Japão estraga a festa
Os mercados estavam tranquilos em sua aposta que os juros
iriam subir, não só nos EUA, mas na maioria dos países desenvolvidos. O mercado
encontra-se concentrado nas principais medidas que Trump colocará em pratica, assim,
as expectativas de inflação nesses países estão subindo, como é mostrado no
gráfico a seguir.
Por outro lado, o que o governo japonês mais quer é tirar
sua economia da letargia predominante das últimas décadas. O modelo escolhido
por eles é um yen mais desvalorizado e juros baixos. Para colocar em prática
esse desejo, já tentaram de tudo e nada tem funcionado como gostariam; no
máximo mantém o paciente vivo, mas na UTI. Em setembro, o BOJ anunciou algo
inusitado, um objetivo para a taxa de juros desafiando-os-limites.
Nesta madrugada, o BOJ jogou um balde de água fria nos
especuladores ao anunciar sua primeira oferta de compra para títulos
governamentais, com um detalhe: volume ilimitado. Entretanto, a chamada não
produziu nenhuma oferta por parte do mercado, um sinal que o movimento era mais
um “aviso” do que uma pretensão mais firme de compra. Imediatamente esses
títulos desvalorizaram, pois estavam cotados com juros a 0,035% a.a. (positivos) e em
seguida os juros eram cotados a 0,01% a.a. Somente a título de esclarecimentos, um
título de renda fixa se valoriza quando a taxa implícita cai. Veja abaixo a
evolução das taxas dos títulos japoneses nos principais vencimentos.
Kuroda, o Presidente do BOJ, disse ao seu Parlamento, após
essa intervenção, que o banco central não permitirá automaticamente que as
taxas no Japão subam caso as taxas nos EUA subissem. Reforçou que o BOJ tem um
objetivo para as taxas dos títulos de 10 anos “aproximadamente” em 0%. Essa
ação fez com que os juros ao redor do mundo parassem de subir e encontram-se
estabilizados agora, num nível ligeiramente inferior as máximas atingidas
recentemente.
Realmente, não sei aonde as ações tomadas pelo BOJ irão
terminar, mas as considero totalmente sem sentido. Vale notar que o Japão tem a
maior dívida do planeta ao redor de 250% do PIB e nós aqui estamos muito
preocupados se a nossa atingir 100% do PIB daqui alguns anos. Se o FED
normalizar os juros nos EUA, e sem considerar um cenário em que a inflação suba
por lá mais que o desejado, pode-se antever uma desvalorização continua do Yen.
Embora seja isso que o BOJ quer, esse movimento pode ganhar uma dinâmica onde
esse “controle” que eles desejam manter saia da sua mão. O tempo dirá se o
banco central japonês rasgou com sucesso a teoria que se ensina nos cursos de
economia.
A elevação das tarifas pelo novo governo americano parece ser
uma medida já aceita pelo mercado; a discussão atual é da sua magnitude.
Entretanto, o movimento de elevação das alíquotas já começou. As tarifas de importação
apresentadas a seguir atingiram um pico de baixa ao redor de 2013.
A libra esterlina, depois da queda expressiva após o evento
do Brexit, vem performando melhor que as outras moedas desde que Trump ganhou
as eleições. Um dos motivos é o entendimento pelo mercado que sua situação
ficou melhor que as dos países que estão no euro, mas também porque os dados
econômicos estão melhores que o esperado. Por exemplo, o nível de desemprego é
um dos menores da série histórica e pode-se considerar que a economia está a
pleno emprego.
No post tiroteio-desenfreado, fiz os seguintes
comentários sobre o ouro: ...” hoje decidi entrar numa posição de venda de ouro a US$
1.287, com um stoploss a US$ 1.305, com um objetivo ao redor de US$ 1.200” ....
Depois disso, atualizei o stoploss para U$ 1.287.
Eu tenho uma expectativa que o ouro deverá subir mais à
frente, como notei no post acima: ...” O ouro está traçando uma correção complexa” ... ...” Se
eu estiver certo - depois dessa correção o ouro iniciará um novo ciclo de
alta” .... No gráfico a seguir apontei alguns intervalos que merecem
comentários.
A principio, irei reajustar o stoploss para US$ 1.250 e
liquidar a posição caso o ouro atinja US$ 1.200. Confesso que relutei em
estabelecer o nível para realizar o lucro. Por que não ficar mais tempo
buscando um resultado maior? São dois os motivos; primeiro, eu ainda trabalho
com uma reversão nas cotações em algum momento e preço; segundo, poderia
“perder” a alta.
Embora eu seja um adicto da análise gráfica, também sou um
ser humano e é impossível controlar totalmente as emoções, poderia me
colocar na posição de “torcedor”; o que é muito ruim.
Seguindo com o raciocínio, entre US$ 1.170 – US$ 1.200 o
metal já deveria dar mostras de reversão, onde posso entrar com um trade de
compra. Porém, o ouro poderá continuar caindo e anotei no gráfico um intervalo
que não deveria romper caso eu esteja certo – reversão da queda. Esse intervalo
é entre US$ 1.140 – US$ 1.120. Se mesmo assim, depois de atingir esse último
intervalo, continuar caindo, ficarei muito desconfiado da minha previsão de
alta.
Como diria Garrincha, “Só falta combinar com os Russos”, e
por enquanto estamos vendidos buscando sair nos US$ 1.200. O resto fica para o
futuro!
O SP500 fechou a 2.187, com alta de 0,47%; o USDBRL a R$ 3,4205, sem variação; o EURUSD a 1,0622, com queda de 0,59%; e o ouro a US$ 1.217, com queda de 0,63%.
Fique ligado!
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