A China manda recado ao Trump #SP500
Menos de 24 horas após Washington oficializar a “contribuição” de 15% sobre todas as vendas dos chips H20 da Nvidia para a China, Pequim respondeu com precisão cirúrgica: orientou suas empresas a priorizar fornecedores domésticos em detrimento dos norte-americanos. Traduzindo para o linguajar de mercado, mandou enfiar os chips americanos num lugar pouco nobre. Não se trata de um banimento formal, mas o recado é claro — e, como bem descreve a Bloomberg, o H20 já nasce com um selo de “fora de modelo”, com especificações que o tornam obsoleto para as aplicações de fronteira.
A medida expõe uma fragilidade estrutural na aposta de Donald Trump: ele abriu mão de parte da vantagem tecnológica dos EUA em troca de receita imediata e algum espaço diplomático. Só que, ao mesmo tempo, reforçou o ímpeto chinês em acelerar a substituição de componentes críticos. A história mostra que a China é capaz de transformar restrições em catalisadores industriais — e este parece ser mais um caso.
A verdadeira batalha, no entanto, não está apenas no design dos chips, mas na
capacidade de integrá-los rapidamente em escala. Como lembra Hal Brands, o jogo
não se decide apenas na linha de chegada tecnológica, mas no ritmo de adoção.
E, nesse quesito, Pequim está em vantagem. Enquanto Washington se debate com
regulações e disputas internas, a China já injeta inteligência artificial nos
processos industriais, logísticos e de controle social, multiplicando ganhos de
produtividade e consolidando padrões tecnológicos próprios.
O contraste é nítido: os EUA lideram na criação de modelos avançados, mas a
China domina a aplicação massiva, contando com uma máquina estatal capaz de
direcionar inovação privada para objetivos nacionais. Programas como a “Rota da
Seda Digital” expandem sua influência tecnológica pelo mundo emergente,
enquanto o uso de modelos de código aberto facilita a customização local e
reduz barreiras de entrada para startups.
Há ainda um fator demográfico e educacional que pesa no tabuleiro. A China
forma anualmente cerca de 500 mil engenheiros, volume muito superior ao dos
EUA, criando um exército técnico capaz de absorver e ampliar a tecnologia
disponível. Em termos práticos, significa maior capacidade de adaptação e
desenvolvimento contínuo. É como se cada “carteirinha - PF” de engenheiro
emitida fosse um passo a mais no avanço da IA — e, por lá, a fila para obtê-las
está andando rápido.
A decisão de Trump de permitir a venda dos H20, em troca de participação nos
lucros, também desperta críticas internas. Especialistas como Dave Lee apontam
que o movimento oferece à China a “pista de decolagem” necessária para acelerar
a implantação de IA em larga escala nos próximos dois anos, justamente o tempo
que seus fabricantes precisam para fechar o gap tecnológico. Em vez de conter,
a medida pode acabar fortalecendo o ecossistema chinês e tornando-o mais
competitivo frente ao Ocidente.No plano energético, o
“AI Action Plan” da Casa Branca até reconhece gargalos — como a necessidade de
ampliar capacidade elétrica e agilizar licenciamento — mas ignora um ponto
vital: a retenção de talentos estrangeiros. Imigrantes fundaram boa parte das
líderes em IA nos EUA, mas o país continua impondo barreiras que empurram
cérebros para outros polos tecnológicos. Enquanto isso, a China, mesmo com suas
restrições políticas, mantém fluxo estável de formação e absorção de
profissionais altamente qualificados.
O que está em jogo é mais do que a disputa comercial ou tecnológica: é a
definição de quem estabelecerá as regras da economia digital nas próximas
décadas. Ao abrir mão de instrumentos de pressão antes de consolidar uma
liderança sustentável, os EUA podem estar alimentando um competidor que, em
breve, não dependerá mais de concessões ou de chips “meia-boca” para avançar.
Se o futuro da IA será decidido pela soma de inovação de ponta e capacidade de
execução, a balança começa a pender para quem consegue transformar planos
estratégicos em aplicação prática em ritmo acelerado. E nisso, a China já
deixou claro que não pretende esperar.
Análise Técnica
No post “ o-post-do-milhão” fiz os seguintes
comentários sobre o S&P 500: “neste cenário,
provavelmente — porque ainda é cedo para assumir essa hipótese —,
a onda 4 azul está em andamento; sendo assim, a bolsa poderia
recuar até 6.114 (- 3,5%) ou 5.920 (- 6,5%). Acima de 6.430, o jogo continua.
Aguardamos para qualquer posicionamento, mas fique de olho no Mosca para uma
eventual sugestão de compra”
Quando os dados de inflação americana são publicados, os PROs dos mercados gostam de adivinhar qual será o impacto nas bolsas. A tabela abaixo foi elaborada por esses profissionais do JPMorgan.
Na publicação teve uma boa notícia e uma má
notícia, se é que podemos classificar um desvio de 0,1% em bases anuais desta
forma. Até entendo a preocupação nesse indicador por todos os motivos que
sabemos, mas 0,1% é desprezível.
A taxa foi de 2,7% a.a. o esperado era de 2,8% —, enquanto o índice que
exclui os itens mais voláteis, denominado de Core, foi de 3,1% — acima do projetado de 3,0%. Vamos ver no
final do dia se a bolsa fica entre 0% e 0,75%., na abertura ficou no meio a
0,35%.
A proximidade do S&P 500 do nível em que o jogo continua, somada a um resultado mais benigno da inflação, levou-me a optar por entrar na bolsa na abertura, a 6.380. Vou estabelecer o stop loss em 6.310. Existe a possibilidade de um false break, que seria praticamente descartada caso o índice ultrapasse 6.480. Caso a bolsa continue subindo amanhã, atualizarei o stop loss.
O S&P 500 fechou a 6.335, com alta de 1,13%
‑ vou dar o mérito ao pessoal do JP mesmo que eles tenham errado por 0,1% no intervalo;
o USDBRL a R$ 5,3875, com queda de 1,10%; o EURUSD a € 1,16757, com alta de 0,52%; e o ouro a U$
3.347, com alta de 0,15%.
Fique ligado!
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