Emoção atrapalha nos investimentos
Esta
semana houve movimentos expressivos nos mercados financeiros. O gatilho
principal não foi a confirmação de que Joe Biden será o futuro presidente
americano, mas o anúncio da Pfizer de que sua vacina é muito eficaz.
Não
podemos achar que seja uma informação nova, pois espera-se que daqui em diante
vários laboratórios devam fazer o mesmo. Minha impressão é que, como costumo
dizer, a maçã caiu na cabeça do mercado.
O
artigo publicado no site Irrelevant Investor por Michael Batnick, apresenta esses
dados.
Depois
que a pandemia assolou a maior parte dos países, foi a primeira vez na minha
vida, talvez na vida de qualquer pessoa, que todos sabiam ao mesmo tempo que
estávamos indo para uma recessão. A única pergunta era o quão ruim ela seria.
Se o dia
seguinte indicou algo, é que estávamos nos deparando com um evento de
proporções realmente históricas.
O
mercado caiu quase 10% na quinta-feira, 11 de março, tornando-se o pior dia
desde a Segunda-Feira Negra em 1987. Com esse declínio, o S&P 500 entrou em
um mercado de baixa, caindo 27% em apenas 16 dias.
Seria
compreensível que investidores decidissem já ter visto o suficiente, que vendessem
suas posições e esperassem a poeira assentar. Provavelmente não consideraríamos
ser essa uma boa decisão, mas pelo menos entenderíamos por que estavam fazendo
isso.
O
mercado nos ensinou muito este ano. Uma das maiores lições é de que tomar
decisões dependendo do momento do mercado não é um requisito para investimentos
bem-sucedidos. Na verdade, o oposto é verdadeiro. Parte do que significa ser um
bom investidor é simplesmente ficar quieto quando cada instinto seu está lhe
dizendo para fazer algo. Isso também passou, muito mais rápido do que muitos
investidores pensavam ser possível —e eu certamente me incluo nesse grupo.
Passamos
oito longos e tristes meses desde aquela noite, mas nesta última segunda-feira
o mundo acordou com boas notícias. Com o anúncio da vacina, finalmente há uma
luz no final deste longo e escuro túnel. Assentou a proverbial poeira.
Sabemos os resultados da eleição, e sabemos que teremos uma defesa
contra esse vírus. O mercado comemorou, com o Dow e o S&P 500 subindo para
novos recordes de todos os tempos.
Se sua estratégia de investimento se baseia em esperar que a
poeira assente, então você passará a vida inteira comprando alto e vendendo
baixo. Este esboço de Carl Richards conta a história melhor do que eu.
O mercado dos últimos meses lembrou o dia eternamente repetido do
filme ”Feitiço do Tempo”. Ações de growth para cima, e ações value
para baixo. “Fique em casa” subiam, “reabre” caíam. Hoje foi o oposto. Em um
ano cheio de movimentações malucas no mercado, segunda-feira foi especial.
Estes gráficos de Corey
Hoffstein mostram o tamanho da loucura.
Dê uma olhada neste gráfico dos componentes do S&P 100. Quando
foi a última vez que a American Express ganhou 20% em um dia? O S&P 100 não
inclui cassinos, companhias aéreas ou cruzeiros, mas não precisamos dizer que
essas ações tiveram um dia especial. Carnival, por exemplo, ganhou 39%!
Agora
que os investidores brasileiros, se não quiserem ver seus rendimentos a um
nível muito baixo, terão de conviver com o risco de uma forma contínua—hoje o velho
CDI tem retorno real negativo —, essas experiências são importantes na sua
formação.
Uma
dúvida que pode suscitar meus leitores é como eu administro meu portfolio: uso
só análise técnica ou também a fundamentalista?
A
análise técnica certamente me fornece a direção de longo prazo. Se o mercado
indica que o risco de uma maneira geral é positivo, alinho meu portfólio de
acordo, sempre observando qual a volatilidade total que eu suporto. E vou
usando meus insights para tomar posições de forma mais tática.
-
David, e a análise fundamentalista?
Só
uso para verificar se está de acordo com a técnica, e eventualmente conferir se
algum nível é compatível. Agora, ler os intermináveis relatórios com uma série
de dados e suposições, não perco nem um minuto! Quando alguém me envia um
relatório, normalmente porque sua visão não é concordante com a minha, sou
educado e agradeço! Hahaha ...
É claro que a realidade é mais complexa que um modelo. Só posso dizer que meu processo é de um aprendizado em função dos erros e acertos.
No post loucura-loucura-loucura, fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ... “dentro da
estratégia adotada, e se essa onda 2 fosse ao nível que estava esperando,
talvez arriscasse uma compra mais abaixo. Não poderia entrar no meio do
movimento sem um stoploss muito grande.
Agora, não tem muita importância, pois se a alta for ao nível previsto,
não vai fazer muita diferença o ponto que entrar.
No curto prazo, vamos observar se o SP500 ultrapassa 3.547, e depois
encontramos um ponto de entrada” ...
O índice fez sua
lição de casa ultrapassando o nível expresso acima. Como aponta no gráfico
abaixo, existem algumas regiões onde a reversão poderá ocorrer, a saber:
3.460/3.410/3.380, sem que haja uma preferência implícita.
Para o objetivo do
SP500 permanecem 2 possibilidades: alta moderada e forte alta. Vou trabalhar
incialmente com o primeiro caso, para evitar frustrações. Nesse caso, eu
visiono um objetivo de 3.900.
- David, agora virou
moda esse negócio de: pequeno/grande; moderada/forte; e sei lá mais o adjetivo
que você vai inventar!
Acho que sua dúvida
é pertinente, mas não sei como posso te explicar sem ter que entrar em detalhes
técnicos. Quando coloco essas situações é para alertar que num prazo mais longo
as altas (baixas) podem ser expressivas, é esse o recado que quero deixar. No
caso em questão, as duas opções se encontram, assim, se a alta for moderada, e
depois de atingida, haverá um período de correção que não será agradável, somente
depois acontece a grande alta.
Não se preocupe com
isso no momento, e vamos nos concentrar no curto prazo no ponto de entrada.
Não sei se vocês
notam que ao usar a teoria das ondas de Elliot, vocês não ficam presos a
nenhuma direção preestabelecida. Mesmo num mercado de alta, poderão operar na
baixa e vice-versa. Naturalmente, é importante a visão de longo prazo, e
incursões em sentido contrário tem que ser táticas. Essas incursões são guiadas
por níveis probabilísticos, não sendo esses níveis a “vontade do freguês” e
muito menos o “achismo”.
O
SP500 fechou a 3.572, com alta de 0,77%; o USDBRL a R$ 5,4015, com queda de 0,24%; o
EURUSD a € 1,1779, com queda de 0,28%; e o ouro a U$ 1.864, com queda de 0,67%.
Fique ligado!
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