Mudança estrutural: O Futuro em jogo #nasdaq100 #NVDA
O mundo está diante de uma mudança estrutural que transcende
o óbvio. As tarifas anunciadas em 3 de abril de 2025 desencadearam um terremoto
econômico cujas réplicas ainda estamos começando a sentir. Como apontei em
"Uma mudança estrutural", o impacto nos preços é inegável e
significativo, com a China já retaliando e os mercados reagindo em reflexo
automático: bolsas em queda, dólar oscilante e juros em retração. A leitura
inicial aponta para uma recessão nos EUA, com chances acima de 50%, mas o que
realmente importa agora não é o passado ou a decisão em si — é o que vem pela
frente. Estamos no limiar de um cenário imprevisível, e é nele que reside o
verdadeiro desafio.
Os mercados podem até apostar no colapso americano, mas eu
vejo um tabuleiro mais amplo. Se os EUA desacelerarem, o contágio será global —
China inclusa, onde o impacto será visceral dado seu momento econômico frágil.
Essa não é uma disputa entre governos que se resolve em comunicados; ela sangra
nas empresas e respinga nos consumidores. A elasticidade dos produtos definirá
os próximos passos: café terá repasse total de custos, enquanto perfumes
absorverão parte do golpe nas margens. A inflação virá, disso não há dúvida,
mas sua força depende de como os preços se reorganizam, do peso desses itens
nos índices e, sobretudo, da psicologia do consumidor. O medo de perder o
emprego pode travar gastos mais do que qualquer tarifa.
O que esperar daqui em diante? Uma dança caótica de
adaptação. Empresas buscarão novos mercados — vide a China redirecionando
carros da BYD para outros continentes. Mas o futuro não está escrito em
previsões lineares. O mercado agarra-se ao óbvio hoje, mas o óbvio é apenas o
primeiro ato.
Um Novo Equilíbrio Econômico
Os dados recentes mostram o tamanho do desafio. Em 2024, o
déficit comercial de bens dos EUA com a China atingiu US$ 295,4 bilhões, com
importações de US$ 438,9 bilhões contra exportações de US$ 143,5 bilhões. As
tarifas, que chegam a 54% sobre produtos chineses e 10% universalmente, vão
forçar uma reprecificação brutal. Mas o foco agora é como isso redesenha o mapa
global. Países emergentes, como Vietnã e Tailândia, podem afundar sob taxas
altas ou se reinventar com acordos alternativos. A China, por sua vez, tem
cartas na manga: desvalorizar o yuan para baratear exportações ou inundar
outros mercados com produtos rejeitados pelos EUA. Para o Brasil, o sinal é de
alerta — nossas commodities enfrentarão concorrência feroz e preços voláteis.
A resiliência do consumo será testada. Como Conor Sen
aponta, bens importados (carros, móveis, roupas) ficarão mais caros, enquanto
serviços locais — restaurantes, cinemas, parques — podem se beneficiar de um
redirecionamento de gastos. Um carro novo, que custava US$ 50 mil em 2024, sobe
US$ 5 mil e desestimula compras; os US$ 60 bilhões "poupados" em
vendas menores podem irrigar o setor de serviços. Isso não é uma crise uniforme
— é uma redistribuição. Empregos em manufatura podem encolher, mas garçons e guias
turísticos talvez resistam. A questão é: por quanto tempo? Se a incerteza
persistir, até os serviços sentirão o baque.
Riscos e Oportunidades no Horizonte
John Authers acende outro alerta: o "cofrinho
global" pode rachar. Investidores estrangeiros, que turbinaram o S&P
500 (140% de retorno em cinco anos em coroas suecas), têm lucros gordos a
resgatar. Um dólar mais fraco — contra todas as apostas pré-tarifas — dá fôlego
a emergentes, mas ameaça os fluxos de capital que sustentam os EUA. Se o
comércio global murchar, o dinheiro seguirá, e o ciclo virtuoso americano pode
virar um pesadelo reflexivo. O Fed, pressionado por desemprego, pode cortar
juros, mas a inflação tarifária complica o cálculo. Estamos a um payroll ruim
de um ponto de inflexão.
Para os próximos trimestres, vejo três cenários. Primeiro,
uma adaptação dolorosa, mas funcional: empresas realocam cadeias de suprimento,
consumidores ajustam prioridades, e a inflação se estabiliza em níveis
toleráveis. Segundo, um colapso em cascata: retração generalizada, desemprego
em alta e tarifas mantidas como dogma, levando a uma recessão global. Terceiro,
uma reviravolta política — um recuo tático, como já ocorreu em 22 anúncios
tarifários anteriores, segundo a Signum Global Advisors, suavizando o impacto.
O desfecho depende menos de modelos econômicos e mais da teimosia humana.
O Brasil e o Mundo na Encruzilhada
Para o Brasil, o futuro exige astúcia. Exportadores de soja,
minério e carne podem lucrar com a busca por alternativas aos EUA, mas a
concorrência será selvagem. Consumidores aqui sentirão o peso de eletrônicos e
carros mais caros — um teste de paciência e bolso. Empresas inteligentes
diversificarão mercados, enquanto o governo terá de negociar com precisão
cirúrgica. Na crise, há brechas: um dólar fraco favorece nossas exportações, e
a China faminta por parceiros pode abrir portas.
O mercado hoje enxerga o óbvio — queda, medo, incerteza. Mas
o óbvio é raso. Daqui em diante, o jogo é de adaptação e ousadia. Quem entender
a elasticidade dos preços, a psicologia do consumo e os movimentos tectônicos
do comércio sairá mais forte. A mudança estrutural está apenas começando.
Análise Técnica
No post “meu-momento-warren-buffet”, fiz os seguintes comentários
sobre o Nasdaq 100: “Não tenho muito a acrescentar ao que já foi dito acima.
Segundo uma outra contagem de curto prazo, uma mínima poderia alcançar
aproximadamente 18.800, ou até um nível ainda mais baixo. A única observação
que eu poderia incluir é que, se a bolsa está em um movimento de alta, o nível
de 19.152 precisa se sustentar.”
Quando um mercado reage de forma mais abrupta do que o
esperado, você tem a obrigação de reavaliar sua contagem, e é o que pretendo
fazer nos próximos dias. Por enquanto, não vou antecipar hipóteses mais
profundas de queda. Se existe a possibilidade de uma alta mais adiante e
considerando a hipótese mencionada acima, o Nasdaq 100 poderia estar próximo de
uma reversão.
Em relação à Nvidia, meus comentários foram: “Destaquei
no gráfico a seguir as 5 ondas mencionadas acima. Outro ponto positivo é que,
na retração da onda (ii) vermelha, o preço não ultrapassou o nível de
US$ 108,40. Mas, por enquanto, nada muito animador.”
As mesmas considerações valem para a Nvidia, que já vinha
sofrendo ameaças de concorrentes como os DeepSeek e, agora, também dos efeitos
secundários das tarifas. Como podem ver, terei muito trabalho nos próximos
dias. Uma avaliação apenas visual não indica nada mais sério; esse pode ser um
processo de correção mais prolongado. Nem por isso me coloco a comprar apenas
com base nessa percepção. Na contagem que venho adotando, vejo dois intervalos
que poderiam conter US$ 98,50 e US$ 86,40.
Se você recebesse o gráfico a seguir agora, antes do almoço,
e considerando que tem posições em ações no mercado americano, ficaria
tranquilo?
De cara, pode eliminar as primeiras quatro colunas e, com
grande probabilidade, também a quinta e a sexta. Em outras palavras, restam 26%
de chance (100% - 74%) de que, após 1 ano, o mercado não esteja acima do seu
ponto de entrada. Mesmo se não funcionar, tudo bem, pois, depois de cinco anos,
é praticamente certo que você terá lucro (84%). Se ainda assim não der certo,
espere dez anos (93%) e, se mesmo assim não funcionar, em 30 anos é certeza. Detalhe,
se não der certo não vem cobrar do Mosca! Hahaha ...
Para encerrar essa semana maluca, o presidente Trump, ao ser
questionado sobre a queda dos mercados, respondeu: "Acho natural, isso
acontecer com quem está doente." Mas quem será que está doente? Se o
mercado não enxergava nenhum grande problema antes e agora todos veem. Acho que
é muito mais um caso em que quem aplica o remédio está doente.
O S&P500 fechou a 5.074, com mais uma queda expressiva
de 5,97%; o USDBRL fechou a R$ 5,8407, com alta de 3,81; o EURUSD a € 1,0949,
com queda de 0,91%; e o ouro a U$ 3.036, com queda de 2,43%.
Fique ligado!
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