Conturbando a economia #nasdaq100 #Nvidia
A economia americana poderia estar flertando
com o estado idealizado de "Goldilocks" — nem quente o suficiente
para alimentar a inflação, nem fria o bastante para gerar desemprego. No
entanto, esse equilíbrio foi distorcido por intervenções políticas que, longe
de estabilizar o sistema, criaram distorções difíceis de contornar. Tarifas,
déficits fiscais e instabilidade institucional, em especial no Federal Reserve,
afastaram os EUA da rota previsível que muitos analistas esperavam.
A nomeação política de Stephen Miran para o
board do Fed é mais um sintoma dessa conturbação. O banco central, cuja
credibilidade depende de independência, virou campo de disputa. Como resultado,
o mercado observa um FOMC dividido: um grupo pressionando por cortes nos juros,
apontando sinais de fraqueza no mercado de trabalho, e outro alertando que essa
medida só agravaria a inflação de salários. O economista Ed Yardeni aponta que
os dados de desemprego recentes mostram um paradoxo: poucas demissões, mas uma
duração crescente da condição de desempregado, revelando um mercado de trabalho
mais frágil do que aparenta.
A raiz dessa fragilidade parece vir de dois
lados. De um lado, as políticas anti-imigração de Trump reduziram a oferta de
trabalho, pressionando salários. De outro, os empregadores — diante da
incerteza tarifária — adiaram planos de contratação. O resultado: uma
combinação tóxica de menos oferta de trabalho e mais custo por trabalhador, o
que pressiona os núcleos inflacionários.
Nesse cenário, um alívio inesperado começa a
despontar: a produtividade.
Segundo dados do Bureau of Labor Statistics, a
produtividade do trabalho nos EUA cresceu 2,4% no segundo trimestre, após uma
queda de 1,8% no primeiro. A produção não agrícola aumentou 3,7%, e os custos
unitários de trabalho subiram apenas 1,6%. São sinais claros de que a economia
americana está extraindo mais valor de cada hora trabalhada, aliviando parte da
pressão inflacionária — especialmente no setor de serviços, onde os salários
representam o maior custo fixo.
O impulso à produtividade tem múltiplas
origens, mas nenhuma tão promissora quanto a inteligência artificial. Empresas,
buscando amortecer os efeitos das tarifas e da escassez de mão de obra, têm
acelerado investimentos em automação e IA. A tendência sugere uma nova era, não
apenas de crescimento, mas de transformação estrutural: menos dependência de
trabalho intensivo e maior peso da inteligência computacional.
A IA aparece como um dos poucos fatores capazes
de atacar simultaneamente os dois principais gargalos da economia americana:
inflação persistente e trajetória explosiva da dívida pública. Um estudo citado
por Justin Fox mostra que, se a produtividade total dos fatores (TFP) crescesse
1,5% ao ano, em vez do 1% da projeção base, o endividamento como proporção do
PIB poderia ser estabilizado — algo vital, considerando os déficits atuais.
O otimismo, no entanto, deve vir temperado com
realismo. O mesmo estudo alerta que ganhos de produtividade raramente ocorrem
de forma linear. A difusão da tecnologia, mesmo nos casos de rupturas como a
informática ou a internet, demora a se refletir nos indicadores
macroeconômicos. No caso da IA, o risco é duplo: além da demora na difusão, há
o perigo de esses ganhos serem neutralizados por políticas populistas — como
novas rodadas de cortes fiscais — que reforcem os déficits.
Em paralelo, começa a surgir um debate incômodo
para os americanos: será que os EUA ainda lideram o mundo em inovação? Apesar
de concentrarem as principais empresas de IA — como OpenAI e Nvidia —, países
como China e Singapura avançam em outras frentes. A China domina o campo da
execução, transformando ideias em produtos de forma mais ágil, com frotas de
táxis autônomos e bilhões investidos em laboratórios independentes. Já
Singapura demonstra uma capacidade rara de inovação no setor público, com
sensores, drones e big data integrados ao cotidiano da cidade.
A dúvida, portanto, não é se a IA vai
transformar a economia. A pergunta relevante é se os EUA conseguirão liderar
esse processo em termos de escala, impacto e sustentabilidade fiscal. Os sinais
são ambíguos. A produtividade está reagindo, mas a instabilidade política e
fiscal pode comprometer esse ciclo virtuoso. A disputa entre políticas fiscais
expansionistas, protecionismo comercial e inovação tecnológica vai definir não
apenas o destino da economia americana, mas também a relevância do dólar como âncora
monetária global.
Como se posicionar nesse ambiente?
Se você baseia suas decisões em fundamentos, o
alerta é claro: não conte com as correlações do passado. A nova economia —
moldada pela IA, polarização política e desglobalização — não respeita os
modelos tradicionais. E, se sua abordagem for técnica, então os gráficos são
sua bússola. No final das contas, o mercado continuará fazendo o que sempre
faz: punindo os distraídos e premiando os atentos.
Análise Técnica
No post “IA-atuando-em-conchavo” fiz os seguintes comentários sobre a
nasdaq100: “A bolsa atingiu o objetivo que estávamos esperando. Isso é
suficiente para que possamos nos preparar para uma queda? Sem dúvida que não,
serve apenas para observamos os próximos movimentos.
No gráfico abaixo anotei as várias regiões que
deveremos observar:
Jogo continua - Uma
correção de menor porte indicando que a bolsa deve continuar subindo.
Correção média – com
queda média de 5%, como o próprio nome indica, existe mais uma sequência a
frente a ser mais bem calculada.
Neutro – Fico sem opinião precisando
observar o que ocorreu nesse movimento, queda média de 16% que vai machucar.
Requer atenção – Ao
penetrar nessa área, poderão ocorrer duas hipóteses: uma alta importante à frente
ou o início de uma queda ainda mais acentuada, sendo esta a primeira onda.
Nesse caso a queda média seria de 20%.
Perigo – Pode ser que uma máxima tenha sido atingida nas ondas de maior grau”
Toda minha cautela até agora se mostrou desnecessária; como podem verificar no gráfico abaixo, a opção jogo continua está próxima de se confirmar e, dependendo do “shape” desse rompimento, teria que decidir se o cenário mais altista está em andamento.
A análise técnica não é uma ciência exata, embora eu achasse a Teoria de Elliot Wave infalível quando comecei
a usá-la — afinal: 5 ondas para frente,
3 para trás: então era só matemática
elementar. Mas não é bem assim, com o tempo entendi que é um método
probabilístico.
Nas últimas semanas, nesse mundo de análise técnica, encontrei na sua
grande maioria alertas para um mercado que iria retroceder, o que variava era a
extensão — por outro lado, não me recordo de algum analista espelhando a
hipótese mais altista.
Talvez esse tenha sido o motivo de ter externado na semana passada as
várias hipóteses de queda — e sutilmente deixei a opção jogo continua.
- Puxa David, então mete ficha!
Aguenta aí companheiro, não se precipite.
Em relação a Nvidia comentei: “ O mesmo raciocínio é valido
para a “Super “Star” e não vou traçar todas as possibilidades que podem ocorrer
apenas demarcando a correção onde seria “tranquilo” objetivando novas altas em
seguida sem grandes estragos, esse ponto seria ao redor de U$ 164”
Observando um gráfico de mais longo prazo o cenário altista (muito
altista!) não parece tão improvável. Vou esperar melhor definição do “pai dos índices”,
o nasdaq100, para refazer meus objetivos – será que a Super Star vai “puxar” a
bolsa para cima? Afinal, já é a empresa mais valiosa do planeta!
O estardalhaço que o presidente Lula faz sobre sua relação com a China até poderia indicar que esse país está investindo como louco por aqui.
As aparências enganam, como podem ver no gráfico acima. Seria até razoável
supor que os EUA lideram os investimentos pois o faz há décadas, mas que a
China atualmente representa meros 6 % contra 52 % dos EUA não parecia lógico.
Tenho quase certeza que o Trump tem essa informação — seria bom mandar
uma cópia para o Lula e explicar bem, pois ele é limitado ou enviesado.
O S&P 500 fechou a 6.389, com alta de 0,78%; o USDBRL a R$ 5,4370, com alta de 0,22%; o EURUSD a € 1,1641, com queda de 0,21%; e o ouro a U$ 3.397, sem alteração.
Fique ligado!
David, boa tarde. Li seu artigo e confesso que bagunçou minha capacidade de avaliação sobre as consequências para nosso futuro (Brasil). Entendo que o resultado decorrente de menos oferta e mais custo por trabalhador pressiona os núcleos inflacionários, entretanto o aumento da produtividade (2,4%) reduz a necessidade de aumento da contratação de novos empregos, mas como a nossa população ainda continua crescendo o efeito no Brasil é perverso. O futuro dos EUA, parece ser brilhante, principalmente com o Trump deportando os não americanos para seus países de origem. Já o Brasil, que ainda luta pela sobrevivência e aumento da sua produtividade, vejo aumentar o nosso buraco, o que não estou enxergando? Aguardo urgentemente sua resposta!!! Abraços.
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