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Mostrando postagens de abril, 2019

Nenhum país quebra

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Uma matéria publicada pelo Financial Times, baseado em artigo divulgado no início deste ano pelos acadêmicos Josefin Meyer, Carmen Reinhart e Christoph Trebesch, comprovam a tese que países não quebram, podem renegociar sua dívida em condições “ruins”, mas não quebram. Acontece que, dependendo da hora que o investimento é feito, o ruim pode não ser tão ruim. Nenhum ativo argentino escapou na semana passada da volatilidade do mercado. Não menos importante, os títulos em dólar do país que vencerão em 2117. Os chamados "títulos do século" negociaram até 66 centavos de dólar, antes de se estabilizarem em torno de 67 centavos. Quando o país emitiu pela primeira vez a dívida de U$ 2,75 bilhões em junho de 2017, com um rendimento anual de 7,9%, os investidores correram para adquiri-lo. A demanda desmedida atraiu muito ceticismo e, às vezes, gozação, com muitos destacando-o como um sinal claro de espuma no mercado. As principais questões foram, em primeiro lugar, qu

Novos critérios de escolha

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Aqui no Brasil, tem se visto de forma discreta, menção sobre investimentos em empresas que seguem o critério ESG – Environmental, Social and Governance . Segundo definição da Investopidia, são aquelas que atendem um conjunto de padrões para as operações de uma companhia que, os investidores conscientes socialmente, usam para rastrear investimentos potenciais. Critérios ambientais consideram como uma empresa que atua como gestora da natureza. Os critérios sociais examinam como gerencia as relações com funcionários, fornecedores, clientes e as comunidades onde opera. Governança lida com a liderança de uma empresa, remuneração de executivos, auditorias, controles internos e direitos dos acionistas. Nos últimos anos, os investidores mais jovens, em particular, mostram interesse em colocar seu dinheiro onde estão seus valores. As companhias que fazem a gestão de fundos ofertam veículos que seguem esse conceito ESG. Mas talvez não seja somente esse segmento que vem adotando essa po

As aparências enganam

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A publicação do PIB americano poderia dar a impressão que a economia americana está bombando, afinal 3,2% de crescimento no 1º trimestre não é para qualquer país (vamos aguardar o nosso). Observando à primeira vista essa seria a conclusão mais natural. Leve-se em consideração que, nesse período, houve a paralisação das agências do governo, um inverno muito rígido, a incerteza sobre a política comercial com a China, bem como a desaceleração do crescimento global. Mas os detalhes apontam para algumas questões. A taxa de crescimento mais forte do que o esperado foi impulsionado por uma forte recuperação na taxa de exportações, que subiu 3,7%, um salto nos gastos do governo estadual e local e um maior investimento em estoques privados. Esses ganhos foram parcialmente compensados por uma menor taxa de gastos de consumidores e empresas. Os gastos do consumidor, que representam dois terços do produto interno bruto, moderaram-se para uma taxa de 1,2% no primeiro trimestre. Is

Azedou para os emergentes

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Nestes últimos dias os mercados emergentes vivem pressão por conta da valorização do dólar. Os leitores mais antigos devem lembrar que usei um termo, que se aplica neste momento. Quando digo que o dólar está subindo é o dólar-dólar. . Ontem a moeda local o real, sofreu uma queda forte, mesmo com a aprovação da Previdência pela CCJ, o que deixou alguns leitores intrigados, como isso era possível? Vamos inicialmente analisar o DXY – dólar index, pois já faz um bom tempo que não trago esse indicador. No gráfico abaixo se pode notar a recente alta rompendo uma área de resistência ao redor de 97.5. Esse índice poderia subir mais 2% a 3%, onde eu espero que haja uma reversão para depois cair. Poderia porque não é obrigatório que suba. Essa visão só seria alterada caso ultrapasse o patamar de 100.5, e principalmente, rompendo 104. Se contra as moedas do G10 o movimento foi generalizado de queda, imaginem os emergentes. O índice dos países emergentes acompanhado pelo banco

Desafiando os pessimistas

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Ontem a bolsa americana atingiu um novo recorde histórico, desafiando diversos analistas que previam uma queda importante. É impressionante como em poucos meses, o SP500 subiu com pujança. Hoje vou comentar tecnicamente sobre esse ativo mais à frente. Mas qual foi o triger para essa reviravolta? A mudança do Fed, que há 6 meses dizia que os juros subiriam até atingir sua projeção ao redor de 3% a.a. Aos meus leitores, confesso que tenho muita dificuldade em entender que diferença faz o juro num nível de 2,5% como é hoje, para 3%. Esses 50 pontos são suficientes para o mercado mudar da agua para o vinho (e dos bons!)? Mas o mercado não entendeu desta forma, é verdade que uma boa parte esperava, ou espera, um corte mais adiante, embora houve uma retração nessa expectativa conforme mostra o gráfico a seguir. Um relatório publicado pela Goldman Sachs enfatiza que o Fed perdeu sua supremacia em previsões.   Os ativos de risco estão reagindo mais fortemente aos choques mon

Nem operação roubo!

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Quando o mercado financeiro tinha sua elite instalada no Rio de Janeiro, eu me deslocava semanalmente para acompanhar a mesa de operações de mercado aberto, que estava sobre minha responsabilidade. Naquela época, para um jovem executivo com relativo poder, ficar alguns dias na cidade maravilhosa era um prazer. Bons tempos! Isso acontecia no início dos anos 80 onde as operações eram realizadas por telefone - talvez hoje ainda seja, mas seguramente tem muito menos importância que naquela época. Os operadores eram em sua maioria jovens com habilidade emocional e pouca instrução. Era mais importante intuir a posição de sua contraparte no telefone, bem como obter informações se o mercado estava comprado ou vendido, do que saber calcular Eu tinha uma formação exatamente inversa, bom conhecimento de finanças e pouco de telefone. Posso dizer sem exagero que nós fomos os percursores nessa mudança. Implantamos diversos programas em microcomputadores Apple - com 48k, para auxiliar o

Otimismo questionável

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É inegável que a era da robótica está se proliferando. Os países mais desenvolvidos e principalmente a China onde o maior parque de robôs do mundo se encontra, ganha importância dia a dia. Quem não aderir a essa tendência ficara obsoleto e sem condições de competição. Por outro lado, existe um temor que uma quantidade enorme de empregos deverá sumir, colocando em risco a estabilidade econômica, principalmente dos países menos desenvolvidos com elevada participação de mão de obra menos qualificada. Mas nem todos estudiosos pensam dessa maneira, Robert Skdelsky, professor de economia política da Universidade de Warwick, acredita que o futuro poderia ser melhor sob certas condições. Quase todas as histórias de "robôs que estão chegando" seguem um padrão testado e comprovado. "Shop Direct coloca em risco 2 mil empregos no Reino Unido", aparece numa manchete típica. Então, citando relatórios oficiais de institutos de prestígio e pensadores, o artigo em ques

Dale!

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Tenho viajado para o Uruguai nos últimos anos, aumentando meu contato com argentinos e uruguaios. É um lugar muito agradável, cidades limpas e organizadas, população em média bem-educada, uma ótima qualidade de vida. Os argentinos e uruguaios se misturam durante o verão, pois o Uruguai sempre foi um reduto dos Hermanos. No passado, e acredito que ainda é assim, o veraneio dos argentinos se dá sob dois aspectos, o laser e os dólares, este último sendo o local predileto para oculta-los. Na verdade, existe uma diferença entre ambos, o primeiro retorna enquanto o segundo permanece por lá. Minha proficiência no espanhol tem melhorado em função dessa convivência. Uma das palavras que eles usam bastante é dale , cuja tradução não é muito direta. Por exemplo: se você resolve convidar alguém para um almoço a resposta é dale, equivale nesse caso a um sim, ok, legal. A situação na Argentina está bastante complicada, a inflação foi contida por muito tempo. Agora está ganhando uma