Refúgio seguro

 

Enquanto os mercados no mundo ocidental tentam adivinhar como será os EUA com o governo Biden, qual o impacto de uma vacina nos consumidores e empresas – está ficando claro que ainda vai demorar para que toda a população seja imunizada, os países asiáticos não tem esses problemas e continuam a se recuperar de forma consistente. É natural que não estão torcendo para uma catástrofe no lado de cá, pois ainda dependem bastante desse lado. Mas a China, pouco a pouco, vai de desconectando.


A vitória de Joe Biden acelerou esse movimento, conforme comenta um artigo do Wall Street Journal por Mike Bird.

As ações japonesas e taiwanesas estão atingindo máximas de várias décadas esta semana, enquanto um rali no leste da Ásia está à frente de um nos EUA. Muitos ativos asiáticos podem estar maduros por um período de superação de seus equivalentes americanos.

Como sinal da forma como o vento está soprando, o desempenho este ano do Nikkei 225 do Japão, o índice mais conhecido do país, está agora quase exatamente em linha com o do S&P 500 em termos de dólar. O Topix mais representativo do Japão ainda fica para trás, mas por uma margem decrescente. As ações coreanas e taiwanesas estão ainda mais à frente.

O fator mais óbvio que pode ter mudado na esteira da eleição dos EUA é a política comercial, uma mudança que beneficia não apenas as empresas chinesas, mas qualquer uma de suas contrapartes em tecnologia e outras cadeias de suprimentos. Os resultados mais fortes do que o esperado da Honda no final da semana passada ajudaram a levantar as montadoras japonesas, mas a perspectiva limitada de novas tarifas agressivas para os próximos quatro anos, sem dúvida, também ajudou.

A balança comercial chinesa não sofreu o back sentido pelos outros países. A partir de 2020, acabou de desassociando do movimento global de comercio, sentido apenas incialmente uma retração bem inferior ao resto do mundo.

O recente aumento parece particularmente promissor para os investidores americanos, uma vez que quaisquer ganhos em ativos asiáticos serão ampliados por um dólar enfraquecido.

Com um governo dividido, as perspectivas de estímulo fiscal dos EUA parecem sombrias, o que significa que o fardo de sustentar a recuperação provavelmente cairá ainda mais sobre o Federal Reserve. Sendo todos iguais, taxas de juros mais baixas por mais tempo não são boas notícias para o dólar.

Até as notícias positivas sobre vacinas de segunda-feira foram abafadas nos mercados dos EUA por desenvolvimentos políticos: os futuros do S&P 500 subiram apenas para recuar para seu nível de pré-anúncio.

As economias desenvolvidas do Leste Asiático também estão superando os pares ocidentais no controle pandêmico.

Nessa nota, vale a pena olhar em particular para os setores cíclicos do mercado de ações, como industrial, discricionária do consumidor e tecnologia. Os índices MSCI para setores cíclicos no Japão e na Ásia-ex-Japão subiram mais de 10% em termos de dólar nos últimos três meses, ficando à frente de seus pares europeus e norte-americanos mesmo após o anúncio de segunda-feira.

O leste da Ásia pode se beneficiar diretamente dos problemas da Europa, uma vez que os investidores americanos com uma alocação específica para mercados internacionais desenvolvidos podem mudar diretamente deste último para o primeiro.

As ações chinesas superaram seus pares americanos no ano, embora os investidores possam preferir mercados menos dominados por investidores individuais e menos sensíveis a tumultos políticos. Os títulos do governo chinês ainda oferecem valor. O yuan continua a se fortalecer, e há muitos poucos lugares no mundo onde um título com vencimento em 2023 oferece um rendimento de quase 3%, com risco de crédito insignificante e risco limitado de moeda ficar negativa.

Juntos, esses três fatores — comércio, dólar e pandemia — poderiam dar um impulso significativo para muitos ativos asiáticos. A recuperação nascente e dominada pelas exportações da região e os desenvolvimentos nos EUA a colocaram em uma boa posição indo para o final do ano.

Eu reforço minha tese que os investidores deveriam aumentar sua alocação de recursos nesses mercados. No JPMorgan, de acordo com seus dados, menos de 5% do portfolio de seus clientes se encontram nessa região.

Participei de um call da Goldman Sachs ontem, cujo objetivo inicial era comentar sobre os impactos do novo governo, mas foram atropelados pelo anúncio da Pfizer, o que acarretou a inclusão de alguns slides sobre o assunto.

Vou mostrar o que me pareceu mais importante desse evento.

Incialmente, vejam a projeção do GS para o PIB, nos diversos países e regiões, comparados como o consenso da Bloomberg. Essa visão mais otimista já é compartilhada por esse banco a algum tempo, e o principal argumento é sua crença que a vacina estará disponível bem antes que os outros projetam.


Sobre a inflação não estão preocupados com a recente alta, haja visto que, a maior parte foi oriunda de alimentos, que tende a retroceder. Suas estimativas para os principais países oscilam entre 0,5% a 2%, até 2025. Agora o que mais me impressionou é a sua projeção sobre a política monetária. No gráfico a seguir, a sua ideia é que os bancos centrais podem tirar férias por anos!

Bem, essas projeções foram feitas por um banco altamente respeitado no mercado, e caso estejam certos, a bolsa deverá ser o local escolhido pelos investidores para alocar seus recursos.

No post fomos-enganados, fiz os seguintes comentários sobre o Ibovespa: ... “Nessa nova consideração, estamos dentro de uma correção que deveria terminar em algum ponto dentro da elipse, sendo o mais provável dentro a do retângulo, ou seja:

1 º suporte – 90.700

2º suporte (preferência) – 86.000/84.200

3º suporte – 75.700/74.800” ...

...” a boa notícia é que, depois dessa correção terminada, um novo movimento de alta irá ocorrer, ou seja, a previsão de alta do Ibovespa no médio prazo não mudou” ...


A mínima atingida foi de 93.386, ficando bem aquém de todos os níveis que apontei no post acima. Depois disso, o mercado subiu de forma intensa, colocando esse nível como o mínimo atingindo, e provavelmente estamos entrando no movimento de alta comentado acima.

O que saiu errado?

 Nada, apenas a correção foi num nível muito “ralo” de acordo com os padrões esperados, mas sem violar nenhuma regra básica. Isso normalmente ocorre em movimentos potentes.

Vou buscar agora um ponto de entrada, pois devemos estar entrando numa onda 3!

No gráfico a seguir, estão apontados os possíveis níveis de entrada. Para que tenham uma visão mais clara dos motivos que me levam a esses parâmetros, teria que publicar um gráfico com janela mais curta, mas eu prometi que não iria fazer para não confundir os leitores. Só resta vocês confiarem no Mosca.

Nos próximos dias terei a confirmação se a onda (1) em azul terminou ou não, caso não tenha terminado, os níveis adotados a seguir poderão se alterar.


Ceterius pariu, os níveis onde poderia ocorrer a reversão seriam: 100.700 ?99.300/98.000. Caso essa retração seja “rasa” como a anterior, se pode considerar 102.500. Tudo agora, depende de observar o curto prazo.

Notem como a forma de operar usando análise técnica evolui: incialmente se estabelece uma configuração de ondas segundo a experiencia do analista; em seguida, uma verificação se nada foge aos guide lines; passado esse ponto, é estabelecido se o mercado está numa correção, ou num movimento impulsivo; no primeiro caso, acompanha-se a trajetória que a correção está formando, e observa se os parâmetros de preço, até que uma possível mudança de direção ocorra; no segundo caso é hora de agir e dependendo em que onda o mercado se encontra, a forma de atuar é diferente. No caso do Ibovespa acredito que estamos entrando nesse último caso.

O SP500 fechou a 3.545, com queda de 0,14%; o USDBRL a R$ 5,4127, com alta de 0,50%; o EURUSD a € 1,1809, sem variação; e o ouro a U$ 1.872, com alta de 0,58%.

Fique ligado!

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