"Tutti buona gente"
Hoje a foto do post é uma lembrança a tragédia que ocorreu com o avião que levava a equipe de futebol do Chapecoense, para a disputar a final da Copa Sul Americana. Vou transcrever um texto que circulou hoje pelas redes sócias de Artur Crispin ... ” Costumo dizer que futebol é metáfora da vida e talvez por isso esse lance com a Chapecoense me deixa tão triste. Porque, por mais que torçamos para Flamengo, Corinthians, Vasco, Palmeiras, Santos e outros grandes times, na vida a gente é mesmo Chapecoense”... ...” A gente é Chapecoense na vida porque, por mais que algumas vezes queira e em outras se sinta impotente, está lá, sempre na peleja”...
Quando eu era criança, lembro-me de ouvir diversas vezes uma
frase que se referia aos italianos, “Tutti
buona gente”. Mesmo sem conhecer a língua italiana é fácil imaginar o seu
significado. Acredito que isso seja decorrente de que eles eram a maior colônia
estrangeira, depois dos portugueses, que vivia no Brasil. Para quem conhece a
Itália sabe que é um país sui generis:
as pessoas não conversam, discutem, pelo menos no meu padrão de entendimento;
cheio de história por todos os cantos; líder na moda e tudo que envolva design;
e dono da marca mais desejada de automóvel, a Ferrari; sem falar na sua cozinha
repleta de pratos deliciosos.
Entretanto, desde que a Itália aderiu ao euro no final dos
anos 90 tudo começou a mudar. Anteriromente, com uma moeda sempre
desvalorizada, a lira italiana, e sem os males da globalização, conseguia
financiar seu déficit público pagando taxas elevadas comparadas aos padrões
internacionais. Eu me recordo de títulos de bancos que rendiam 9% a.a., enquanto
um alemão rendia 3% a.a. Bons tempos! Depois de se juntar a unidade europeia, a
realidade veio à tona com uma mão de obra ineficiente, um povo que se sentava
para almoços de mais de 2 horas com direito a vinho, sua produtividade entrou
em colapso e, pouco a pouco, foi perdendo suas vantagens comparativas.
Semana que vem, esse país passa por um teste importante. O
momento é propício para mudanças, pois depois do choque vindos do Brexit e da
vitória de Trump a ordem parece voltada para a continuidade de más notícias. A
pesquisa mais preocupante para o Primeiro Ministro Matteo Renzi revelou que
apenas 40% pretende votar no pacote de reforma, enquanto 56% consideram votar
contra, sugerindo sua substituição por um grupo de ante euros iconoclastas do
espectro Brexit/Trump.
Com uma taxa de desemprego de 11%; sendo que desses, 40% são
jovens que constituíram a maior parte dos 107.000 que deixaram o país no ano
passado para procurar emprego em outro país. As consequências do crash
financeiro dão conta que aproximadamente ¼ da indústria foi destruída. A renda
familiar agora é menor que em 2007.
Renzi tentou virar o jogo, uma vez que seu apoio forte para as
reformas constitucionais caiu. Numa tentativa de seduzir o eleitorado cada vez
mais eurocéptico, começou a falar duro, abandonando os objetivos de austeridade
e ameaçando vetar o orçamento da Unidade Europeia. Os mercados tornaram-se decididamente
desconfortáveis frente à perspectiva da Itália tornar-se o próximo país a obter
um choque sísmico em suas pesquisas. O gráfico a seguir já mostra bem o
distanciamento dos títulos do governo italiano versus o alemão.
Mas isso não se tornou um fato exclusivo à Itália, a
diferença também é vista em títulos de outros países, inclusive a França, é verdade, com menor intensidade.
O movimento recente é de alta de juros, empurrado pela
evolução dos títulos americanos. Porém, isso não aconteceu como os títulos da
Alemanha em que a cada dia suas taxas ficam mais negativas.
Em agosto de 2011, um dos primeiros posts que publiquei quando-unica-solucao-é-o-divorcio, já externava meu ceticismo em relação
moeda única. Passados mais de 5 anos, a situação ainda perdura, porém, as
chances de uma ruptura parecem mais elevadas agora. Como uma camisa de força,
os países mais fracos precisam de uma moeda mais desvalorizada para tornarem-se
mais competitivos em termos de troca, e isso vem acontecendo ultimamente, basta
ver a reação dos mercados pelo resultado do Brexit e Trump.
Quando isso acontece, é bom para todos os países da Europa,
mas é ótimo para a Alemanha. O gráfico a seguir não deixa dúvidas da
importância das exportações nesse país. Mas tudo isso não é uma situação de
equilíbrio, pois a desvalorização da moeda única só tem efeitos fora da Europa
e como a maior parte do comércio é realiza entre os seus membros, seria necessárias
duas moedas pelo menos: o EUROGER e o EUROREST. A primeira, da Alemanha; a
segunda, do resto!
O assunto técnico hoje não poderia ser diferente, a moeda
única. No post europa-bola-da-vez, fiz os seguintes comentários: ...” É notório que
a moeda única está “tentando” romper o intervalo inferior, porém sempre que se
aproximou, surgiu alguma coisa que fez com que o mercado retrocedesse. Nesta
nova tentativa, imagino que o mercado já esteja bem posicionado e precisa de um
fato para romper a linha”...
Desde então, pouca coisa mudou e o euro se encontra agora
levemente acima daquele dia a 1,0595. Como mencionei acima, o mercado precisa
de algum fato para que possa romper a marca do 1,05, e esse fato poderá ser o
resultado do referendum no próximo
domingo. Acho pouco provável que exista alguém apostando que o resultado será
positivo desta vez, porque as pesquisas já apontam para esse resultado e,
principalmente, duvido que o mercado seja pego de calça curta pela terceira
vez!
Apontei acima duas hipóteses para o termino da correção do
euro:
1. Verde – Antes de começar, aproveito para
parabenizar os Palmeirenses pela conquista do brasileirão; foi merecido. Com o
desfalque de Gabriel Jesus e do técnico Cuca para a próxima temporada,
enfrentará a dificuldade de todos os times brasileiros. O Estadão publicou hoje
uma estatística com a quantidade de jogadores brasileiros que jogam no
exterior, são 469 no total sendo que 114 deles estão nos Top-5.
Se a correção tiver um formato de
triângulo, ainda estaria faltando um movimento de alta. Como demandaria certo
tempo, só imagino isso acontecendo caso a euforia pós Trump mude
repentinamente.
2. Rosa – A correção teria terminado e já
estamos no movimento impulsivo de queda que levaria o euro a 1,00 ou menos.
Depois de 20 meses num movimento de correção parece que o
mais provável seja a alternativa 1. Você poderia se perguntar por qual razão o Mosca não embarca na venda e, “vamos que
vamos”. Prefiro aguardar ou o
rompimento ou uma recuperação para vender em níveis melhores. Talvez esteja
sendo muito conservador, mas não se pode esquecer que no espaço de 3 semanas a
moeda única caiu quase 7%.
O Sp500 fechou a 2.204, com alta de 0,13%; o USDBRL a R$ 3,3975, com alta de 0,39%; o EURUSD a 1,0649, com alta de 0,32%; e o ouro a US$ 1.188, com baixa de 0,42%.
Fique ligado!
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