Sem retorno



A credibilidade de uma moeda, é algo muito sério. Como diz aquele ditado não adianta ser honesto tem que parecer honesto, que se aplica a moeda de um país. Depois que ultrapassa um determinado ponto de desconfiança, somente uma mudança ampla, onde inclui os governantes, a estabilidade é possível.

O Brasil foi um caso desses em passado recente, onde beiramos a hiperinflação. Demorou décadas para que as pessoas acreditassem no poder de compra de nossa moeda. Para quem já foi fumante, esse processo se assemelha, demora muito tempo até que não se sinta mais vontade, e mesmo assim, algumas noites ainda sonha que voltou a fumar.

A Venezuela depois de desorganizar totalmente sua economia, tentou implementar um plano nesse último final e semana, onde substituiu a moeda antiga por uma nova.

Um dia depois da desvalorização histórica da moeda venezuelana, que cortou 5 zeros da moeda e dos preços, enquanto introduzia o "Bolívar soberano" - a última encarnação cambial do país, uma criptomoeda apoiada pelo petróleo, o caos previsivelmente retornou ao país, que tem uma das maiores reservas de petróleo do mundo ... e a hiperinflação não se afastou nem por um dia.

A população descobriu quando foi a um caixa eletrônico na terça-feira - no dia seguinte à transformação histórica cambial da Venezuela - para retirar a nova moeda. Descobriu que precisa no máximo de 10 bolívares soberanos por dia, o equivalente a 15 centavos de dólar.

"Estou percebendo que o governo não tem planos de nos tirar desse pesadelo. Que desastre." Disse um venezuelano.

A reação era previsível, pois os muitos venezuelanos varridos pela confusão e raiva, quando o governo do presidente Nicolás Maduro lançou sua última revisão econômica, parte de sua luta para acompanhar a maior hiperinflação do mundo, superando até mesmo a da República de Weimar.

Maduro chamou as medidas de "uma fórmula mágica realmente impressionante" destinada a estabilizar a economia, incluindo uma moeda nova e altamente desvalorizada, bem como aumentos de impostos e salários.

Não era mágica: o novo "bolívar soberano" do país é idêntico à moeda antiga, que recebeu o nome de bolívar forte, exceto pelo fato de que as novas notas faltam cinco zeros. Essa foi a "resposta" do governo a um modelo econômico rompido que viu os preços dobrarem a cada poucas semanas.

Muitas lojas permaneceram fechadas, incapazes de obter o capital de giro de que necessitam para transacionar; outros lojistas disseram que não tinham ideia de quanto cobrar dos clientes, enquanto outros, duvidavam que um país que sofria com escassez de alimentos e serviços públicos vacilantes, logo veria um retorno à estabilidade.

Os bancos, que abriram depois de um longo feriado - segunda-feira foi "transformado" em um feriado obrigatório para dar às instituições 24 horas extras para descobrir o caos - disponibilizaram as novas cédulas bancárias na terça-feira. E enquanto os caixas eletrônicos pareciam ter um limite diário de retirada de 10 bolívares soberanos, os bancários estavam dispostos a entregar 50, menos de US $ 1 por dia.

Bem antes do meio-dia, a maioria dos caixas eletrônicos no leste de Caracas estava sem dinheiro. Aqueles que estavam na fila usaram suas calculadoras para descobrir quanto dinheiro poderiam retirar.

O pior de tudo é que a hiperinflação não estava apenas atrasada, mas pior que antes, porque poucas horas após a estreia da nova moeda, seu valor caiu quase 10%, para 65 bolívares soberanos por dólar.



Na quarta-feira, o bolívar havia perdido outros 9% e estava sendo negociado pela última vez a 71,21 - uma perda de 20% em 2 dias.

Mas enquanto ninguém esperava que a hiperinflação desaparecesse apenas porque 5 zeros haviam sido cortados, o verdadeiro caos e pura confusão foi a decisão do governo de forçar um aumento do salário mínimo a US $ 30 por mês dos trabalhadores, que ganhavam menos de US $ 1 por mês. O governo disse que ajudaria as pequenas empresas a fazerem esses pagamentos imprimindo ainda mais bolívares, tornando toda a desvalorização discutível, enquanto leiloa dólares três vezes por semana para manter uma taxa de câmbio estável.

Mas a pior notícia é que o controle do governo socialista sobre a economia está prestes a ficar ainda mais apertado. Maduro deverá anunciar novos limites de preço em 50 produtos básicos, estendendo um sistema de controles que esmagou o setor privado. Enquanto isso, a Venezuela está inadimplente com US $ 6 bilhões em dívidas, não pode pagar para manter seu setor de petróleo, e é incapaz de fornecer serviços confiáveis ​​como água e transporte.

Enquanto isso, a maioria dos economistas prevê que o programa de Maduro só exacerbará a inflação que, segundo o Fundo Monetário Internacional, atingirá 1.000.000% até o final do ano; está atualmente em pouco menos de 110.000%.


Enquanto os problemas monetários da Venezuela lembram o mergulho do Zimbábue na hiperinflação há uma década - quando seu governo imprimiu uma nota de 100 trilhões de dólares no Zimbábue -, o projeto icônico do Zimbábue rapidamente se transformou em item de colecionador e um aviso do que eventualmente acontece com cada moeda fiduciária.

Mas a maior tragédia da Venezuela não é a hiperinflação ou o colapso da economia, nem a corrupção do governo e o ditador no comando, é que o povo simplesmente desistiu. E enquanto as pessoas famintas e assustadas da Venezuela continuarem com medo, sem vontade de se levantar e derrubar seu governante, é seguro dizer que amanhã será realmente pior do que hoje.

Tenho que confessar que nunca trabalhei com a hipótese de o Brasil passar por algo semelhante, achava um evento de probabilidade zero como se diz. Mas as últimas pesquisas de intenção de voto alteraram marginalmente minha crença. Se um governo de esquerda tomar posse agora, e como eu acredito que o Lula vai sair da prisão algum dia antes de cumprir sua pena, seu projeto de perpetuação no poder, poderá retronar. Para tanto, basta pane e vino!

Essa não é uma preocupação para pessoas na minha idade, pois esses processos demoram muitos anos, basta ver o caso da Venezuela, que tinha uma economia boa antes do Chàvez assumir a presidência em 1999. Foram necessários 20 anos para destruir o país.

Espero estar errado, e o novo presidente ser alguém que coloque novamente o Brasil no rumo, mas com os nomes mais cotados até o momento, está difícil de acreditar. Minha opinião de o Brasil virar uma Venezuela não é mais 0%!

No post carros-elétricos-o-presente, fiz os seguintes comentários sobre o ouro:  …” o primeiro intervalo entre U$ 1.180 – U$ 1.200, uma reversão poderia acontecer. Caso o ouro continue em queda, e principalmente abaixo de U$ 1.130, aumentam consideravelmente as chances de o metal testar novamente o mínimo que ocorreu no final de 2016 em U$ 1.050” ... ...” como apontei acima, existem 2 possibilidades: a primeira é que essa onda vendedora termine nesse nível e o metal comece a subir a partir daí; ou continua caindo, onde o próximo nível seria a U$ 1.050” ...


O ouro chegou próximo ao nível que apontei acima, de U$ 1.130 como pivô. A mínima atingida foi de U$ 1.160 e a partir daí ensaiou uma recuperação. No gráfico a seguir, marquei os níveis onde uma nova onda de vendas poderia acontecer a saber: U$ 1.215 ou U$ 1.235. Acima disso, as chances diminuem para uma nova queda, principalmente acima de U$ 1.250


Uma análise de risco retomo poderia sugerir um trade. Com as cotações agora em U$ 1.190, um stoploss ao redor de U$ 1.240, e um objetivo de U$ 1.130, obteríamos um ganho de 5,3%, e uma perda de 4,2%. Para quem quiser pode entrar, é razoável.

Como esse movimento de queda pode ser terminal, só entraria em níveis um pouco mais elevado. Vou propor um trade para vender ouro a U$ 1.215, com stoploss a U$ 1.240, isso se o ouro não negociar abaixo de U$ 1.160, onde o trade ficaria cancelado.

O SP500 fechou a 2.857, com queda de 0,17%; o USDBRL a R$ 4,1218, com alta de 1,99%; o EURUSD a 1,1543, com queda de 0,47%; e o ouro a U$ 1.185, com queda de 0,80%.

Fique ligado!

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