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Mostrando postagens de agosto, 2018

O pesadelo que virou realidade

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A economia mundial sofreu um grande baque em 2008 quando o sistema financeiro global quase sucumbiu. Os bancos centrais agiram de forma agressiva injetando volumes nunca antes vistos de recursos, cujo objetivo era evitar a todo custo uma deflação. A contrapartida foi uma valorização extraordinária dos ativos sem que houvesse uma recomposição dos salários. Esse gap ocasionou um distanciamento na riqueza, ocorrida nos países desenvolvidos, situação essa que já ocorria antes em menor escala. Esse empobrecimento da classe média gerou uma grande insatisfação em boa parte da população originando os impactos políticos que temos observado nesses últimos 10 anos. O Mosca alertou para esses fatos diversas vezes em seus posts. Dezenas de gráficos ilustraram esse distanciamento. Um artigo publicado no Financial Times aborda esse assunto. O legado da crise financeira global pode ter sido uma re-imaginação da economia de mercado. Qualquer coisa pode ter dado lugar a algo um pouco m

Em má companhia

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Como diz aquele ditado não basta ser honesto precisa parecer honesto. Agora é a vez da moeda Argentina cair mais de 7% ontem, depois de seguidas quedas nos últimos meses. Hoje o mercado resolveu arredondar a cotação para 40 pesos. Uma desvalorização em 2018 de 110%! Depois do Banco central Argentino ter elevado a taxa de juros de 45% a.a. para 60% a.a. Enquanto, a autoridade monetária nos países desenvolvidos sobe os juros de 0,25% em 0,25%, o argentino vai de 15% em 15%. O peso argentino bateu um recorde de baixa e a lira turca retomou seu declínio, dramatizando as tensões enfrentadas pelos mercados emergentes mais vulneráveis ​​a um dólar em alta. Enquanto a Argentina e a Turquia são particularmente problemáticas, muitos países em desenvolvimento estão sendo pressionados à medida que o Federal Reserve aumenta as taxas de juros, impulsionando a moeda norte-americana. As ações do banco central são sentidas globalmente, mas não tem nenhuma responsabilidade particular

Os Fundamentalistas

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Após a publicação da estimativa do PIB americano no 2º trimestre do ano, ter explodido em 4,1%, o departamento que se ocupa dessa tarefa recém publicou sua segunda estimativa para o mesmo indicador em 4.2%. Essa é o maior nível desde 2016, quando ao mesmo tempo, Trump anunciava seu plano de estímulo fiscal. A revisão da segunda estimativa de crescimento do PIB, refletiu principalmente as revisões em alta do investimento das empresas em produtos de propriedade intelectual, e as revisões para baixo das importações. Enquanto a maioria dos componentes melhorou, houve um recuo no consumo pessoal que subiu 3,8%, ante 4,0% na primeira estimativa, e abaixo dos 3,9% estimados. Mesmo assim, como se pode verificar a seguir, é um resultado muito positivo. Os gráficos acima mantem uma grande semelhança e não é por acaso pois 70% do PIB americano é por conta do consumo. Alguns economistas projetam um declínio do PIB no futuro por considerarem esse ritmo atual insustentáve

BCB dorme tranquilo

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Vários investidores ficaram perplexos pela não atuação do banco central na semana passada, quando o dólar atingiu R$ 4,12. Uma análise comparativa entre a moeda brasileira e seus pares emergentes, mostram uma divergência nessa semana. Esse seria um motivo mais que razoável para o BCB vender dólares. Será? O Mosca não compartilha dessa ideia, pois o argumento usado pelo mercado é de curto prazo e muito ligado a divulgação das pesquisas eleitorais. Imagine como a esquerda poderia usar esse argumento? Acredito que o critério usado pela autoridade monetária é mais abrangente. Se a percepção do mercado é que o risco aumentou, qualquer atuação indicaria, que o BC não compartilha com essa deia. Por outro lado, caso essa expectativa mude mais a frente, e a chance da esquerda recue, o câmbio deveria retroceder, aí o BC teria que atuar comprando dólares? Não faz sentido. Ontem foram publicados os dados da balança de pagamentos brasileira. Como já era esperado, o déficit de U$ 4

Mais uma baixa

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O Mosca completou 7 anos de existência neste final de semana. Com mais de 232 mil visualizações através de 1.696 posts venho buscando atrair seguidores que buscam conhecimento dos mercados financeiros, assim como, alternativas de investimento. Algo intrigante para mim, desde do início, é a segmentação geográfica dos leitores, onde o Brasil representa 50%, EUA 35% e o restante países ao redor do globo, como: Rússia, França, Alemanha, Portugal, Reino Unido, Israel e Ucrânia (!). Agradeço a confiança. Quem é assíduo daqui, sabe do meu ceticismo sobre o hedge funds. Sempre me posicionei contra esses investimentos por se caracterizarem por fundos cujo os custos são muito elevados, que não conseguem performar no longo prazo. Realizei também, estudos dos fundos multimercados brasileiros quando recentemente estive na FEA. Ali pude comprovar que, uma carteira composta pelos 7 melhores fundos, com uma gestão dinâmica na escolha, não conseguiu suplantar o CDI. Acredito que não seja

As 14 razões

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O mundo tem observado uma mudança estrutural dos governantes. A democracia está perdendo adeptos dando lugar aos radicais que na sua maioria são de direita. Os mercados financeiros odeiam mudanças e são divinos em sua capacidade de não dar importância diante de mudanças políticas extremas. As conflagrações da eleição de Donald Trump e do voto no Reino Unido foram rapidamente sufocadas pela fé no crescimento econômico "sincronizado", baixa inflação e disposição dos banqueiros centrais para manter as taxas de juros baixas. O pico de fevereiro na volatilidade do mercado parecia finalmente provar que as hordas complacentes estavam erradas, apenas para mergulhar mais uma vez - assim como o populismo continuou se espalhando. É improvável que as coisas continuem como estão. Embora prever o retorno da volatilidade tenha sido tão fútil quanto chamar o topo do maior mercado de ações da história, parece arrogante supor que passamos pelo pior dos riscos políticos. As ta

Sem retorno

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A credibilidade de uma moeda, é algo muito sério. Como diz aquele ditado não adianta ser honesto tem que parecer honesto, que se aplica a moeda de um país. Depois que ultrapassa um determinado ponto de desconfiança, somente uma mudança ampla, onde inclui os governantes, a estabilidade é possível. O Brasil foi um caso desses em passado recente, onde beiramos a hiperinflação. Demorou décadas para que as pessoas acreditassem no poder de compra de nossa moeda. Para quem já foi fumante, esse processo se assemelha, demora muito tempo até que não se sinta mais vontade, e mesmo assim, algumas noites ainda sonha que voltou a fumar. A Venezuela depois de desorganizar totalmente sua economia, tentou implementar um plano nesse último final e semana, onde substituiu a moeda antiga por uma nova. Um dia depois da desvalorização histórica da moeda venezuelana, que cortou 5 zeros da moeda e dos preços, enquanto introduzia o "Bolívar soberano" - a última encarnação cambial do

Quando a torcida é contra

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O Banco Garantia tinha a fama de se aproveitar dos clientes oferecendo operações aonde a contraparte era o próprio banco. Além dos clientes, o mercado odiava essa instituição, por sua maneira arrogante e pelo seu desprezo sobre os pares. Por outro lado, era muito competente e na maioria das vezes ganhavam muito dinheiro. Era invejado por todos. Mas como todo mundo, também erravam, e quando isso acontecia os prejuízos eram enormes. Em 1997, quando aconteceu a crise da Ásia, esse banco detinha a quase totalidade de um determinado bond do governo brasileiro, emitido no exterior. Esses títulos encarteirados, eram financiados por outros bancos que lhe forneciam linhas de crédito. Esses contratos tinham uma clausula que, caso esse título caísse abaixo de um determinado nível, o banco teria que adicionar garantias. No auge da crise, esses papeis derreteram, como não tinham caixa suficiente para depositar, o banco financiador vendeu no mercado esses títulos. A perda foi substan