Encruzilhada
No dia D+5, após a decisão da Inglaterra abandonar a
comunidade europeia, qualquer conclusão pode ser prematura. Até agora, alguns
indicadores parecem apontar para que o Brexit termine como um problema local. Nem se sabe ao certo, se será realmente implementado haja visto que existem grandes
dúvidas. Os mercados operaram incialmente como se o risco de
contágio fosse elevado, impactando diversos ativos.
No post de ontem mostrei como os juros nos USA foram
afetados e apontavam para níveis muito diferentes daqueles que o FED projeta.
Naturalmente, a Yellen está acompanhando com cuidado o desenrolar dessa
situação.
Não acho que o que vou relatar seja um problema para a
próxima semana, mas sem dúvida não há muito tempo. Vamos imaginar que a
situação se acalme o suficiente para que o mercado volte à normalidade. Nessa circunstância
como o FED irá agir? Os dados recentes apontam para uma economia americana com uma sensível melhora em relação aos trimestres mais recentes.
Vou começar com o indicador de crescimento do PIB elaborado
pelo FED de Atlanta. Diferente dos outros meses, a previsão tem se mantido
muito próxima às dos analistas, e num nível acima de 2,5%.
No quesito inflação, ontem foi publicado o PCE, indicador
usado pelo FED para estabelecer sua política monetária. Como o gráfico abaixo
mostra, ainda não se encontra dentro da meta estabelecida de 2% a.a., mas está
bem distante de uma ameaça de deflação.
O nível de emprego encontra-se próximo ao que se denomina em
economia de pleno emprego, onde a partir de um ponto, esperam-se pressões
inflacionárias vindas de aumentos de salários. O gráfico abaixo já aponta um
movimento neste sentido.
Hoje pela manhã foi publicado o Chicago PMI, um indicador
que é um barômetro da atividade de negócios. Esse indicador de um salto
expressivo em relação ao mês passado, vindo de 49,3 para 56,8.
Não fosse o Brexit o mercado já estaria trabalhando com uma
elevação de juros já na próxima reunião do FED em julho, ou no máximo até setembro.
A Yellen ainda tem algumas semanas para decidir o que fazer, e caso o mercado
retorne aos níveis anteriores, facilitará muito a sua vida, deixando a porta
aberta para agir. Entretanto, se isso não acontecer, ou a recuperação for
tímida, sua decisão passa a ser bem complicada, pois: ou vai junto com o
mercado e mantém um tom de prudência, arriscando ficar behind the curve, ou resolve de certa forma enfrentar o mercado e
deixar evidente que vai agir em breve, nesse caso, com o risco de “chacoalhar”
o mercado. Pelas observações passadas de como ela atua, acredito que ficará com
a primeira opção.
Os movimentos do ouro podem ter deixado vocês confusos de
qual seria a minha estratégia. No post marcha-lenta, eu cancelei uma
sugestão de trade. Desde então, tivemos o evento do Brexit que levou o metal
para o nível de US$ 1.358, e depois retrocedendo levemente.
O gráfico a seguir é com uma visão de mais longo prazo e o
ouro está dando sinais que pode retornar seu movimento de alta, que se
concretizado irá ultrapassar o nível atingido em 2011 de US$ 1.980. Mas não
será numa linha reta, teremos tempos para entrar.
Eu imagino que o ouro poderá entrar num movimento de
correção intermediário, onde os preços tenderiam ao intervalo de US$ 1.170 –
US$ 1.280. Mais antes disso tenho uma dúvida, a correção já está em curso, ou
ainda teremos uma nova alta antes disso? Se for o segundo caso, calculo que
poderá atingir US$ 1.460. Aos níveis atuais de US$ 1.320, isso representa mais
ou menos US$ 150 para cada lado – na correção ou na eventual alta.
Como eu não estarei por aqui por duas semanas, prefiro não
fazer nada e aguardar minha volta. Por outro lado, se eu estiver correto, em
meu retorno a correção já estará mais avançada, dando uma oportunidade de
entrar em níveis melhores.
Hoje o dólar chegou a negociar na mínima de R$ 3,1818, suficente para liquidar nossa posição vendida com um lucro de 7,6%, já considerando os juros positivos (0,84%) gerado pelo diferencial de taxas de juros. Ficamos assim, sem nenhum posição em aberto.
O SP500 fechou a 2.098, com alta de 1,36%; o USDBRL a R$ 3,2103, com queda de 0,37%; o EURUSD a 1,1100, com queda de 0,21%; e o ouro a US$ 1.322, com alta de 0,33%.
Fique ligado!
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