Minha mãe mandou ...
O
mercado de câmbio se encontra num dilema parecido hoje em dia. Com mais medidas
adotadas pelo governo americano, seria de se esperar que o dólar perdesse
valor. Acontece que, no mercado cambial, você vende uma moeda e compra outra, e
parece que não tem nada muito interessante nesse sentido.
O
renomado economista Kenneth Rogoff, um dos prediletos do Mosca, abordou
esse assunto no site Project Syndicate.
Com
ativos alternativos como ouro e Bitcoin prosperando na pandemia, alguns dos
principais economistas estão prevendo uma queda acentuada do dólar
americano. Isso ainda pode acontecer. Mas até agora, apesar da gestão
inconsistente da pandemia pelos EUA, do uso de déficit para alívio da
catástrofe econômica e da flexibilização monetária que, segundo o presidente do
Federal Reserve Jerome Powell, "cruzou muitas linhas vermelhas", as
taxas de câmbio do dólar permanecem estranhamente calmas. Mesmo o drama
eleitoral em curso não teve muito impacto. Traders e jornalistas podem estar se
preocupando com as dificuldades diárias do dólar, mas para aqueles que como nós
estudam tendências cambiais de longo prazo, suas reações até agora equivalem a
muito barulho por nada.
Tal
estabilidade é surpreendente, dado que a volatilidade da taxa de câmbio
normalmente aumenta significativamente durante as recessões dos EUA. Como Ethan
Ilzetzki, da London School of Economics, Carmen Reinhart,do Banco Mundial , e
eu abordamos em pesquisas
recentes,
a resposta silenciosa das principais taxas de câmbio tem sido um dos principais
quebra-cabeças macroeconômicos da pandemia.
Economistas
sabem há décadas que explicar
movimentos cambiais é extremamente difícil. No entanto, a presunção esmagadora
é que, em um ambiente de maior incerteza macroeconômica global do que a maioria
de nós já viu em nossas vidas, as taxas de câmbio deveriam estar mudando
descontroladamente. Mas mesmo quando uma segunda onda de COVID-19 atordoou a
Europa, o euro caiu apenas alguns pontos percentuais — uma gota d´água em
termos de volatilidade dos preços dos ativos. As negociações de estímulo fiscal
nos Estados Unidos estão em um dia, fora do próximo. E, embora a incerteza
eleitoral americana esteja caminhando para sua resolução, maiores batalhas
políticas estão por vir. Até agora, porém, qualquer resposta cambial tem sido
relativamente pequena.
Ninguém
sabe ao certo o que pode estar segurando os movimentos cambiais. As possíveis
explicações incluem choques comuns, uma generosa provisão do Fed em linhas de
swap de dólares e respostas fiscais maciças dos governos em todo o mundo. Mas a
razão mais plausível é a paralisia da política monetária convencional. Todas as
políticas de taxas de juros dos principais bancos centrais estão no limite, ou
perto do limite inferior efetivo (em torno de zero), e os
principais analistas acreditam
que permanecerão lá por muitos anos, mesmo em um cenário de crescimento
otimista.
Se
não fosse pelo limite inferior vizinho de zero, a maioria dos bancos centrais
estaria agora estabelecendo taxas de juros muito abaixo de zero, digamos, 3 a 4%
negativos. Isso indica que, mesmo com a melhora da economia, pode levar muito
tempo até que os formuladores de políticas estejam dispostos a
"decolar" do zero e elevar as taxas para território positivo.
As
taxas de juros não são a única explicação provável para as taxas de câmbio;
outros fatores, como desequilíbrios comerciais e risco, também são importantes.
E, claro, os bancos centrais estão envolvidos em várias atividades quase
fiscais, como a flexibilização quantitativa. Mas com as taxas de juros
basicamente congeladas, talvez a maior fonte de incerteza se foi. Na verdade,
como Ilzetzki, Reinhart e eu mostramos, a volatilidade da taxa de câmbio
central tinha caído muito antes da pandemia, especialmente depois que um banco
central após o outro passou por cima do limite zero. O COVID-19, desde então, tem
cristalizado essas taxas de juros ultra baixas.
Mas
a imobilidade atual não durará para sempre. Deduzidas as taxas de inflação
relativas, o valor real de um índice de dólar amplo vem subindo há quase uma
década, e em algum momento provavelmente voltará, em parte, à média (como
aconteceu no início dos anos 2000). A segunda onda do vírus está atualmente
atingindo a Europa mais fortemente que os EUA, mas este padrão pode em breve
reverter com a chegada do inverno, particularmente se o interregno
pós-eleitoral da América paralisar tanto a saúde quanto a política
macroeconômica. E embora os EUA ainda tenham uma enorme capacidade de distribuir
auxílio emergencial a trabalhadores e pequenas empresas, a crescente
parcela da
dívida pública e corporativa dos EUA nos mercados globais indica fragilidades a
longo prazo.
No
post o-que-esta-barato-vai-subir, versei sobre o assunto cambial e
porque se deve ter cuidado ao analisar os modelos cambiais. O artigo acima não
deixa de ser algo no mesmo assunto, dada a perplexidade desses economistas quanto
à evolução da taxa do dólar. Seguramente, a recente incursão dos diversos
bancos centrais e governos tem tido impacto significativo.
O gráfico interessante (de valor apenas teórico) a seguir contém uma simulação de onde estariam os diversos índices acionários se não tivesse havido o Quantitative Easing (QE) desde o início. Grosso modo, teriam caído à metade, com exceção do Nasdaq, mais baixo ainda. Cá entre nós, que cálculo foi feito?
Os investidores se encontram num dilema, qual moeda escolher? Talvez, ao invés de invocar a mãe podemos fazê-lo assim ... “O Rogoff mandou vender o dólar” ... O que comprar? Pelo tom dele, qualquer outra moeda!
No
post a-pfiser-vence-as-eleicoes, fiz os seguintes comentários sobre o
dólar: ... “No gráfico acima, estão marcados os
seguintes níveis onde poderia ocorrer a reversão: primeiro a R$ 5,16; em
seguida R$ 5,07 (minha preferência); R$ 4,92; e ao redor de R$ 4,70.
Independente desses objetivos vou atualizar o stoploss para R$ 5,50.
Queria deixar reforçado que, caso o dólar continue o movimento de queda, após o último limite mencionado acima – R$ 4,70, aumenta consideravelmente a chance da alta de longo prazo do dólar ter terminado, meu cenário B” ...
Por enquanto, o movimento do dólar está seguindo os parâmetros esperados dentro da teoria de Elliot Wave, onde a onda 4 (em laranja) parece ter terminado, dando sequência ao movimento de queda, Para que essa afirmação se torne mais convincente, é necessário que o dólar negocie abaixo de R$ 5,30.
Uma atualização dos níveis para uma possível reversão, se encontra no gráfico a seguir.
O
primeiro objetivo se encontra entre R$ 5,12/R$ 5,08 (mais provável), em seguida
R$ 5,00/R4,96 e por último R$ 4,88.
A
observação comentada acima, continua válida, caso o dólar continue a queda
abaixo de R$ 4,70.
Muito se tem discutido sobre a taxa de juros locais, estar muito baixa. São dois os principais motivos: um de curto prazo, em função da elevação dos preços de alimentos, que pressionaram os índices inflacionários nos últimos 3 meses; outro, que nos coloca em risco no longo prazo, a imobilização do governo em relação ao déficit público.
O gráfico a seguir, que compara a taxa de juros contra a inflação Ex- Ante e Ex-Post, mostra a extensão da queda, esse nível só se observou no passado quando Dilma era presidente e mandou baixar os juros por vontade própria.
Em termos de balança comercial, a alta dos preços das comodities no mercado internacional é vigorosa, sendo razão também, pela dupla pressão interna, da alta dos preços desses itens e do dólar.
A recuperação brasileira da produção industrial foi vigorosa, justificando uma letra V maiúscula. No gráfico abaixo, que compara a média dos países emergentes e desenvolvidos, a nossa ultrapassou a todos. Bom sinal!
O SP500 fechou a 3.618, com alta de 0,91%; o USDBRL a R$ 5,4280, com queda de 0,54%; o EURUSD a € 1,1848, com alta de 0,14%; e o ouro a U$ 1.886, sem variação.
Fique ligado!
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