrais no eixo x, e no eixo y o aumento do déficit fiscal pré crise, medidos em relação ao PIB. Notem que em nenhuma situação do passado chegou-se perto da intervenção que ocorreu por conta da Covid. O M da fórmula acima (a oferta de dinheiro) foi para o espaço.

A velocidade da moeda V, definida acima, é uma tentativa de estimar o número médio de vezes que um dólar muda de mãos. Caiu para mínimas recordes durante a pandemia à medida que a taxa de poupança aumentava. Mas vinha caindo há mais de duas décadas. 

Pode-se expandir a moeda ao máximo, e certamente ter toda a liquidez decorrente. Mas a menos que o dinheiro mude de mãos, vai ser muito difícil que a inflação suba.

Como consequência, as taxas de juros dos títulos ao redor do mundo despencaram, mas não ficando próxima de zero: foram para o campo negativo. O gráfico a seguir é chocante, pois 80% dos títulos de renda fixa têm juro real negativo. Se vocês estranharem porque a quantidade de ativos com juro nominal é menor, é pelo efeito da inflação subtraída desse juro.


É natural imaginar que os investidores busquem outros ativos para alocar seus recursos, e a bolsa de valores foi um desses locais. Acontece que a economia não se recuperou de forma homogênea. Existem setores que foram extremamente prejudicados e devem ficar assim pelo menos por mais algum tempo; em contrapartida, outros, como os de tecnologia, foram altamente beneficiados.

A tabela a seguir é bastante ilustrativa pela resposta dos investidores em cada segmento da economia e nas várias regiões do mundo. Uma análise mais pormenorizada deixa claro que a preferência é pelo mercado americano — afinal, é onde a economia e os estímulos responderam melhor — mas, mesmo assim, não foi igual para todos os setores. A América Latina tem sua pior performance ocasionada pela baixa participação de empresas de tecnologia e pela valorização do dólar. Certamente, se houvesse uma segmentação da China, os resultados seriam próximos aos dos americanos.

É interessante que a resposta dos governos em relação à Covid, bem como a atitude da população, é refletida nos resultados do combate à pandemia. Vejam a seguir uma comparação entre alguns estados americanos comparados a outros canadenses, cujas características são bem semelhantes.

Ontem o Fed finalizou sua reunião periódica de política monetária sem alteração alguma, dos principais instrumentos. Mas enfatizou os riscos da Covid, que assola as economias do Hemisfério Norte, reiterando que são necessários novos estímulos fiscais. Em relação aos riscos monetários, o Fed deixou claro que ainda tem bala na agulha. Como consequência, ninguém — nem o Fed, nem os economistas, nem o mercado — espera que os juros subam antes de 2023, no mínimo.


Com todas estas perspectivas, o que se poderia esperar dos ativos de risco? Aí é que entra minha teoria da Pressão Monetária, que ocorre quando a quantidade ampliada de dinheiro, injetada em conjunto com a queda da velocidade da moeda, encontra uma quantidade fixa de ativos (ações, ouro, bitcoin etc.). Para comportar esse excesso, o preço dos ativos sobe.

A bitcoin tem subido nesses últimos tempos, afinal malucos como o CEO da MicroStrategy resolveram comprar esse instrumento ao invés de devolver o dinheiro a seus acionistas. Sobre esse assunto, bitcoin, escrevi bastante durante o ano de 2017, e os leitores do Mosca sabem que eu não sou partidário desse investimento. Para quem não acompanhou, recomendo a leitura do post bitcoin-piramide-digital.

Um ativo pode ser desejado porque oferece a possibilidade de lucros futuros ou por sua escassez. As ações se classificam no primeiro caso enquanto o ouro e bitcoin no segundo. Uma diferença importante entre ambos é que o primeiro distribui dividendos e o segundo precisa que os preços subam para que ofereçam retorno.

Comparando o ouro à bitcoin, se por acaso o metal perder valor, ele ainda serve para fazer uma joia para sua esposa (portanto não lhe diga que você comprou ouro, pois ela passará a torcer para que o preço caia! Hahaha ...). No segundo caso, o que fazer? Nada, vão sobrar apenas alguns dígitos no seu computador! Ah, e guarde bem a senha, pois se perder vira pó na hora!

Para finalizar, espero que não levem muito a sério minha teoria econômica da “Pressão Monetária”, foi só uma forma de chamar sua atenção. Marketing! Hahaha ...

Fiquei impressionado pelo tempo que demorei para fazer uma atualização sobre o ouro, o último post é do final de setembro. Esqueci do metal! Não é muito verdade, pois eu continuo acompanhando diariamente, o que ocorreu é que as bolsas polarizaram minhas atenções. Mas tenho boas notícias, estou iniciando um trade de compra hoje.

No post copo-1/4-cheio, fiz os seguintes comentários sobre o ouro: ... “O triângulo foi inviabilizado na segunda-feira, quando o nível inferior de U$ 1.902 foi rompido, colocando o trade em andamento sob risco de ser stopado” ... ...” Abaixo apresento uma outra possibilidade para essa correção onde a queda deveria ser contida entre os níveis de U$ 1.862/ U$ 1.847. Abaixo disso, teria que rever minha análise” ...


A análise técnica deveria impressionar aos que não a seguem, veja que passados quase 40 dias, o que foi colocado acima funcionou muito bem, a mínima atingida foi de U$ 1.847, 22, exatamente no ponto inferior apontando acima (marcado no gráfico abaixo), depois disso o ouro se recuperou estando cotado agora em U$ 1.950.


O objetivo para o próximo movimento de alta é entre U$ 2.250/U$ 2.300, sendo assim, estou propondo um trade de compra nos níveis atuais U$ 1.950, com stoploss a U$ 1.900.

- David, já que você é tão bom, porque não comprou a U$ 1.850, desde então, a alta foi superior a 5%!

Espera um pouco, eu não estou me vangloriando por ter acertado na literalmente na mosca, o ponto mínimo, o mérito é da análise técnica. Se você fez esse comentário, devo ter passado a impressão de infalível, e muito longe de isso ser verdade. Mesmo o fato de ter ocorrido essa coincidência de números, não é sempre assim. Veja, a ferramenta é probabilística, isso significa que tem mais chance de acontecer.

Quanto a sua observação do porquê não comprei, quero lembrar que não gostei da extensa correção que ocorreu, quando o ouro caiu de U$ 2.072 até U$ 1.847, isso do ponto de vista relativo ao movimento que antecedeu. Vamos ver se agora o ouro vai para cima.


O SP500 fechou a 3.509, sem alteração; o USDBRL a R$ 5,3647, com queda de 2,90%; o EURUSD a € 1,1872, com alta de 0,43%; e o ouro a U$ 1.951, com alta de 0,15%.

Fique ligado!

Comentários