Dieta financeira
A forma como os juros dos USA
estão subindo me faz associar a uma dieta de regime. Quando estamos acima do
peso, num determinado momento dizemos chega! Fazemos um compromisso mental ou
verbal que, a partir da próxima segunda-feira vamos fechar a boca. Aí vem a
segunda e cumpre-se à risca o combinado, na terça algumas batatinhas fritas,
poucas, na quarta e etc ..., chega-se assim ao final de semana com queda de
peso zero. É uma frustração!
Perder peso é um processo longo e
requer muita disciplina, pois se o objetivo é alcançado, tão ou mais difícil
quanto perder, é manter o novo peso.
Para quem não se recorda, foi em
dezembro último que o FED elevou, pela primeira vez desde a crise de 2008, os
juros em 0,25%. Naquele momento, acreditava-se que a economia americana havia
saído da letargia dos últimos anos e começaria a crescer. Porém, desde então
alguns eventos externos e dados internos, foram empurrando mais para frente
essa decisão.
Não me recordo, de toda minha
vida profissional, uma situação onde a normalização dos juros fosse tão lenta.
Normalmente, o processo se dá com uma sequência mensal de aumentos, ficando a
dúvida em qual nível parar. E agora ainda tem um agravante, começou de um nível
baixíssimo de 0,25%. Bem, sobre essa última afirmação, não é o que diriam os
europeus e japoneses, pois 0,25% não é tão baixo assim para eles, é ótimo!
Amanhã o FED anunciará, após sua
reunião de política monetária, quais serão os juros a serem praticados, é quase certo que serão mantidos em 0.50%. Quero enfatizar aos leitores que, embora
seja esse o nível fixado, os juros negociados no mercado aberto têm ficado ao
redor de 0,37%, praticamente no meio do intervalo entre o anterior de 0,25% e o
atual. Ainda bem que se usa o computador agora, pois essa discussão não pagaria
nem o custo da folha de papel!
As apostas recaem sobre a reunião
de julho, mas alguns analistas acreditam que somente em setembro haverá esse
movimento. Seus argumentos são que, embora a expectativa de crescimento do PIB
esteja mais em linha com as projeções do FED – vide gráfico a seguir, o último
dado de emprego colocou a autoridade em dúvida, se foi um ponto fora da curva
ou uma mudança de tendência. Veja
as observações da Yellen em seu último discurso ...” Is the markedly reduced pace of hiring in April and May a
harbinger of a persistent slowdown in the broader economy? Or will monthly
payroll gains move up toward the solid pace they maintained earlier this year
and in 2015? Does the latest reading on the unemployment rate indicate that we
are essentially back to full employment, or does relatively subdued wage growth
signal that more slack remains?”…
Adicionem o cada vez mais provável
abandono da Inglaterra da comunidade europeia, como um fator de risco ao
cenário letárgico de recuperação mundial.
Da mesma forma como uma dieta de
regime, a elevação dos juros está sendo empurrada para a “próxima
segunda-feira”, só que no caso do mercado o regime é de engorda!
No post procura-se-um-culpado, eu tinha uma visão mais positiva sobre a moeda única: ...”Estou ficando mais propenso a acreditar
na alta, direção que tomei nos últimos trades”... Mas nos últimos dias, o
movimento de queda não foi contido e hoje caiu abaixo de 1,12, um nível do
qual, fiz os seguintes comentários: ...”Uma
queda abaixo de 1,12 poderá dar novo ímpeto para a queda do euro”...
O euro, desde o início de 2015,
mantém seu longo período de indefinição. No curto prazo anotei o intervalo que
merece atenção – 1,115/1,11. Veja no gráfico a seguir, sempre que tentou romper
a reta em verde, se recuperou logo em seguida. Assim, esse nível é muito
importante, caso não consiga romper e volte a subir, 1,15/1,16 passa a ser a
porta para futuras altas. No caso contrário, seu rompimento para baixo,
vislumbrará novas quedas.
Muito pouco se tem para propor
neste ativo, com um movimento errático de um lado para o outro, o mais provável
são perdas independentemente da posição tomada. Mas isso tem um final e quando
o mercado se posicionar para um dos lados, bons ganhos poderão ser obtidos. Vamos
conferir se capturamos esse momento no futuro, por enquanto pequenas apostas
para um lado ou para outro, essa é a música da vez!
O SP500 fechou a 2.075, com queda de 0,18%; o USDBRL a R$ 3,4788, sem alteração; o EURUSD a 1,1204, com queda de 0,76%; e o ouro a US$ 1.285, com alta de 0,14%.
Fique ligado!
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