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Mostrando postagens de dezembro, 2018

2018: O Ano do fracasso

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Como de costume, o Mosca realiza seu balanço anual. O resultado de 31,93% pode ser considerado excepcional ao se ponderar que, 90% dos ativos mundiais obtiveram um retorno negativo. No post  o-conservadorismo-foi-vitorioso , um relato sobre esse tema merece uma reflexão, uma vez que, em 2017 aconteceu ao contrário, o Mosca obteve um retorno bem aquém das oportunidades de ganho em diversos mercados. Uma visão mais simplista poderia levar a conclusão que o Mosca tem uma preferência em “apostar contra”. Porém, não foi esse o caso, basta analisar as operações realizadas onde o viés sempre foi no sentido positivo – o maior ganho aconteceu no Ibovespa (+ 9,72%) e a maior perda ocorreu no mesmo ativo (– 5,88%), também quando estava comprado. Outro fator que poderia ter alguma influência seria o número de operações efetuadas. Porém, durante os últimos 3 anos, nada mostra de diferente, veja a tabela abaixo. Um fator que teve sim influência, foi o calendário, pois parte

Euro: Sem destino

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Vem ano, passa ano, e parece que a situação na Europa continua a mesma. Em alguns momentos sem tem alguma esperança, mas na maioria ceticismo. Na verdade, é consequência de uma ideia mal concebida com a criação de uma moeda única, que tinha objetivos razoáveis, mas que se mostrou ineficiente na prática. Nos meus 40 anos de mercado uma das coisas que aprendi é que câmbio fixo não funciona. Mais cedo que mais tarde, é abandonado. Posso citar inúmeros casos que recordo, aqui mesmo no Brasil foi tentado diversas vezes, e nenhuma delas durou muito. Esse experimento na Europa já dura 18 anos e até o momento serviu muito bem para países eficientes como: Alemanha, Holanda, Áustria, e muito mal para países ineficientes como: Itália, França, Grécia. A cotação tende a ser vantajosa para os eficientes e desvantajosa para o outro grupo. Se adotar um produto one size fit all já é limitado, para uma taxa de câmbio é impossível. Por exemplo, se a taxa do euro valesse só para Alemanha tal

Real: Refém do exterior

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Quando os juros locais eram de dois dígitos e os juros americanos zero, apostar contra o real era um ato glorioso, qualquer erro de timing era mortal. Somente em situações de extrema gravidade como a que ocorreu em 2015, a aposta contra a moeda nacional se mostrou vantajosa. Mesmo essa, se não foi rápida sua saída, o lucro se tornou um grande prejuízo no meio de 2016. A situação cambial brasileira é muito tranquila, com reservas no nível de U$ 380 bilhões, a dívida externa soberana quase inexistente, é necessário um problema muito grave para ameaçar essa situação. Mesmo este ano, onde várias moedas emergentes sofreram desvalorizações expressivas, o real teve uma queda um pouco superior a 15%. Mas além do fator acima, a situação em termos de diferencial de juros é muito diferente. Com a taxa SELIC em 6,5% a.a. aliado a um juro americano ao redor de 3% a.a., já não é bater em morto ficar comprado em dólares somente por este motivo, tem que ter outras razões. Não que a vanta

Juros: Quem dá menos?

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O assunto juros é tão importante em 2019 que o Mosca decidiu usá-lo como tema. Depois que o Fed adotou uma política monetária frouxa, e bota frouxa nisso, durante vários anos, em 2016 começou lentamente a normalizar os juros. Agora deve estar próximo do termino desse ciclo, que está sendo muito diferente dos anteriores. O nível de juros atual é muito inferior ao que predominava nas últimas décadas, basta observar o gráfico mais adiante. Vários são os fatores para essa mudança de patamar, dos quais destaco: queda da inflação, nível menor de juro real, terceirização da mão de obra. Naturalmente, esses fatores têm influência uns nos outros. A economia é cíclica, e assim como nos anos 50, a situação atual se assemelha. Pode ser que, estamos na eminencia de um novo ciclo de alta de juros. Para resolver essa charada vamos usar a análise técnica. Antes de começar a expor os possíveis cenários do próximo ano, gostaria de dividir algumas observações num gráfico de longíssimo p

O ouro sai da reserva

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No post o-ouro-perde-o-brilho , fiz algumas afirmações que poderiam ter colocado o Mosca em cheque: ...” Antes do bitcoin ser a coqueluche do momento, o ouro era considerado o porto seguro. Não que não seja mais, afinal tem uma tradição milenar, mas as cryptocurrencies passaram a chamar toda a atenção. Durante 2017 comentei diversas vezes sobre essa nova tendência e tenho o meu veredito sobre o assunto: Trata-se de uma bolha, a maior da história ” ... Coincidentemente, esse post foi escrito no dia 13 de dezembro de 2017, exatamente há um ano. Agora todos podem ver como mudou o mundo em relação ao bitcoin. Provavelmente, algum leitor que estava envolvido com a cripto moeda, ao ler aquele post, deve ter desprezado minhas palavras, ou acreditado que era apenas uma opinião. Não fico chateado com isso, eu sei que o comportamento humano é altamente influenciado pelo momento. Naquela época o bitcoin chegou a U$ 20 mil, hoje negocia a U$ 3,4 mil, uma queda de 83%. Não acompanho e

Ibovespa: "Last kiss"

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A análise do Ibovespa não é tão trivial pois se encontra num nível de suma importância, como enfatizando nos posts. Com a posse do novo governo, aliado a um possível novo período no Brasil de juros baixos, os bancos locais estão orientando seus clientes a vender até as calças para investir na bolsa brasileira. Em relação ao primeiro ponto, o novo herói da economia, Paulo Guedes, fez tantas declarações no sentido de melhorar a economia, que mais parece o João de Deus nas finanças, sem estupro! Hahaha .... Dentre todas as medidas, é raro encontrar alguma que não faça sentido. Agora só falta combinar com os Russos, ou melhor como o Congresso, e neste ponto tenho serias duvidas de sua capacidade de negociação. Conheço o Ministro de longa data, quando ele ainda era sócio do banco Pactual. Algumas ocasiões estávamos em posições contrarias no mercado. Posso dizer que, naquele momento, operava sem limites. O que quero enfatizar é que, Guedes é mais operador que negociador, e por expe

A ilusão das previsões

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Hoje começo a preparar as previsões do Mosca para 2019. Um dos temas que devem polarizar no próximo ano será a política monetária americana. O Fed tem projetado de forma sistemática sua intenção de elevar os juros a um nível de 3,5% a.a. Enquanto os juros estavam em um digito, isso não era uma preocupação, mas agora que está mais próximo (para dizer a verdade não tão próximo assim), agregado a preocupação de uma possível recessão, tem polarizado os economistas, e porque não, os membros do Fed. Do ponto de vista da autoridade monetária, e segundo as informações do último Comitê, a alta de dezembro próximo está garantida, sendo assim, faltariam mais três. Já alguns economistas projetam mais quatro altas, enquanto o mercado trabalha com uma probabilidade de 70% de mais uma. Talvez para nós brasileiros esse preciosismo parece exagerado, não parece fazer muita diferença entre +/- 0,25%. Mas nesse caso, não é bem assim, pois como os dados econômicos são bastante robustos, um de

Veja bem!

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Na última sexta-feira foram publicados os dados de emprego nos EUA, com a criação de 115 mil vagas, inferior a expectativa de 198 mil. A taxa de desemprego manteve-se constante em 3,7%. Os salários, item muito observado para os analistas que acreditam em inflação crescente, subiu, situando-se agora superior a 3% a.a. De uma maneira geral se pode considerar esses dados como sólidos, mas não explosivos que poderiam preocupar as autoridades no quesito inflação. Esse resultado, em conjunto com a volatilidade apresentada pela bolsa, está fazendo que, alguns analistas mudem de opinião sobre o nível de juros para 2019. Durante meses, a visão otimista do banco Goldman Sachs sobre a economia, despertou surpresa no mercado. Com previsão de 4 aumentos de juros em 2019, um número ainda maior do que a previsão do Fed, para não mencionar a previsão implícita do mercado de menos de 1 aumento da taxa no próximo ano, destoava fortemente. Em relação à turbulência nos me

A ilusão das ações

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Vou transcrever um artigo publicado por um escritor e analista, Vitaliy N. Katsenelson, que vem de encontro a algumas das minhas ideias, não todas. Seu conteúdo se baseia no conceito das distorções ocasionadas no mercado de ações, no curto prazo. O filósofo romano Sêneca não falava sobre o mercado de ações quando escreveu que “o tempo descobre a verdade”, mas ele poderia ter sido. No longo prazo, o preço das ações refletirá o valor intrínseco de uma empresa (verdadeiro). No curto prazo, o preço é basicamente aleatório. Aqui estão dois exemplos da vida real. Digamos que você tivesse a inteligência para comprar ações da Microsoft em novembro de 1992. Seria uma decisão brilhante a longo prazo - as ações da gigante do software subiram muito desde então. Mas nove meses depois, em agosto de 1993, essa ideia não parecia tão brilhante: as ações da Microsoft haviam caído 25% em menos de um ano. Na verdade, você levaria 18 meses, até maio de 1994, para essa compra se tornar positiv

Diagnóstico duvidoso

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A conta corrente de um país é um indicador largamente acompanhado pela comunidade internacional. É através dele que se analisa a fragilidade ou robustez das finanças de um país, além de influenciar de forma importante sua taxa de câmbio contra as outras moedas. Neste ano observamos dois países que sofreram um ataque especulativo contra suas moedas oriundos da fraqueza desse indicador. Tanto a Argentina, como a Turquia, possui déficits em conta corrente, aliados a uma grande dívida em moeda estrangeira e com baixa reserva. Sendo assim, foram alvos clássicos de um ataque. Para os especuladores, quando a situação internacional de liquidez se altera, como ocorre atualmente, atacar a moeda de países com essas características é moleza, a chance de ganho é enorme. Para que o leitor entenda, o pais que está sendo atacado não tem como se defender, pois, não emite dólares, só resta pedir apoio a autoridades como o FMI. Para complementar, vale uma ressalva. Como o dólar é considerad