Empurrando com a barriga



O Presidente Chinês resolveu dar uma cartada inesperada. Todos estavam aguardando aonde iria terminar essa guerra iniciada por Trump no campo comercial. Nos últimos dias, a cada movimento de um lado correspondia uma reação do outro, como num jogo de pôquer onde um jogador vai subindo a aposta do outro.

Xi Jinping, prometeu às empresas estrangeiras maior acesso aos setores financeiro e manufatureiro da China, prometendo o compromisso de Pequim com a liberalização econômica em meio a crescentes tensões comerciais com os EUA.

Em um discurso que as autoridades consideraram importante, Xi disse na terça-feira que os planos estão em andamento para acelerar o acesso ao setor de seguros, expandir o escopo de negócios permitido para instituições financeiras estrangeiras e reduzir tarifas sobre automóveis importados e limites de propriedade para estrangeiros.

"Em um mundo aspirante a paz e desenvolvimento, a mentalidade da Guerra Fria e da soma zero parecem ainda mais fora de lugar." Xi disse ao Fórum Boao. "Colocar-se em um pedestal ou tentar imunizar-se de desenvolvimentos adversos não chegará a lugar nenhum", disse ele.

Na aparente, se não reconhecida, resposta a algumas das críticas dos EUA, o presidente Xi disse que a China aumentaria as importações, melhoraria a proteção da propriedade intelectual e forneceria um ambiente mais transparente e baseado em regras para o investimento estrangeiro. Ele também apontou para o anúncio de Pequim no final do ano passado de que aumentaria os limites de capital estrangeiro nos setores bancário, de valores mobiliários e de seguros, e prometeu que essas medidas seriam implementadas.

O gráfico a seguir mostra como realmente são desiguais as tarifas de importação entre os EUA e os países com que mantem relação comercial. Para entender, na linha horizontal está a tarifa praticada pelo país em questão e na horizontal a praticada pelos EUA. A tarifa “justa” seria aquela denominada de reprocity line”.



"Temos toda a intenção de traduzir as medidas em realidade, mais cedo ou mais tarde", disse Xi, embora não forneça um cronograma mais claro para essas ou outras medidas anunciadas.

No centro das reclamações do governo Trump, bem como de algumas autoridades na Europa, estão as políticas que dizem estar em desacordo com a era anterior de liberalização do mercado em Pequim. Eles apontam para restrições contínuas ao acesso ao mercado do país, bem como para as políticas industriais de Pequim que, segundo eles, favorecem as empresas estatais às custas das empresas privadas e estrangeiras.

Nitidamente o governo Chinês resolveu dar um basta e assumir que tem que fazer mudanças, quase que reconhecendo que Trump tinha razão em boa parte de suas demandas. Agora as mudanças que se propõe a fazer demoram anos, assim podem empurrar com a barriga essa briga que poderia ter serias implicações para a economia mundial.

Seria capaz de apostar que, daqui algumas semanas o foco será a Alemanha e o Japão. Se pode ver no gráfico acima da direita, que o desequilíbrio é grande. Em relação ao Brasil, nas tarifas estamos piores que a China, mas em termos de volume é pequeno, assim, devemos estar no final da fila. Ainda bem! Hahahaha ....

Um último comentário sobre o IPCA de março publicado hoje em 0,09%! Isso é inflação? Como venho repetido há um bom tempo, não existe mais inflação no Brasil, são apenas movimentos de preços que ora alguns sobem, enquanto outros caem, mas é só isso. A taxa anual retrocedeu par 2,68% a.a., o menor índice para um primeiro trimestre, desde sua criação. A tabela a seguir mostra a evolução anual dos seus vários componentes.


Com esse resultado, a Rosenberg alterou sua projeção para 3,4%, para 2018. No gráfico a seguir, a cada mês que passa fica mais distante a meta de inflação de 4,5% - linha pontilhada, e a linha amarela vai se aproximando de 3% a.a., que parece ser a inflação que se pode esperar para esse ano, se não for mais baixa.


A maior parte do mercado financeiro trabalha com uma alta da taxa SELIC para o próximo ano, e considera mais uma queda na próxima reunião, levando essa taxa para 6,25%. Eu só compro essa ideia, se o novo presidente anunciar medidas expansionistas e substituir essa equipe do BC. Caso contrário, porque haveria de subir a taxa SELIC, se com uma inflação de 3%, os juros reais implícitos seriam de 3,25%.

No post sem-novidades, fiz os seguintes comentários sobre o Ibovespa: ...” A configuração futura do Ibovespa dá margem a dúvidas conforme tracei abaixo. Pode ser que, o índice ainda atinja o nível esperado de uma forma mais “tortuosa”, onde o que observamos desde o início de março é a primeira sequência, ou não, já estamos num processo de correção mais demorado que levaria o índice a 81.000, 76.500, ou 73.000 (menos provável) ” ...


O gráfico apresentado com escala semanal, apresentado a seguir, mostra claramente essa indefinição. Destaquei em verde o intervalo entre 86.000 e 83.000. A última barra, corresponde a semana em curso, podendo ultrapassar tanto para cima como para baixo, quando do termino.


O que acabou mudando neste período é que a indefinição externa passou para interna. Parece que depois da prisão do Lula, caiu a ficha para o mercado. Em relação ao novo presidente nada se sabe. Antes desse evento, os analistas trabalhavam com a hipótese de Alkimin se eleger. Na minha opinião era uma grande torcida, não acho que esse candidato tem o perfil que o eleitor brasileiro busca agora.

Nossa posição de bolsa foi liquidada ontem a 84.000, e agora permanecemos na expectativa para onde ruma a bolsa, depois do intervalo definido acima ser rompido. Notei que, coincidentemente, vários mercados se encontram em situação semelhante. Nesses momentos, é melhor ficar de fora.

O SP500 fechou a 2.656, com alta de 1,67%; o USDBRL a R$ 3,4053, com queda de 0,35%; o EURUSD a 1,2355, com alta de 0,30%; e o ouro a U$ 1.339, com alta de 0,20%.

Fique ligado!

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