Loucura, loucura, loucura!

 

Eu tenho uma teoria que ninguém é bom em tudo. Cheguei a essa conclusão quando um dia entrei numa loja da Ralph Lauren, fabricante da camisa polo, e fui à seção de jeans para ver se encontrava uma calça. Um lixo! Nesse momento cheguei a essa conclusão e comprei só a polo.

Ao ler um artigo do Wall Street Journal, escrito por Jason Zweig, fiquei chocado com a chamada “Dinheiro é lixo, então vamos apostar U$ 425 milhões em Bitcoin”. Imediatamente pensei, quem é o louco que pensa assim? Nada mais, nada menos, que a MicroStrategy.

Em mercados voláteis, você pode destinar o dinheiro de uma forma conservadora ou agressiva. Essa era a posição da MicroStrategy, que recentemente tinha meio bilhão de dólares em caixa, e acreditava poder seguir ambas as estratégias.

A empresa poderia ter se livrado de seu excesso de caixa pagando um grande dividendo ou recomprando grande parte de suas ações. Em vez disso, a empresa apostou metade de seus ativos totais em bitcoin. Agindo assim, seria essa uma empresa de capital aberto ou um hedge fund?

Essa incursão na moeda digital dá um novo sentido a um velho paradoxo dos investimentos. Como observou há muito tempo o grande analista financeiro Benjamin Graham, quanto melhor uma empresa é na produção de bens e serviços, maior a probabilidade de acumular mais dinheiro do que precisa para sustentar seu negócio. Por que manter esse dinheiro excedente bloqueado e ocioso quando os investidores poderiam colocá-lo para melhor uso em outro lugar?

A maioria dos acionistas e executivos corporativos não se incomodavam muito com o excesso de dinheiro quando rendia 5% ou mais. Agora que os rendimentos estão próximos de zero, os investidores precisam prestar atenção: Quando o “dinheiro  é lixo” , a pressão para assumir riscos inéditos com ele provavelmente aumentará.

A MicroStrategy, com sede em Tysons Corner, na Virgínia, vende tecnologia que permite às empresas analisarem dados internos e externos. Com software e serviços tão baratos para produzir e fornecer, a empresa continua acumulando caixa.

As receitas da MicroStrategy mal cresceram na última década, passando de US$ 455 milhões em 2010 para US$ 486 milhões no ano passado. No entanto, a empresa terminou 2019 com US$ 566 milhões em dinheiro e investimentos de curto prazo, contra US$ 174 milhões de uma década atrás. Mesmo depois de desembolsar US$ 425 milhões em bitcoin e US$ 61 milhões para recompra de ações desde agosto, a MicroStrategy ainda tem US$ 53 milhões em caixa.

E as ações estavam estagnadas há anos.

A MicroStrategy foi uma das ações mais procuradas no boom tecnológico do final dos anos 1990, rendendo 567% em 1999. A empresa perdeu mais de 90% no ano seguinte em meio a uma investigação da Comissão de Valores Mobiliários sobre sua contabilidade. A empresa republicou suas demonstrações financeiras e pagou multa administrativa, sem admitir culpa.

A MicroStrategy nunca recuperou sua glória perdida. Desde sua oferta pública inicial, em junho de 1998, até o final de 2019, as ações renderam uma média de 1,4% ao ano. No mesmo período, o S&P 500 ganhou 7,2% ao ano, incluindo dividendos.

Mas 2020 tem sido uma história completamente nova. Em agosto, quando anunciou que havia investido US$ 250 milhões em bitcoin, as ações saltaram 9% em um dia. Um mês depois, a empresa declarou que continuaria a colocar a maior parte de seu dinheiro excedente em bitcoin. As ações subiram 23% em dois dias.

Com sua máxima de 23 de outubro, as ações da empresa haviam dobrado em relação a sua mínima do início de março

Saylor, CEO da MicroStrategy, diz que o objetivo principal de comprar bitcoin não é fazer as ações subirem, mas evitar que o poder de compra da empresa caia.

"Percebemos que o dinheiro é lixo", diz ele, "e precisávamos reduzir a estrutura de capital ou mover nosso dinheiro para algo que vai flutuar por cima da inundação de liquidez e não afundar debaixo da inundação de liquidez."

Como a quantidade de bitcoin é limitada a 21 milhões, a moeda digital nunca poderá ser "degradada", argumenta Saylor, e, portanto, é destinada a manter seu valor a longo prazo.

Ao preço desta semana de cerca de US $ 13.500, os 38.250 bitcoins da MicroStrategy valiam mais de US $ 515 milhões, um terço do valor total de mercado da empresa.

Perguntei se o Sr. Saylor estava nervoso por colocar tanto capital da empresa em tal ativo.

"Por que eu estaria nervoso?", ele disparou de volta. "Se eu tivesse US$ 500 milhões em dinheiro, isso me deixaria nervoso porque acho que valeria zero ao longo de cinco anos. Então, qual é a minha escolha? Acho que o bitcoin é melhor que o ouro como uma reserva de valor."

Ele acrescentou: "Não é perfeito, há risco. Mas eu não consigo encontrar nada melhor, e a opção de não fazer nada é mais arriscado.

No entanto, a MicroStrategy não é mais apenas uma empresa de software. Agora é uma aposta em bitcoin. Os investidores que desejam comprar bitcoin sempre poderiam fazê-lo com os rendimentos de um dividendo ou de uma recompra de ações. Comprar uma ação tem como objetivo a participação em um negócio, não fazer uma aposta em criptomoedas.

Essa atitude adotada pela MicroStrategy aparenta um grande desespero, talvez pelo fato que essa empresa de tecnologia não conseguiu ser bem sucedida na sua área. Como o setor está passando por um boom, resolveu mudar de “profissão” e usar o caixa da companhia, dinheiro de seus acionistas, para especular.

Se eu tivesse ações dessa empresa, liquidaria todas, perdeu o foco!

Essa situação me fez lembrar do caso Bernard Madoff, que durante a recessão de 2008 revelou o episódio fraudulento de seus fundos. A relação se deve ao mesmo fato: Madoff realizou um prejuízo que não queria mostrar a seus clientes e adotou uma contabilidade inicial fraudulenta. Deve ter pensado em reverter essa situação no tempo. Como não conseguiu, intensificou essa ação, culminando com um rombo de U$ 50 bilhões à época. A MicroStrategy está usando o mesmo princípio, embora de forma não fraudulenta agora. Mas se o preço do bitcoin desmoronar, o que será que o Saylor irá fazer?

O apresentador Luciano Huck usa uma expressão no seus programas em momentos de stress, que estou parafraseando: “Loucura, loucura, loucura”.

No post a-caminho-da-realidade, fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ...” Uma análise num micro horizonte de tempo, pode indicar a tendência de alta está em curso, mas esse sinal não é suficiente para embarcar na compra” ... ... “Resolvi fazer uma simulação teórica considerando que o movimento de alta segue os níveis mais prováveis. Considerando essa premissa, o SP500 deveria atingir entre 4.000/ 4.120 no início do próximo ano, uma alta nada desprezível de 17%/21%.” ....


A bolsa atingiu uma mínima durante a semana de 3.233, muito próximo ao nível de invalidação de 3.209. Mas, entre ontem e hoje, uma alta forte toma pulso, fazendo crer que o movimento de alta, agora sim, segue seu curso.


Antes de vocês me chamarem de louco, preciso fazer algumas observações no gráfico: O término da onda C foi muito “ralo”, deveria ter sido bem mais baixo. Se poderia esperar, o nível mínimo de 3.194, que nem foi atingido, isso significa que o movimento de alta é “forte”. Também denotei o nível de 3.547, que se ultrapassado, mais de 95% de certeza que o índice vai superar a máxima de 3.588.

- David, fala logo aonde poderá chegar o SP500?

Num horizonte longo, superior a um ano, e com idas e vindas no meio do caminho, ao redor de 7.100!

- Uallllll ....

Pois é, se o Mosca estiver correto, estamos entrando na onda 3, a mais potente de todas.

- E você está zerado?

Pois bem, dentro da estratégia adotada, e se essa onda 2 fosse ao nível que estava esperando, talvez arriscasse uma compra mais abaixo. Não poderia entrar no meio do movimento sem um stoploss muito grande.

Agora, não tem muita importância, pois se a alta for ao nível visionado, não vai fazer muita diferença o ponto que entrar.

No curto prazo, vamos observar se o SP500 ultrapassa 3.547, e depois encontramos um ponto de entrada.

- David, uma última pergunta, no post citado acima, você comenta que o índice chegaria a 4.000/4.120, e agora lança esse torpedo de 7.100, o SP500 tomou fermento? Hahaha ...

Acontece que com o desenrolar dos fatos, e de uma forma muito simplificada, houve a queima de uma etapa. Na verdade, ambas as opções chegavam ao redor de 7.000. Em outras palavras, antes parecia existir um caminho de curto prazo com escala, mas o SP500 usou o Waze para cortar caminho.

Mas antes de ficar sonhando com esses números, o mercado tem que fazer sua lição de casa no curto prazo, passando o nível de 3.547.

Desde ontem, o Mosca ganhou o auxílio de um leitor que se propôs a colaborar com a edição dos artigos. Dada sua larga experiência nesse setor, além de seu elevado nível de escolaridade, local e internacional, selamos essa parceria.

Como não achava justo ficar sozinho com os lucros, estou rachando 50/50! Se ele autorizar, proximamente agrego suas informações.

O SP500 fechou a 3.443, com alta de 2,21%; o USDBRL a R$ 5,6610, com queda de 1,65%; o EURUSD a 1,1718, sem variação; e o ouro a U$ 1.903, com queda de 0,25%.

Fique ligado!

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