A Pfizer vence as eleições

 

Enquanto o mercado e analistas digeriam o que um governo Biden pode significar para os EUA, hoje pela manhã a Pfizer Inc. e a BioNTech anunciaram uma vacina que previne mais de 90% das infecções, em um estudo realizado com dezenas de milhares de voluntários. As descobertas preliminares surpreenderam os cientistas sobre a possível eficácia de uma vacina e alimentaram especulações entre os investidores de que poderia haver um caminho para sair da pandemia.

O calendário sugere que a vacina pode entrar em distribuição este mês ou no próximo, embora os reguladores de saúde dos EUA tenham indicado que levarão algum tempo para realizar sua revisão.

Os ganhos mais fortes no mercado foram entre as ações de small cap, que foram duramente atingidas pelos bloqueios. Os contratos futuros do Índice Russell 2000 de ações de small cap saltaram para uma alta de 7% enquanto os do S&P 500 subiram 4,2%, tudo isso antes da abertura dos mercados. Já o futuro do Índice Nasdaq 100 estavam com uma alta modesta de 0,5%.


Nitidamente, o mercado substitui o coronavírus pelo vírus do otimismo, imaginando que em bem pouco tempo a vida retornará ao que era antes.

O Biden nem assumiu e já levou de lambuja essa boa notícia. Na vida é preciso sorte, e parece que o futuro presidente mostrou que tem. Mas passada esta onda de otimismo, um artigo publicado pela Bloomberg por John Authres, além de elencar os motivos de otimismo, elenca os principais problemas à frente.

 É provável que seja uma lua-de-mel extraordinariamente curta, porque:

  • Embora Trump não tenha poder presidencial pelos próximos quatro anos, ele ainda terá um poder político muito real, e pode-se esperar que o use. Será uma pedra no sapato, e liderará uma grande e obstrutiva oposição.
  • Biden, dada sua idade, é visto como presidente de um só mandato. Politicagem para substituí-lo já está em andamento.
  • Os republicanos têm uma grande chance de retomar o controle da Câmara em dois anos. (Isso não é apenas porque os presidentes tendem a sofrer um grande balanço de médio prazo contra eles; é também porque haverá formação de novos distritos eleitorais após a conclusão do censo dos EUA.)
  • O Senado também provavelmente estará em disputa em 2022. Espere uma repetição dos dramas da semana passada, já que senadores republicanos planejam se aposentar na Carolina do Norte e Pensilvânia, enquanto o vencedor da eleição especial da Geórgia de janeiro também terá que defender seu mandato em 2022. Os assentos republicanos também concorrem à reeleição no Wisconsin e na Flórida.
  • Recriminações entre democratas são prováveis. Mais alguns progressistas foram eleitos para a Câmara, enquanto vários moderados foram expulsos.
  • A Suprema Corte poderia decidir a questão da saúde, sobre a qual há mínima chance de compromisso entre a Presidência e o Senado, se o Obamacare for considerado inconstitucional. Além de causar uma grande confusão política e provável agitação social, uma eventual perda de cobertura médica também pode gerar problemas econômicos.

Então, mais importante do que qualquer um dos fatores puramente políticos, Biden será recebido pelo coronavírus, que não desapareceu. Se ele sofrer mutações, ou ganhar ferocidade durante o inverno, o novo presidente não será capaz de fazer muito para resolver os problemas de longo prazo da América.

Importante: as notícias de hoje sobre a vacina podem alterar esse quadro (minhas observações)

Finalmente, há a sensação insistente de que um governo dividido pode dar certo, mas agora seria uma boa hora para se ter um plano claro para gastar algum dinheiro. A taxa de mudança é o que importa para os mercados, e a economia dos EUA ainda está melhorando. Mas como Torsten Slok, agora da Apollo Global Management, mostra neste gráfico, o emprego permanece muito abaixo do seu nível de um ano atrás, e a melhora está desacelerando:


Em relação à vacina da Pfizer, acredito que a primeira reação dos habitantes do planeta foi de alívio. Afinal, não existe nada mais esperado nestes últimos meses. Também é verdade que ainda existe um tempo extenso entre este anúncio e a aplicação da vacina, além do fato de que nem todo mundo pretende se vacinar de imediato. Mas é melhor ter a opção que não ter! O interessante é que as ações da Pfizer sobem 8% hoje, o que considero baixo, dados os movimentos observados pela manhã.

A análise técnica sobre as bolsas apresentada na semana passada já indicava um cenário altista, e posso garantir que o Mosca não tinha nenhuma informação privilegiada. No final de semana, analisei a bolsa brasileira e os parâmetros da correção traçados no post fomos-enganados, sugerem um nível menor que eu imaginava, induzindo que o mercado de alta pode estar em curso. Amanhã farei os comentários sobre esse ativo.

No post a-disciplina-da-resultado, fiz os seguintes comentários sobre o dólar, onde sugeri uma posição vendida. Como o post foi extenso, vou transcrever os trechos que considero mais importantes: ... “Vamos observar qual o possível retorno, sob 2 hipóteses:

      1)      Folego para subir – Nesse caso, o dólar deve recuar até R$ 5,165, para em seguida voltar a subir, e ultrapassar a máxima de R$ 6,00.

      2)      Cair no vazio – Nesse caso, o dólar deve recuar até R$ 4,67, para só depois voltar a subir” ...

...” O dólar está atingindo níveis que justificam um eventual trade de venda. O motivo é de ordem técnica” ... ...” deixa eu assumir que somente o Mosca e o Banco Central estão nessa posição, é verdade que nós pela razão acima e o BC porque não tem alternativa” ...



O dólar caiu com violência na semana passada, estendendo mais a queda, hoje pela manhã. Como já havia comentado acima, o Mosca não tinha inside information de ninguém, nem do Biden nem da Pfizer, apenas se guiou por elementos técnicos.

Se vocês notaram, fui muito cauteloso nesse trade, pois normalmente não gosto de atuar contra o mercado, pode machucar bem. Mas nesse caso, estabeleci 2 estratégias com stoploss diferentes, caso o dólar subisse. Felizmente isso não ocorreu. Por outro lado, nossa posição de ouro foi stopada hoje pela manhã.


No gráfico acima, estão marcados os seguintes níveis onde poderia ocorrer a reversão: primeiro a R$ 5,16; em seguida R$ 5,07 (minha preferência); R$ 4,92; e ao redor de R$ 4,70. Independente desses objetivos vou atualizar o stoploss para R$ 5,50.

Queria deixar reforçado que, caso o dólar continue o movimento de queda, após o último limite mencionado acima – R$ 4,70, aumenta consideravelmente a chance da alta de longo prazo do dólar ter terminado, meu cenário B.

- David, Hahahaha ... só rindo mesmo! Você acredita em Papai Noel?

Do mesmo jeito que parecia impossível o dólar cair na semana passada, as condições podem se alterar mais a frente. A recuperação no Brasil tem sido a melhor quando comparada aos dos países emergentes, veja o gráfico a seguir da produção Industrial (esquerda) e produção de veículos (direta).


Por outro lado, o que vem tirando o sono dos investidores locais e o aumento da dívida pública. Para enfrentar esse mal humor, o BCB tem encurtado sua colocação de títulos. Como consequência, o vencimento da dívida tem encurtado, e no próximo ano, esse volume é elevado.

Mas todos nos sabemos como os investidores encaram dados macro econômicos que não são conclusivos:

Numa mare negativa, aponta-se o risco: “a dívida publica vai atingir 100% do PIB” ... “esse nível é o estopim” ... e por aí vai;

Se uma onda positiva acontece, o discurso muda: “a dívida está elevada, mas com o crescimento tende a diminuir” ... ... “Hoje em dia, não existe país que não tenha uma dívida elevada” ...

Não estou querendo minimizar esse fato, mas, se as economias no resto do mundo tendem a normalidade e o preço das commodities continuar nos níveis elevados (ainda estão subindo), a situação do Brasil melhora consideravelmente.

Conclusão: Quem não vai querer receber os juros que os títulos brasileiros estão pagando?

Se essa divagação (sim porque não existe nada concreto) acima ocorrer, e principalmente, se o dólar estiver caindo frente as outras moedas, por que o real deveria continuar se desvalorizado? (Antes que meu amigo manifeste sua opinião)

Bolsonaro! Contra esse fato não tenho nenhum argumento! Hahahaha ...

O SP500 fechou a 3.550, com alta de 1,17%; o USDBRL a R$ 5,3855, com alta de 0,40%; o EURUSD a 1,1817, com queda de 0,45%; e o ouro a U$ 1.865, com queda expressiva de 4,40%.

Fique ligado!

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