Máscaras forever

 


Eu tinha jurado que não iria mais escrever sobre a pandemia, apenas assuntos específicos ligados à doença ou (falta de) descobertas e seus efeitos nos mercados. Assim como vocês, eu não vejo a hora de poder ser vacinado — as restrições que nos foram impostas tiraram boa parte do nosso entretenimento.

Mas a Bloomberg, através de seu cronista Sam Fazeli, trouxe um assunto que eu não havia me atentado até o momento, que é a perspectiva preocupante de um vírus que sofre mutação em animais e depois volta aos humanos.

A luta contra o Covid-19 ganhou um grande impulso esta semana, com a vacina Pfizer Inc.-BioNTech mostrando eficácia muito melhor do que o esperado na prevenção de doenças e o anticorpo terapêutico de Eli Lilly & Co. recebendo uma Autorização de Uso em Emergência da Food and Drug Administration dos EUA. Outras vacinas e tratamentos provavelmente seguirão com dados igualmente positivos. Até aqui, tudo bem.

Mas exatamente quão alegres devemos ficar? Responder a essa pergunta depende em grande medida da rapidez das mutações do vírus e sua maneira de contornar vacinas e outras terapias aprovadas. A rapidez das mutações, por sua vez, depende da nossa capacidade de retardar sua propagação através de medidas corretas de redução de risco.

Alguns fatos: Vírus sofrem mutações o tempo todo. Durante uma única infecção, uma pessoa pode ter corona vírus com pequenas diferenças. Se uma vacina ou um anticorpo não é 100% eficaz na erradicação de uma infecção, então pode permitir a formação de clones resistentes, ainda que previna doenças. Esses clones poderiam então se espalhar para outras pessoas e comprometer a eficácia da vacina ou do tratamento.

Isso não é teoria. A Dinamarca, um dos maiores produtores mundiais de peles de vison, estão abatendo sua população de 17 milhões de visons depois que o vírus foi encontrado em centenas de fazendas do país. Em virtude de seu grande número, os visons deram ao vírus a oportunidade de se espalhar rapidamente e sofrer mutações. Então, exatamente da mesma maneira que o vírus entrou pela primeira vez na população humana da China, ele voltou aos humanos. Uma variante do vírus dinamarquês tem potencial para ser resistente às mesmas vacinas e terapias que acabamos de festejar.

Mas não precisamos de fazendas de vison para gerar mutações. Um estudo recente da professora Emma Thomson, do Centro de Pesquisa de Vírus da Universidade MRC-Glasgow, encontrou uma mutação que pode contornar anticorpos produzidos por algumas pessoas. O que isso significa é que há mais uma razão para se preocupar com a rápida disseminação do corona vírus entre os seres humanos: Quanto mais pessoas são infectadas, maior a probabilidade de novas versões do vírus evoluírem. Se o número de infecções permanecer nos níveis atuais — ou se continuar a subir — há o risco de novas mutações começarem a se espalhar. Algumas dessas novas versões podem até ser capazes de reinfectar pessoas, um fenômeno que até agora tem sido bastante raro.

Quase todas as vacinas em desenvolvimento visam a versão atual do vírus, o que significa que elas devem ser eficazes na prevenção da doença na grande maioria das pessoas. No entanto, se permitirmos que o vírus se espalhe, corremos o risco de mais mutações e, consequentemente, vacinas menos eficazes.

Devemos colocar o Champanhe de volta no gelo? Certamente não. Podemos ficar felizes com a eficácia de uma vacina, pelo menos na prevenção da doença, e a rapidez de sua produção. E a vantagem da vacina Pfizer-BioNTech e da outra desenvolvida pela Moderna Inc. é que elas podem ser adaptadas para lidar com novas variantes do vírus. O mesmo se aplica às vacinas da Johnson & Johnson e da AstraZeneca Plc, com algumas ressalvas.

A experiência dinamarquesa sugere que é extremamente importante parar a evolução do vírus antes mesmo de começarmos a vacinar as pessoas. Isso significa trazer todas as ferramentas de redução de risco, desde testes e rastreamento até distanciamento social e máscaras. E talvez precisemos manter essas práticas depois que uma vacina for implantada até termos certeza de que as vacinas eliminam a transmissão do vírus. Além de tudo isso, os países devem vigiar bem suas populações animais, de modo a evitar outra situação como a dos visons da Dinamarca. Quanto mais responsáveis formos com nosso comportamento, maior a chance de uma vacina bem sucedida.

É praticamente impossível se saber de ante mão, se as mutações ocorreram e de que forma. De uma forma simplista, o vírus pega uma carona num corpo humano, se fortalece combatendo os anticorpos e se propaga novamente de forma mais resistente. Se todos os humanos pudessem receber a vacina agora, esse risco ficaria muito reduzido, mas, como esse não é o caso, e além disso cada país terá uma postura diferente em relação a segunda onda que se espalha agora, é possível que tenhamos que usar a máscara e ficar com restrições mais tempo. Que me$&a!

Ontem foi publicado o CPI, índice de inflação americano, em 0% no mês e em 12 meses declinando para 1,2% a.a., quebrando uma sequência de alta dos últimos quatro meses. O núcleo do índice, excluindo alimentos e combustíveis, também ficou em 0% no mês e em 12 meses caiu para 1,6% a.a.

Esses resultados são positivos no quesito inflação, uma preocupação constante daqui em diante. Mas os americanos reclamam que os itens que compõem esse indicador não coincidem com suas despesas atuais. Vejamos a seguir as enormes distorções ocasionadas pela Covid-19.

A seguir alguns itens que sofreram aumentos de preços ocasionados pela pandemia.

Agora, alguns itens que sofreram queda em sua maioria por conta da Covid-19.

Apresentaram essas ilustrações a um grupo de consumidores que fizeram o seguinte comentário: os grupos de alta estão pesando no bolso pois seu consumo continuou ou até aumentou, mas a queda dos grupos de baixa tem menor impacto por não serem consumidos. Resumindo, o nível de inflação observado é sensivelmente superior ao publicado!

No post quanto-eu-posso-perder, fiz os seguintes comentários sobre o euro: ...” anotei no gráfico a seguir alguns intervalos que poderão nos dar algumas pistas:” ...

1) Dentro do esperado: Se a moeda única negociar até no máximo esse intervalo (€ 1,1690/€ 1,1650), e depois disso iniciar um movimento de alta, ultrapassando € 1,1825, a ideia de novas altas ganha tração.

  2)“Gato subiu no telhado”: Caso continue caindo e fique contido até € 1,1610, ainda é possível que aconteça a alta, mas já entra na área de desconfiança.

     3) “Jogando a toalha”: Abaixo de € 1,1610 uma nova configuração terá que ser estudada” ...


Passados quase 1 mês, a moeda única fez de tudo: ameaçou romper para cima (azul), mas imediatamente reverteu (vermelho); subiu novamente, colocando praticamente a situação anterior com níveis levemente diferentes.


Hoje é sexta-feira 13, e, como todo bom trader é supersticioso, não vou propor nenhum trade mas vou deixar todas as dicas. Ainda parece faltar uma pequena queda para orientar uma posição. Os níveis seriam: inicial a 1,1720, que, se não sustentado a 1,1670, o stop loss ficaria em 1,1600. Parece um bom risco-retorno, embora não exista uma convicção muito grande (60%). O que acham de um fifty/fifty nesses níveis?


O SP500 fechou a 3.585, com alta de 1,36%; o USDBRL a R$ 5,4617, sem alteração; o EURUSD a 1,1833, com alta de 0,25%; o ouro a U$ 1.887, com alta de 0,63%.

Fique ligado!

Comentários