Deve ser um Pato # S&P 500
Ao contrário do que se propaga nos discursos alarmistas, a concentração das altas recentes do S&P 500 não é distorção passageira — é parte essencial da nova dinâmica de valor. Essa convergência das bolsas em poucas empresas que lideram a automação, IA, mobilidade limpa e semicondutores está em perfeita sintonia com o conceito da carteirinha que defendo: selecione ativos com os fundamentos que importam hoje, não os que brilhavam ontem.
Os artigos da Bloomberg sobre a amplitude do mercado — agora restrita a um
punhado de megacaps — mais reforçam do que criticam. Sim, é verdade que apenas
cerca de 10% das ações reais vêm puxando o índice, um número abaixo das médias
históricas. Mas isso não significa “alerta de bolha”: significa mudança
estrutural. Quando se desprendem modelos ultrapassados, movimentos concentrados
são a forma mais eficiente de refletir inovação e transformação econômica.
Esse padrão foi destacado recentemente por Liz Ann Sonders, que mostrou que
especuladores permanecem com posições vendidas em futuros do S&P 500 — uma
prova de que o consenso do mercado ainda está atrás da curva. Ela observou que
o posicionamento líquido dos grandes fundos está “mais negativo desde março de
2024”. Esse pessimismo persistente dá espaço para seguir comprando quem
realmente entrega crescimento diferenciado, em vez de correr atrás de ganhos
superficiais.
Veja o gráfico a seguir — de Liz Ann Sonders — que pinta exatamente a evolução dessa concentração: as oito maiores ações de tecnologia respondem por quase 30% do S&P 500, contra cerca de 20% no início do ano. Essa não é uma anomalia: é o reflexo da nova economia, onde peso e relevância são ganhos por quem produz mais, vende mais, cresce mais.
O gráfico que eu também trouxe — da Bloomberg — mostra essa mesma natureza:
baixa amplitude, alta seletividade. E é justamente essa seletividade que define
o ciclo atual. No Mosca, insisto: não estamos repetindo antigos movimentos
cíclicos. A IA generativa, a automação avançada e os robôs humanoides não são
acontecimentos isolados — são um ecossistema novo, onde o valor se concentra de
forma legítima e sustentável em quem entrega inovação real.
Quando se diz “é
perigoso”, normalmente se refere àquelas bolhas especulativas do passado, onde
preço subia sem correspondência real de valor. Hoje os megacaps — as líderes da
próxima infraestrutura global — têm receita, lucro, pipeline de produto, patentes,
clientes. O que temos é alta com fundamento, não inflada por narrativa vazia.
Essa mudança, no
entanto, não está sendo compreendida por todos — e às vezes o desconhecimento
beira o cômico. Vale aqui relembrar a declaração do presidente Lula, que há
alguns meses afirmou que o Brasil não precisa de inteligência artificial, pois
“somos mais inteligentes”. A frase, além de tecnicamente absurda, revelou o
grau de desconhecimento sobre o momento histórico que atravessamos.
Mais recentemente, na reunião do Brics, tentou remediar com outra ideia
estapafúrdia: induziu criar uma estatal chamada “Intelbras” para competir com
as gigantes globais da IA. Desculpe, mas tamanha ingenuidade nem merece análise
aprofundada. Achar que se combate Nvidia, Microsoft ou OpenAI com estrutura
estatal e retórica nacionalista é não ter a menor noção da escala tecnológica e
da lógica de mercado desse novo mundo. Enquanto o mundo acelera, seguimos
reféns de uma mentalidade do século passado.
Se parece um pato, anda como um pato... e esse pato está produzindo. A carteira
concentrada não é falha; é caracterização natural da fase da revolução
tecnológica. O investidor que desejar diversificação excessiva pode achar
tranquilidade, mas estará entregando resultados. Já quem opta por participação
ativa nesse movimento está construindo performance real e eficaz.
É importante lembrar que quem discordar ainda verá essas empresas continuarem a
gerar valor crescente, expandir mercado, liderar transformação global e
corresponder ao peso que já carregam na carteira. Não há um “alerta” aqui — há
sim, uma chamada para reconhecer o novo modelo e investir nele com convicção.
Análise Técnica
No post “revolução-digital-em-curso”, comentei o seguinte sobre o S&P 500: “O
gráfico a seguir mantém a mesma contagem publicada anteriormente, com alteração
apenas nas cores das ondas. Nessa projeção, o mercado está a caminho do nível
de aproximadamente 6.480 (+5%).”
O gráfico abaixo apresenta os objetivos dessa projeção. Seguindo a linha laranja pontilhada, a onda iii laranja terminaria em 6.347, ocorreria uma retração, e a onda v laranja finalizaria em 6.455 — uma alta de 3,6%.
— David, hoje seu texto mostra otimismo com o futuro e, principalmente, com a bolsa americana. Mas desde que saiu do S&P 500 em junho, não entrou mais. Pergunto: por que não compra e tira férias? Hahaha.
Você tem toda razão. Fiquei receoso com a alta que ocorreu após a queda encerrada em abril. Sabe como é... ex post tudo parece mais simples. Mas a vantagem da análise técnica é que um erro (ou abrindo mão de resultados) não te imobiliza. Nessa projeção que apresentei acima, a alta não é muito atrativa em relação à queda que deverá vir com a onda 4 laranja (não mostrada no gráfico).
Mas, atendendo à provocação, compartilho a seguir meu cenário super altista baseado no gráfico de janela semanal. Veja você mesmo: ao final, ele projeta uma alta de cerca de 40%. Se esse cenário se concretizar, o mercado deve subir forte em breve. Mas é um cenário alternativo — não dá para mergulhar nele de cabeça e “dane-se”.
O S&P 500 fechou a
6.225, sem variação; o USDBRL a R$ 5,4463, com queda de 0,76%; o EURUSD a €
1,1724, com alta de 0,14%; e o ouro a U$ 3.303, com queda de 0,99%.
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