Desconfiança
Não existe nada pior que a perda de confiança no mercado
financeiro. Negócios de trilhões são fechados verbalmente com a premissa que
nenhuma das partes vai abrir o negócio. Durante minha vida profissional vivi raríssimos casos de quebra dessa regra, não se pode esquecer que, naquela época
não era praxe nem gravação das conversas telefônicas. Muito mais grave é quando
a credibilidade de um banco central é colocada em cheque. Existe na história vários
casos no qual o mercado aposta contra e se sai vencedor – Soros contra o BOE em
1991.
Atualmente, como o dólar é a moeda de referência mundial,
somente o FED pode “peitar” o mercado sem limites, os outros BC’s dependem de
sua própria moeda para se defender. Naturalmente existe uma hierarquia, o euro,
yen, libra esterlina, estão logo a seguir nessa escala. Agora mesmo se o FED enfrentar o mercado com uma política que o mercado avalia como errada, em
algum momento a desvalorização do dólar pode ser incontrolável.
Parece que estamos entrando em um cenário crítico em termos
globais, o mercado demonstra estar perdendo a confiança na política monetária
usada nestes últimos anos, pelos maiores BC’s do planeta. No Japão com todas as
ferramentas disponíveis o BOJ vem buscando desvalorizar sua moeda para
incentivar sua economia, porém desde o início do ano, o efeito tem sido o
contrário, uma vez que, o yen se valorizou.
No outro lado, o ECB vai na mesma direção. Conforme a
análise feita no post de ontem dieta-financeira, desde do início de 2015 o euro está estagnado no mesmo patamar.
A intenção dos BC’s em baixar os juros, não vem surtindo
efeito. Se a ideia é estimular o consumo, não é o que vem acontecendo. O
gráfico a seguir aponta que ao invés do consumo, o que vem crescendo é a
poupança nesses países que praticam juros negativos.
Já do outro lado do Atlântico o FED finalizou sua reunião de
política monetária conforme a expectativa, sem alterar os juros. Entretanto, para as projeções sobre o futuro, quando somente um votante acreditava em mais alta neste ano, agora já são seis.
Entretanto, o mais importante aconteceu na secção de
perguntas e respostas. Fiquei impressionado com a quantidade de vezes que a Yellen
repetiu “nós não sabemos”. Por um lado, é bom saber que o FED tem uma
postura honesta, pois não deve ser nada fácil para assumir uma resposta como essa, por outro lado, deixa o mercado hesitante se o FED está com dúvidas da sua estratégia.
A verdade é que a cada reunião o FED vem sendo obrigado a
rever suas projeções, que mais e mais, se aproxima das projeções explicitadas
nos mercados. Isso pode ser visto como um sinal de perda de credibilidade e habilidade em gerir a economia.
No post Ilan-1-2-3, fiz os seguintes comentários sobre o
ouro: ...” Acima de US$ 1.280 e
principalmente US$ 1.300, o campo estará livre para novas altas. Por outro
lado, abaixo de US$ 1.200 sua vida complica muito, o cenário de baixa ganha
força. Meu viés neste momento é de alta, vou aguardar algum momento melhor para
sugerir um trade de compra”...
Hoje o metal adentrou nesta região com as cotações muito próximas a US$ 1.300. Eu pensei anteriormente que o ouro poderia retroceder parcialmente. Pode ser
que ainda aconteça agora, ou de um nível mais elevado. Tecnicamente, um
rompimento do nível US$ 1.305, deveria originar um trade de compra. Mas alguns
fatores menores me deixam temeroso.
O gráfico acima tem uma visão de mais longo prazo e deixa
poucas dúvidas da força do metal, em função disso sou compelido a sugerir esse trade de compra caso o nível de US$ 1.305 - no fechamento, seja ultrapassado, o
stoploss será bem curto de US$ 1.275. Vamos ver como o mercado reage nos próximos
dias.
O SP500 fechou a 2.071, com queda de 0,18%; o USDBRL a R$
3,4720, com queda de 0,16%; o EURUSD a 1,1263, com alta de 0,50%; e o ouro a
US$ 1.292, com alta de 0,56%.
Fique ligado!
Comentários
Postar um comentário