bitcoin: A pirâmide digital


Na semana passada o Mosca não fez publicações na maior parte desse período. Como havia comentado, fui convidado para uma Conferência patrocinada pelo JP Morgan. Pretendo fazer algumas observações durante a semana. Posso adiantar que em relação ao Brasil, ninguém sabe bem o que vai acontecer nas eleições do próximo ano.

Hoje o comentário será sobre o bitcoin, assunto diário da maior parte dos noticiários, que ganhando muitos adeptos. Na última sexta feira fiz uma apresentação sobre esse assunto, do qual anexo os slides bitcoin. Esse exercício me permitiu compreender com mais confiança a sistemática de transferência dos tokens bem como sedimentar uma opinião.

Quando eu era adolescente, certa vez recebi a carta de um amigo com uma ideia que parecia excelente. Nessa carta pedia para que lhe mandasse CZ$ 10, e em seguida, enviasse uma cópia desta carta para mais 5 amigos, com o mesmo conteúdo.

A carta era envolvente, elaborava as contas considerando que seus amigos passariam essa corrente à frente, calculando um ganho expressivo. Parecia tudo muito simples e factível. Só mais tarde soube que tinha entrado numa pirâmide, e acabei recebendo de volta apenas uns trocados.

Pois bem, eu acredito que o bitcoin é a primeira pirâmide digital, muito mais sofisticada e eficiente, bastava ver a rapidez de sua aceitação.

Vou fazer um resumo dos motivos que me levaram a tal conclusão.

Antes de iniciar vale um esclarecimento. Já perceberam que bitocin as vezes tem o b com letra maiúscula e outras com letra minúscula. Com letra maiúscula refere se ao sistema blockchain que processa essas transações, enquanto a de letra minúscula ao token que vou comentar.   

1.       bitcoin não é moeda nem aqui nem na China! Como um instrumento deseja ser considerado como moeda e ter essa volatilidade? Oscilações diárias de 20% - 30% não são incomuns. Um artigo no WSJ dá conta disso com um título sugestivo “bitcoin is the world hottest currency, but no one´s using it”.

 
2.     Tem um custo e tempo de processamento elevado – O custo é da ordem de U$ 3,4 dólares por operação, assim a rede só funciona atualmente porque é subsidiada pelo recebimento de 12,5 bitcoins para quem quebra o enigma do código criptografado em cada operação. Quanto ao tempo de transferência é de 10 a 20 minutos quando não demora mais de 1 hora.

Outro dia a empresa Price Water House, uma das principais companhias de consultoria, anunciou que estaria aceitando bitcoins como pagamento. Incialmente fiquei intrigado, porque uma empresa desse ramo estaria aceitando essa ficha de Cassino? Mas ao ler o artigo, soube que boa parte de seus clientes são empresas deste setor. Entendo sua jogada de marketing, mas tenho certeza que imediatamente ao credito em sua conta, transforma os bitcoins em dólares, euros ou qualquer outra moeda “usável”.


Mas quais são os motivos para o sucesso do bitcoin? Eu classificaria em quatro: Escassez – seus criadores dizem que a emissão do bitcoin será limitado a 21 milhões. Eu contesto esse argumento pois foram feitos cinco “Split” ou “Forks” como é denominado, criando outras moedas. Depois existem 1.213 ICO – Intial Coin Offering disponíveis. Até o Presidente Podre, nova denominação para Nicolas Maduro, está emitindo uma cryptocurrency lastreada em petróleo. Esse cara é muito ingênuo, pois a ideia não é de toda ruim, a de uma moeda não lastreada vento, mas a da Venezuela, quem vai comprar?; Independência – isso quer dizer que as transferências são feitas direto de uma pessoa a outra sem que haja intermediários. Esse argumento é importante para os Mileniums, geração que não quer falar por telefone, nem depender de terceiros; Segurança – Ao que tudo indica, e até hoje, não houve nenhum caso de fraude dentro do blockchain, todos os casos aconteceram por razões externas; oito casas decimais – Qualquer pessoa pode comprar U$ 1,00 em bitocin, pois é negociada com 8 casas decimais. Esse para mim é um grande elemento de marketing, pois dezenas de milhares de pessoas tem acesso e auxiliam na divulgação “celular a celular! ” Hahaha ...

Na minha apresentação, o último slide faço a seguinte pergunta: E se eu estiver errado?   Conforme a ilustração a seguir, as cotações continuaram subindo. Se imaginarmos que a moeda corrente no mundo será o bitcoin, isso ocasionaria a maior crise da história mundial, gerando uma deflação estupenda. Em outras palavras, a hiperinflação que ocorre na moeda venezuelana será fichinha, pois o dólar, euro, yen, libra e etc ..., passariam por uma desvalorização nunca antes vista.

Se você acredita que isso é possível, compre bitcoins. Eu acredito que em algum momento as cotações devem cair muito, pois. As pessoas perceberão que o bitcoin são apenas alguns bits creditados na conta seus idealizadores, sem nenhum lastro.
Gráfico

No post euro-o-acelerador-da-alemanha, comentei que o dólar poderia traçar dois caminhos distintos antes de atingir novas mínimas, o gráfico a seguir aponta essas alternativas.

 
Na semana passada, acreditava que havia uma chance do cenário B se materializar desde que, o nível de R$ 3,20 fosse rompido. Porém não foi o que acabou acontecendo, ao se aproximar dessa marca, o dólar acabou subindo encontrando-se agora em nível próximo a semana anterior a R$ 3,245.


Notem no gráfico acima, de mais longo prazo, que desde a metade de 2016 o dólar está contido dentro do triângulo desenhado em verde. Como vocês sabem, essa formação tem mais chance de romper na direção do movimento maior, que nesse caso é para baixo. Essa figura normalmente consome tempo pois indica indefinição do mercado para onde quer continuar. É possível que ainda demandará tempo e deverá avançar no próximo trimestre de 2018. Em algum momento será rompido e o movimento tende a ser forte.

Na próxima semana ficarei restrito a análise técnica dos mercados que acompanho, pois como de costume, permanecerei fora por algumas semanas. Fiquem de olho nessas publicações pois vou fazer um retrospecto do que imaginava para 2017 e quais são minhas projeções para 2018.

O SP500 fechou a 2.639, com queda de 0,11%; o USDBRL a R$ 3,2439, com queda de 9,43%; o EURUSD a € 1,1861, com queda de 0,23%; e o ouro a U$ 1.276, com queda de 0,28%.
Fique ligado!


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