Como definir risco? #S&P500

 


O cenário financeiro global é um palco onde a incerteza executa uma coreografia inquietante. Perguntas como as alíquotas futuras de importação, o impacto nos preços e a resposta do Federal Reserve pairam, ampliando a gama de resultados possíveis — muitos deles incertos.” No Mosca a missão é destacar o novo, decifrando dinâmicas frescas com sofisticação e audácia. Este texto, baseado nos documentos fornecidos, conecta o conceito de risco às convulsões atuais dos mercados, enfatizando perspectivas originais, incluindo minha percepção sobre o Secretário do Tesouro, Scott Bessent, e uma reflexão sobre o pessimismo extremo.

 

Risco: A Incerteza como Protagonista

Risco não é apenas perda, mas a ausência de certeza, uma gama de desfechos com probabilidades incertas. Como Joe Wiggins explora em Behavioural Investment, pular com um paraquedas caseiro é arriscado pela possibilidade de sobreviver ou morrer; sem ele, a certeza da morte elimina o risco. Investidores devem focar nessa gama de resultados, não em métricas como volatilidade, que, embora fáceis de calcular, distorcem a realidade. Em crises, a percepção de risco dispara: eventos recentes inflam o medo, alargando os cenários imaginados e dando peso a desfechos negativos. Em bolhas, o oposto — complacência reduz a incerteza percebida, focando em ganhos ilusórios.

O horizonte temporal molda o risco. Um ano em ações pode variar de +40% a -40%; em 30 anos, a gama estreita, favorecendo retornos pelo crescimento composto. Mas horizontes longos são perigosos em estratégias concentradas ou alavancadas, onde o risco de catástrofe cresce. A diversificação, ao combinar ativos com trajetórias distintas, limita extremos, reduzindo perdas potenciais, mas também ganhos exorbitantes. Gerenciar risco exige entender essas possibilidades, cortar extremos negativos e inclinar as chances para o positivo, resistindo a vieses como extrapolação ou excesso de confiança, como define Elroy Dimson: “risco é quando mais coisas podem acontecer do que realmente acontecerão.”

 

Mercados Sob Tensão: O Pessimismo em Foco

A pesquisa do Bank of America revela um pessimismo histórico: 82% dos gestores preveem uma economia global mais fraca, o pior humor em 30 anos. O S&P 500, com queda de 8,1% este ano, reflete isso, enquanto a intenção recorde de reduzir ações americanas sinaliza cautela. Alocações em caixa a 4,5%, abaixo do limiar de 6% que marcaria pânico, sugerem que o mercado não precificou o pior, deixando margem para mais quedas. A dispersão nas previsões para o S&P 500 — a maior em 25 anos — reflete a paralisia analítica diante do imprevisível




Surpreendentemente, o dólar caiu ao menor nível em seis meses contra euro, iene e franco suíço, desafiando a lógica de porto seguro das treasuries americanas. Juros de longo prazo superando os de curto prazo sugerem estagflação — inflação alta com crescimento lento. Na Europa, os bunds alemães recuperaram níveis pré-crise, indicando um alívio momentâneo, mas não uma solução John Authers chama isso de “cessar-fogo” frágil, um intervalo antes de novas tensões




Uma Nova Lente: Bessent e Anomalias de Mercado

Minha percepção sobre Scott Bessent, Secretário do Tesouro, é inquietante. Em entrevista à Bloomberg, sua hesitação e respostas vacilantes transmitiram insegurança, como um “bom garoto” seguindo ordens, não um líder com visão própria. Suas ideias — expandir cortes fiscais de 2017 com isenções para gorjetas ou deduções de juros automotivos — parecem desconexas, mais populistas do que estratégicas, inadequadas para um momento que clama por firmeza. Essa fragilidade no comando do Tesouro é uma novidade preocupante, amplificando a incerteza onde clareza é vital.

Enquanto isso, mercados periféricos surpreendem. A bolsa de Gana, com alta de 17% em termos de dólar, ignora o caos global. Bancos locais, recuperados de uma reestruturação de dívida, puxam o rali, mostrando que oportunidades surgem em terrenos inesperados. Esse contraste com o pessimismo dominante sugere que o risco, embora generalizado, não é uniforme — novos bolsões de resiliência merecem atenção.




Será que o mercado está especulando que Gana se tornará uma rota estratégica para as exportações chinesas? Com tarifas de apenas 10%, produtos poderiam fazer uma escala em Gana, receber um selo de "Made in Ghana" e deslizar discretamente para o mercado americano. Contudo, acredito que, com o tempo, um aumento exponencial nas importações provenientes de Gana chamaria a atenção dos Estados Unidos. Não demoraria para que percebessem o artifício — uma manobra que não é tão engenhosa assim.

 

Reflexão: O Pessimismo Está nos Preços?

O gerenciamento de risco exige foco: mapear resultados possíveis, evitar catástrofes e buscar vantagens, sempre alerta a vieses. Mas uma observação se impõe: será que esse pessimismo extremo já está nos preços? Historicamente, momentos de desânimo profundo, como este, abriram caminho para reações positivas no mercado, com investidores subestimando a capacidade de adaptação. Contudo, a imprevisibilidade atual — onde até as intenções de política econômica parecem opacas — mantém o risco elevado, desafiando previsões simplistas.

 

Análise Técnica

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No post “os-efeitos-colaterais”, fiz os seguintes comentários sobre o S&P 500: “Vou dar ao S&P 500 uma última chance de reagir antes de adotar essa alternativa. Pela opção atual, o nível crítico que ainda tolero está destacado no retângulo do gráfico. Isso não implica uma recuperação imediata – pode haver demora, talvez com a formação de um triângulo –, mas falo aqui de limites de preço, não de tempo.”




Após mais uma semana buscando recuperação, o índice encontra-se próximo de um nível (5.481) que trará mais alento a essa contagem – não confunda alento com garantia. Tracei em vermelho o que poderia ser esse triângulo mencionado, onde a onda (a) vermelha corresponderia à área contemplada pela elipse amarela.

Alguns detalhes importantes, caso o triângulo se confirme: 1) só o saberemos após sua conclusão; 2) o tempo das ondas subsequentes (b), (c), (d) até o término da onda (e) vermelha pode ser menor em tempo que o da onda (a); 3) a onda 4 azul será deslocada, conforme indicado pelo símbolo em azul, alterando, por consequência, o alvo da onda 5 azul, de 6.825.




As ondas 4 que se desenvolvem como triângulos têm uma razão de ser. Veja sua definição: elas refletem um mercado “pensativo”, que acumula energia antes de um breakout. Essa contração sugere um mercado em compasso de espera, com volatilidade reduzida e participantes hesitantes, como se estivesse “respirando fundo”. Parece o cenário que vivemos.

O S&P 500 fechou a 5.396, com queda de 0,17%; o USDBRL fechou a R$ 5,8859, com alta de 0,53%; o euro fechou a € 1,1286, com queda 0,55%; e ouro U$ 3.228, com alta de 0,61%.

Fique ligado!

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