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Mostrando postagens de junho, 2016

Encruzilhada

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No dia D+5, após a decisão da Inglaterra abandonar a comunidade europeia, qualquer conclusão pode ser prematura. Até agora, alguns indicadores parecem apontar para que o Brexit termine como um problema local. Nem se sabe ao certo, se será realmente implementado haja visto que existem grandes dúvidas. Os mercados operaram incialmente como se o risco de contágio fosse elevado, impactando diversos ativos. No post de ontem mostrei como os juros nos USA foram afetados e apontavam para níveis muito diferentes daqueles que o FED projeta. Naturalmente, a Yellen está acompanhando com cuidado o desenrolar dessa situação. Não acho que o que vou relatar seja um problema para a próxima semana, mas sem dúvida não há muito tempo. Vamos imaginar que a situação se acalme o suficiente para que o mercado volte à normalidade. Nessa circunstância como o FED irá agir? Os dados recentes apontam para uma economia americana com uma sensível melhora em relação aos trimestres mais recentes.

Marcha à ré

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Enquanto as atenções estavam voltadas ao Brexit e suas consequências, o mercado de juros nos USA começaram a apostar em cenários bem distintos daqueles que o FED projeta. No curto prazo estão apontando que o FED terá que cortar os juros ao invés de aumentar. O gráfico a seguir deixa claro que a menor chance no momento é de uma alta (em roxo). Não bastasse isso, o mercado não imputa uma probabilidade maior que 50% de os juros subirem no início de 2018. Essa mudança ocorreu depois que as bolsas no mundo e as commodities caíram, enquanto os bonds e o dólar subiram, após o voto britânico. A figura abaixo ilustra o movimento das principais moedas depois desse evento. No mercado futuro de juros, que é equivalente ao nosso contrato de DI, está precificado uma possibilidade real de corte de juros no final deste ano. O mercado de opções sobre os contratos de futuro, que é o mais negociado em todo mundo, projeta uma chance de 25% de um corte até setembro, é isso aí,

Local ou Global

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Não tem nada no curto prazo que chama mais a atenção que o Brexit, você encontra inúmeras opiniões, mas o que realmente importa, é se o que aconteceu terá um impacto local ou global. A economia inglesa tem uma parcela pequena de 4% do PIB global. Alguns gráficos podem esclarecer melhor quais são as consequências. Iniciamos com os locais. Abaixo se encontram os setores que mais poderão ser afetados em função de novas tarifas de comércio. Já em termos de balança comercial com a Ásia, e observando-se a China como o principal risco, pode-se constatar que é muito pouco afetado. Já em termos de impacto sobre o PIB, o gráfico a seguir mostra dois cenários, um mais realista e outro mais pessimista. Aqui também, com exceção da Europa na simulação mais pessimista, o efeito é pequeno. Através dessas projeções econômicas, poderia concluir-se que, o problema maior ficaria circunscrito à Inglaterra, porém os fatores políticos podem gerar repercussões que não estão

Conflito de interesses

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Depois de qualquer separação uma nova relação entre as partes gera, o que se chama no mundo dos negócios, conflito de interesses. Mesmo em relações humanas isso acaba acontecendo. Para quem já se separou, conhece as consequências, e nesse caso é mais grave. O conflito acaba recaindo sobre os filhos, que em alguns casos ficam divididos entre os pais. O mesmo não poderia deixar de acontecer no caso do Brexit. As declarações de alguns membros da comunidade europeia como Angela Merkel e Françoise Hollande, já dão o tom do que a Inglaterra poderá esperar na hora que negociar os novos acordos após a separação. Mas além disso, o processo dentro da própria Grã-Bretanha é complicado. Formalmente esse país deverá enviar um documento denominado de “artigo 50”, que é um anúncio formal de sua intenção de saída da comunidade europeia. Depois disso, começa a contar um prazo máximo de 2 anos. Agora, quem mandará esta notificação e quando, ninguém sabe, nem a unidade europeia, nem o re

Br - Exit

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Nassim Taleb, um conhecido investidor e autor de vários livros, cujo mais famoso chama-se Black Swan, é especialista em eventos fora da curva. Criou uma relação entre a população de cisnes com o mercado financeiro. A maior parte dos cisnes são brancos mas também existem raros que são pretos, da mesma forma os mercados funcionam normalmente na maioria do tempo, mas existem momentos críticos de grande volatilidade. Seu pensamento é que um investidor não pode correr o risco de perder tudo nestes momentos, e ao contrário pode se beneficiar dessas situações. Hoje foi um desses dias, a decisão do povo britânico de abandonar a comunidade europeia pegou o mercado totalmente de surpresa. Como comentei ontem, os preços dos ativos não levavam em consideração esta hipótese. Como consequência, a libra desabou, levando a sua cotação para a menor dos últimos 30 anos. Durante minha vida profissional passei por situações semelhantes, posso dizer que não é nada agradável. Em dias como

Brexitttttttttttt....

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Quando vocês estiverem lendo o Mosca, já se saberá se a Inglaterra fica ou não no euro. Os mercados desde ontem à tarde estão com uma liquidez bastante baixa, uma vez que, a grande maioria dos bancos tem orientado seus clientes a não tomarem posições até que o resultado seja anunciado. O banco Barclay´s publicou o que os 6 principais bancos centrais farão, caso o Brexit ganhar o referendo. Para não encher mais sobre esse assunto veja as suas principais ações: Bank of England – Irá cortar a taxa de juros para 0%. BOE – Implementa uma linha de emergência de liquidez. FED – Posterga a elevação dos juros. Bank of Japan – Intervenções esporádicas no yen. Swiss National Bank – Venda agressiva de francos suíços. Swedish Central Bank – Mais medidas de afrouxamento monetário. E eu, pretensiosamente, incluo mais um banco central. Banco Central do Brasil – Reza! Hahaha.... A maneira em que os mercados reagiram nada disso será preciso, mas como comentei o

Ação despercebida

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No meio de toda essa confusão sobre a saída, ou não, da Inglaterra do euro - sem dúvida um elemento de risco importante, do outro lado do mundo a China, de forma discreta, vem desvalorizando sua moeda. Nos últimos meses tem se visto um enorme esforço por parte do governo Chinês, em manter sua economia crescendo a níveis expressivos, se comparados aos padrões atuais nos outros países. Porém não está sendo fácil, se é que estão conseguindo. Com um modelo voltado exclusivamente às exportações, mudar o rumo para o consumo interno não se faz do dia para a noite. Se a “obrigação” de crescer não fosse tão elevada, talvez pudesse ser atingida com mais eficiência. Figurativamente, é como trocar de piloto com o carro a 150 km/h. O resultado na China não tem sido muito animador, o governo está tentando através do aumento de crédito incentivar sua economia, e o que se está colhendo são empresas com sérios problemas de solvência. Esta pode ser a razão para desvalorizar sua moeda.

Saia justa

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A operação lava jato está criando constrangimento numa instituição financeira de renome internacional. A agência Zero Hedge, publicou um artigo questionando como um funcionário do Credit Suisse poderia ter recebido um bônus maior que o do CEO. A situação veio à tona em função da delação de Sergio Machado e seus filhos, um deles o executivo em questão. O Sergio Machado filho, reportou um ganho de US$ 14,0 milhões em 2015, num ano em que a receita referente aos negócios de renda fixa caiu 42%. Adicionalmente aos dados locais, o banco sofreu seu primeiro ano de prejuízo depois da crise de 2008. O ganho obtido por Sergio Machado, foi muito superior que a maior remuneração paga em todo a organização ao seu membro do conselho, Rob Shafir, que ganhou US$ 8,2 milhões. Mesmo considerando que o primeiro compreendia bônus diferidos de anos anteriores, o valor é muito elevado. Uma operação que pode ter contribuido para esse ganho, foi um empréstimo de US$ 1,27 bilhão feito a

Last Kiss

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O mercado financeiro acordou mais aliviado nesta segunda-feira, com as últimas pesquisas a respeito do referendum sobre a permanência ou saída da Inglaterra do mercado europeu. O Brexit, como é conhecido, aponta para uma continuação. Vários estudos foram disponibilizados nesses últimos dias sobre as consequências de uma separação, todos eles apresentam certa dose de subjetividade, uma vez que, ninguém pode saber ao certo como seria. O processo, em sua totalidade, demoraria por volta de sete anos. Mas todos eles apontam para um resultado bastante negativo, além de consequências secundárias sobre o possível abandono de outros países. O gráfico acima assinala a probabilidade de saída da Grã-Bretanha, comparada ao movimento da libra. Notem que, a chance foi extraída de um site de apostas, que em minha opinião, tem mais validade que a pesquisa feita diretamente com a população. O motivo? A primeira envolve ganhos e perdas, e a segunda pode não espelhar com tanta veracidade o

A inflação é um problema?

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Antes de mais nada deixe-me esclarecer que o assunto de hoje é sobre a inflação nos USA, se fosse aqui nem teria dúvida. Ontem foi publicado o CPI do mês de maio, que ficou em 1,02%, excluindo alimentos e gasolina 2,24%. No gráfico abaixo pode-se ter uma ideia de como esses indicadores evoluíram nos últimos anos. O FED usa um outro índice como parâmetro de decisão para estabelecer a política monetária, o PCE. A diferença básica entre ambos é o peso sobre os custos de habitação, que têm estado mais pressionados. Essa é a principal razão da diferença a menor do PCE em relação ao CPI. Voltando novamente ao gráfico acima, notem que a inflação “core” - que exclui alimentos e gasolina, tem-se mantido relativamente estável, ao redor de 2% desde 2012, que é o objetivo explicitado pelo FED. Sabe-se também que, para estabelecer os juros considera-se o indicie pleno, onde movimentos para cima e para baixo são mais frequentes, em decorrência da volatilidade das commodities. Em resum