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Mostrando postagens de março, 2019

Conversa fiada

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Nesta sexta-feira, o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, e o representante de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, realizaram reuniões em Pequim para garantir que não houvesse discrepâncias nas versões em inglês e chinês do texto, além de equilibrar o número de visitas de trabalho a cada capital. E ainda, enquanto os traders viram isso como sinais de otimismo, a realidade é que isso só era necessário porque os dois conjuntos de rascunhos pareciam diferir substancialmente, e o foco na redação conjunta "se tornou uma questão chave depois que as autoridades americanas reclamaram que as versões do texto em Chinês, haviam retrocedido ou omitido os compromissos assumidos pelos negociadores. Essa seria uma boa maneira de alterar o acordo e criar problemas, caso tenham que ser questionados no futuro. Como sempre, espera-se muito barulho no mercado e pouco ou nenhum sinal, embora os mercados procurem qualquer desculpa para as ações fecharem mais altas hoje – final de tri

Presidente disruptivo

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Acabou a lua de mel, se é que ela existiu. Depois do término de uma eleição extremamente polarizada, inclusive com atentado a vida do atual presidente, parecia que ao ser empossado, Jair Bolsonaro, mudaria seu jeito explosivo e confrontador, no intuito de dar um rumo ao país. Mas quem imaginou esse cenário róseo, partiu de premissas erradas. Para um ex-Capitão das Forças Armadas, foi educado a obedecer e a comandar, de uma forma booleana, mas nunca negocial. Sua equipe já dá uma ideia de como pretende conduzir os próximos 4 anos, composta em sua grande maioria por militares, não se poderia imaginar que seria como seus antecessores, o toma lá dá cá. Agora ou se é amigo ou inimigo. Notem como ele trata a imprensa, para entender sua forma de agir. Ontem por exemplo, num encontro realizado na casa do presidente da Cyrella, a Folha, Globo e o Estadão foram proibidos de entrar, somente tiveram acesso SBT, Bandeirantes, Record, a segunda linha do jornalismo. Vou fazer um aparte,

Desconectado do trabalho

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Um estudo realizado pelo FMI traz alguns dados preocupantes sobre os jovens ao redor do mundo e principalmente na América Latina. Os jovens enfrentam mercados de trabalho difíceis e escassez de empregos em países de todo o mundo. Por exemplo, cerca de 20% das pessoas de 15 a 24 anos de idade no mercado emergente médio e na economia em desenvolvimento não estão nem no trabalho nem na escola - esse grupo inclui países como Brasil, Gana e Malásia, entre outros. Isso é o dobro da participação na economia avançada média. Como os mercados emergentes podem fechar essa lacuna? Um estudo recente do corpo técnico do FMI aponta para uma série de políticas que podem melhorar as perspectivas de emprego para todos, mas especialmente para os jovens que não frequentam a escola. O documento enfoca três políticas em particular: maior igualdade de gênero no local de trabalho, melhor funcionamento dos mercados de trabalho e mercados de produtos mais abertos e competitivos. O gráfico a se

Isso é juros!

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Num mundo sem juros, ou melhor, com juros negativos, vide abaixo o total acumulado de bonds que rendem negativamente, a Turquia resolveu botar lenha na fogueira. Poucos dias depois do presidente turco Erdogan ter prometido medidas contra especuladores e lançado uma ação contra o JPMorgan, que orientou seus clientes a venderem a moeda na terça-feira, as autoridades turcas tomaram suas vendetas contra vendedores. Consultaram o manual de manipulação de moeda chinesa, e tornaram virtualmente impossível para os investidores estrangeiros apostar contra a lira. A taxa de swap overnight subiu mais de dez vezes nas últimas duas sessões, para mais de 300% a.a., o maior nível já registrado desde a crise financeira de 2001, enquanto fundos estrangeiros clamam pelo fechamento de posições, não conseguiram encontrar contrapartes e o custo da lira curta explodiu. A repentina evaporação da liquidez foi em parte resultado das restrições impostas pela Agência de Supervisão e Regulame

Desta vez é diferente?

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O assunto mais discutido nos mercados internacionais é a possibilidade de a economia americana entrar em recessão proximamente. Com esse temor em mente, um indicador que antecipou com razoável presteza é o diferencial de juros entre os títulos do governo de 2 anos e o de 10 anos, isso é, quando a curva fica invertida. Um artigo publicado por Mohamed El-Erian, destacado articulista, escreveu um artigo que ajuda os leitores a entender melhor porque esse fenômeno pode prognosticar a recessão, e suas razões do porquê desta vez pode ser diferente. Extrai alguns trechos de seu inciso. No final da semana passada, o rendimento dos títulos do Tesouro de três meses subiu acima do rendimento dos títulos do Tesouro de 10 anos pela primeira vez desde 2007, alertando que os EUA entrarão em recessão ainda este ano ou no início de 2020. Isso porque Historicamente, essas “inversões de curvas” tendem a preceder grandes desacelerações econômicas em cerca de um ano. No entanto, por razões

Um espirro ou uma bomba

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Quando alguém está com medo, qualquer estrondo tem um efeito multiplicador, a percepção é de uma bomba explodindo. Desde que o Fed surpreendeu o mercado, anunciando que não promoveria mais nenhum aumento de juros este ano, o mercado ficou desconfiado que a autoridade monetária está sabendo, ou tem receio, de algo ruim que não quer revelar. Afinal, porque resolveu mudar assim de repente. Em apenas três meses, saiu de um ambiente considerado benigno, que justificava aumento de juros três vezes este ano e mais um no próximo, para zero! Com exceção da bolsa que subiu forte ontem, os juros caíram em todos os lugares do mundo, prevaleceu o dilema apresentado no post o-quarto-fator-de-produção . Como dizia um colega americano “os melhores traders estão nos bonds não na bolsa”, sendo assim, a interpretação do mercado é que tem alguma coisa no ar, e não é boa. Na dúvida, fique alerta. E o ruído apareceu hoje na Europa, com a publicação dos PMIs.   Há duas semanas, os investidores

O Fed afinou

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No post publicado esta semana  so-falta-avisar-quem , elaborei algumas alternativas para o resultado da reunião realizada ontem no Fed. A alternativa mais branda contemplava uma perspectiva para os juros, com aumentos em 2019 e 2020 de: 0,25% + 0%. Mas a decisão inverteu, projetando 0% para 2019 e 0,25% para 2020. Como o histórico do Fed em termos de previsões tem sido ruim, o mercado interpretou que os juros não vão subir nunca mais – usei o termo grifado para fazer uma brincadeira com os leitores, pois toda vez que alguém faz uma declaração deste tipo, pergunto se quer apostar, bom risco, não acham? Hahaha .... No caso, não aposto! Não bastasse essa indicação de receio por parte do Fed, suas projeções sobre crescimento e inflação para o futuro foram revisadas para baixo. Aí o mercado coçou a cabeça, e depois de algumas horas de negociação, percebeu que o Fed poderia estar dando um recado que a economia não está tão bem assim, olhando-se para o futuro, embora não t

O quarto fator de produção

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Existe um movimento atual que está deixando os economistas intrigados. Na verdade, não é somente um, mas diversos indicadores econômicos não estão de acordo com a teoria econômica tradicional. Escolhi um artigo da Bloomberg, que menciona a distorção que está acontecendo no mercado de títulos e bolsa americana, que segundo a suas crenças não faz sentido, o qual seja, a queda dos juros associada com a alta da bolsa. Na última segunda-feira, tivemos uma discussão na Rosenberg que pode explicar essa e outras distorções de maneira empírica. Ao final do artigo vou explanar de maneira sucinta a ideia discutida. Quero deixar claro que não estou propondo uma nova teoria, nem tampouco tenho uma maneira de provar essas ideias. É um pensamento que parece fazer sentido, encarem desta forma.   Mas se por acaso, esses forem os motivos, o impacto é importante do ponto de vista de investimentos. Os mercados de ações dos EUA e do Tesouro divergiram desde que o presidente do Federal R