Nunca foi tão útil o Excel #USDBRL
No Banco Francês, chamávamos os estagiários de “Amarra
Cachorros”, uma tradução literal do *attacher le chien* – o sujeito que prendia
os cães dos clientes na porta dos magazines. Hoje, esses heróis anônimos do
Excel devem estar suando frio, recalculando o impacto das tarifas americanas,
que, como um vento inclemente, bagunçam os números sem prometer alívio. O Wall
Street Journal aponta cinco sinais de que o mercado está à beira de um colapso
nervoso: rendimentos de títulos do Tesouro em disparada, seguros contra calotes
de junk bonds em alta, capitulação no mercado de dívida, fuga de ETFs de
empréstimos e um mercado de futuros mais seco que o Saara.
Os rendimentos dos Treasuries de 30 anos, que Wall Street
gosta de chamar de “taxa livre de risco”, pularam de 4,5% para 5% em uma
semana. É como se o refúgio seguro virasse uma montanha-russa. O “seguro” virou
“aventura”
Enquanto isso, o mercado de junk bonds está em pânico. As
opções de venda no ETF iShares iBoxx $ High Yield Corporate Bond bateram
recordes, segundo o WSJ. Ben Inker, da GMO, resume: “A incerteza é veneno para
decisões.” O índice de capitulação de bonds de alto risco da Barclays chegou a
91%, um grito de alerta não ouvido desde 2023.
Nos ETFs de empréstimos corporativos, o êxodo é bíblico: US$
1,3 bilhão fugiram em um único dia, 4 de abril. Já os futuros de Treasuries e
do S&P 500, segundo a Quantitative Brokers, estão tão ilíquidos que lembram
o pânico de 2020. Robert Almgren avisa: “É um mercado frágil, pronto para
quebrar.”
Mas há um toque de comédia no caos. As tarifas, que deveriam
ser um soco no queixo da China, já mostram hesitação. John Authers relata que
Trump recuou, poupando laptops e smartphones – um aceno a Apple e Nvidia, cujos
valores despencaram US$ 2,5 trilhões. Howard Lutnick, com candura de mestre de
cerimônias, diz que é só uma pausa. O mercado, porém, não compra promessas:
oscila entre o pavor e uma leve ressaca de esperança.
O dólar, esse galã outrora imbatível, caiu a um mínimo de
três anos no índice DXY, mesmo com yields subindo (*Bloomberg*). É um enredo
digno de novela: confiança abalada, déficit fiscal americano galopante e Scott
Bessent, o “vendedor de títulos” (*Gavekal Research*, 11/04/2025), implorando
por compradores para US$ 2 trilhões em nova dívida. A China, talvez trocando
Treasuries por ouro, dá um passo de dança próprio, enquanto o mundo assiste,
atônito.
No fim, o mercado é um grande magazine, e os estagiários,
nossos “Amarra Cachorros”, tentam manter a ordem, calculando e recalculando as
planilhas. As tarifas de Trump, como um cliente exigente, bagunçam tudo, mas a
exclusão temporária de eletrônicos sugere que até o magnata sabe quando recuar.
Ninguém é Bom em Tudo
Elon Musk, virtuose dos carros elétricos e foguetes, escorregou feio ao tentar domar a burocracia com o DOGE, o Departamento de Eficiência Governamental. Gautam Mukunda detalha na Bloomberg o vexame: Musk demitiu centenas de funcionários da Administração Nacional de Segurança Nuclear, que cuida de armas atômicas, só para o governo Trump recuar em 48 horas, constrangido. Cortes em programas de saúde para sobreviventes do 11 de setembro e na Seguridade Social também foram revertidos, e as “economias” alardeadas pelo DOGE evaporaram de seu site, desmascaradas como lorota. É uma ópera bufa em Washington, com Musk como o tenor desafinado.
Como costumo comentar que “Ninguém é bom em tudo” – uma
verdade que Mukunda reforça ao atacar o mito do “omnigênio”. Ele aponta o “Halo
Effect” 1, o viés que nos faz confundir sucesso localizado com
competência universal. Musk revolucionou Tesla e SpaceX, mas o governo não é
uma linha de produção. A história está cheia de exemplos: John Sculley vendeu
refrigerantes na Pepsi, mas quase afundou a Apple; Ron Johnson transformou
lojas da Apple, mas levou a JCPenney ao fundo do poço. Sucesso, argumenta
Mukunda, é um flerte com o contexto, não um passe livre para qualquer arena.
1 O
Halo Effect (ou Efeito Halo) é um viés cognitivo em que a percepção
positiva de uma característica de uma pessoa, objeto ou marca influencia a
avaliação de outras características, mesmo sem evidências concretas.
Musk, ao tentar consertar o governo como se fosse um
foguete, provou que até os titãs tropeçam. Para investidores navegando o caos
de 2025, a lição é clara: desconfie de auras brilhantes. No mercado ou na
política, reconhecer os limites humanos é o que separa os sábios dos iludidos.
Análise Técnica
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Como comentei no post “O repique do poker” liquidei a
posição de dólar de forma abrupta, também disse que iria explicar os motivos.
Incialmente é importante destacar que nessa hipótese adotada pelo dólar a onda
5 laranja seria composta por 5 ondas menores que é diferente da outra
estratégia, onde essa quinta onda é diagonal, onde os comentários se encontram
mias abaixo.
Voltando a opção original, a alta começou a parecer mais
como uma onda B – conhecida como a destruidora de lucros. Observando numa
janela de 1 hora fiz as seguintes decomposições conforme o gráfico abaixo.
Como destacado acima, abaixo da região entre R$ 5,77 / R$
5,69 vou adotar a outra opção que vinha acompanhando paralelamente cujo gráfico
está abaixo. Nessa outra o dólar teria um objetivo entre R$ 5,44 / R$ 5,40.
- David, você andou fazendo um terrorismo contra o real e
agora muda de opinião sem ficar vermelho. Assim fica difícil!
Vamos lá, eu estou enfatizando há muito tempo que o dólar se
encontra numa onda 5 complicada que faz parte de uma correção de grau maior.
Depois eu disse diversas vezes que estava acompanhando com duas opções que
tinha desdobramentos de curto prazo distintos. Então não vem chorar as
pitangas!
Outra situação que se alterou no curto prazo é a fraqueza do
dólar de forma generalizada como venho postando. Quero também deixar registrado
que não compro totalmente essa ideia, talvez uma reação “emocional” do mercado
contra as travessuras do Trump, mas o mercado é que manda. Por último, os
“gringos” estão apostando no real de maneira expressiva como se pode ver o
quadro técnico abaixo. Como diz meu ex-sócio, Emir Capez, “contra o fluxo não
há argumento”
O S&P500 fechou a 5.405, com alta de 0,78 %; o USDBRL a
R$ 5,8506, com queda de 0,23%; o EURUSD a € 1,1354, sem variação; e o ouro a U$
3.211, com queda de 0,78%.
Fique ligado!
Excelente conteúdo!
ResponderExcluirObrigado!
ResponderExcluir