A inflação é um problema?
Antes de mais nada deixe-me esclarecer que o assunto de hoje
é sobre a inflação nos USA, se fosse aqui nem teria dúvida. Ontem foi publicado
o CPI do mês de maio, que ficou em 1,02%, excluindo alimentos e
gasolina 2,24%. No gráfico abaixo pode-se ter uma ideia de como esses
indicadores evoluíram nos últimos anos.
O FED usa um outro índice como parâmetro de decisão para
estabelecer a política monetária, o PCE. A diferença básica entre ambos é o
peso sobre os custos de habitação, que têm estado mais pressionados. Essa é
a principal razão da diferença a menor do PCE em relação ao CPI.
Voltando novamente ao gráfico acima, notem que a inflação “core”- que exclui alimentos e gasolina,
tem-se mantido relativamente estável, ao redor de 2% desde 2012, que é o objetivo
explicitado pelo FED. Sabe-se também que, para estabelecer os juros considera-se
o indicie pleno, onde movimentos para cima e para baixo são mais frequentes, em
decorrência da volatilidade das commodities. Em resumo, é muito mais importante
observar o comportamento da inflação “core”.
O mandato do FED consiste em atingir seus objetivos na
inflação e taxa de desemprego. Observando esse último, mesmo com o dado ruim
publicado recentemente, o mercado de trabalho não poderia estar em melhor condição,
com uma taxa de desemprego de 4,7%. Esse nível é compatível com o pleno emprego
e de acordo com qualquer livro texto de economia, tende a ser inflacionário a partir
desse nível.
O gráfico abaixo é a projeção da taxa de juros no longo
prazo, publicado ao final de cada reunião do FED. Como se pode notar em 2012 o
nível era de 3,8% a.a., e veio caindo até 3% a.a., divulgado nesta última
reunião.
Os economistas do Deutsche Bank também estão perplexos com a
desconexão entre os juros e os fundamentos econômicos. O modelo do FED de
Atlanta projeta um PIB de 2,8% este trimestre, enquanto os juros apontam no
sentido inverso.
E aí fico com a seguinte dúvida: Se a inflação “core” se encontra estabilizada a 2% há
um bom tempo, o nível de emprego indica pressão inflacionária para o futuro, a
expectativa de crescimento não desaponta, por que o FED imagina que a taxa de
juros de longo prazo será 3% a.a. - que corresponde a um juro real de 1% a.a.?
Mesmo não sendo economista, a lógica indica três respostas.
1.
Eles acreditam que a economia crescerá com taxas
baixas.
2.
Preferem errar a inflação por excesso, aceitando
níveis superiores a 2% a.a.
3.
Não confiam que a política monetária manterá o crescimento
futuro.
Talvez esse seja o grande motivo da discordância dos membros do Comitê, na projeção das taxas de juros, e como sugerem alguns analistas: “A
Yellen parece que não confia mais nessa política”.
Independente de qual seja o motivo, esse cenário exposto
acima não corresponde aos desejos do FED.
No post recessão, fiz os seguintes comentários sobre os
juros de 10 anos: ...” Vou estabelecer um
trade para a venda de juros ao nível de 1,69% - no fechamento, com um stoploss
a 1,80% a.a. Se estivermos certos em nosso trade, preparem-se para as manchetes
quando negociar abaixo de 1,5% a.a.”...
Ontem o mercado se aproximou do nível apontado, chegando à mínima
de 1,52%. Depois disso busca uma recuperação.
O que eu venho enfatizando ultimamente sobre a quantidade de
títulos que tem juros negativos, virou notícia do Jornal Nacional. A história
mostra que quando isso acontece, provavelmente o movimento se encontra em seu estágio final. Mas como os juros nos títulos americanos ainda são positivos,
devem estar chamando novos compradores de outros países. Pelo sim, pelo não, vou
atualizar o stoploss para 1,65%.
O SP500 fechou a 2.071, com queda de 0,33%; o USDBRL a R$ 3,4158, com queda de 1,44%; o EURUSD a 1,1274, com alta de 0,45%; e o ouro a US$ 1.298, com alta de 1,53%.
Fique ligado!
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