Sinais de Perigo #nasdaq100 #NVDA

 


A estratégia de Donald Trump, em sua segunda passagem pela Casa Branca, é clara: tarifas como arma para reconfigurar o comércio global, com a China no centro do alvo. Em 10 de abril de 2025, a Casa Branca anunciou que as tarifas sobre produtos chineses atingiram 145%, enquanto Pequim respondeu com um aumento para 125% sobre bens americanos, conforme relatado pelo Wall Street Journal. Esse cabo de guerra não é apenas uma troca de golpes econômicos; é uma ameaça existencial ao equilíbrio do comércio global. Como apontei no Mosca, “a estratégia da China é clara: qualquer elevação de tarifa pelos EUA faz com que eles elevem na mesma proporção as tarifas chinesas”. O resultado? Um impasse onde ninguém cede, e todos sofrem.

Os mercados, sempre atentos, já captaram o cheiro de perigo. O dólar, outrora um refúgio inabalável, está reagindo em queda. O ouro, por outro lado, disparou para acima de US$ 3.200 a onça, sinalizando uma fuga para ativos tradicionalmente seguros. Como observou John Authers em sua coluna na Bloomberg “o dólar está sob pressão intensa enquanto o dinheiro corre para refúgios seguros”. Essa inversão do padrão esperado – onde o dólar sobe em tempos de crise – é um sintoma preocupante de que a confiança na economia americana está se desfazendo.



Fuga de capitais: investidores abandonam ações, Treasuries e dólar em uníssono, sinalizando desconfiança na economia dos EUA.”

 

Treasuries: De Porto Seguro a Ativo de Risco

Os títulos do Tesouro americano, os famosos Treasuries, sempre foram o alicerce do sistema financeiro global, considerados “livres de risco”. Mas o cenário mudou. Os Treasuries estão sendo negociados como ativos de risco, com preços caindo e rendimentos subindo em sincronia com a venda de ações. Como destacou Lawrence Summers, ex-secretário do Tesouro, “estamos sendo tratados pelos mercados financeiros globais como um mercado emergente problemático”.

Essa transformação é um alerta vermelho. Os Treasuries são a referência para preços de tudo, de ações a hipotecas. Se perdem seu status de refúgio, o impacto cascateia por todo o sistema financeiro. Jim Grant, da Grant’s Interest Rate Observer, capturou o cerne da questão: “Os Treasuries e o dólar derivam sua força da percepção mundial sobre a competência da gestão fiscal e monetária americana e da solidez de suas instituições políticas e financeiras. Possivelmente, o mundo está repensando.” Essa reconsideração é agravada pelo aumento da dívida pública americana e pela postura beligerante de Trump, que antagoniza credores globais, incluindo a China, que detém cerca de US$ 1 trilhão em Treasuries.


A Crise de Confiança e o Papel do Congresso

A turbulência não é apenas econômica; é política. A decisão de Trump de pausar tarifas “recíprocas” por 90 dias, anunciada em 9 de abril, trouxe alívio temporário, mas não resolveu o problema central: a guerra comercial com a China permanece sem solução. Como o Mosca observou, “os 90 dias dados por Trump para negociar quem não retaliou, o mais importante em termos de valor para ambos – China e EUA – continua sem solução”. O Editorial Board da Bloomberg foi incisivo: “Somente a legislação pode impor ordem a essa administração”. Propostas bipartidárias no Senado e na Câmara buscam recuperar o controle congressional sobre tarifas, exigindo aprovação legislativa para novas imposições. Contudo, com Trump ameaçando vetar qualquer restrição, a incerteza persiste.

Essa falta de clareza está paralisando empresas. Nos EUA, importadores como Arlen Nercessian, da Califórnia, estão cancelando pedidos e cortando funcionários para sobreviver, conforme relatado pelo Wall Street Journal. Na China, fábricas como a Shenzhen Jiaoyang Industrial estão colocando trabalhadores em licença temporária, temendo o colapso de suas exportações. A Goldman Sachs estima que 10 a 20 milhões de empregos chineses dependem da demanda americana, enquanto o Deutsche Bank alerta para uma “desacoplagem econômica desordenada” entre as duas maiores economias do mundo.


Desequilíbrio crescente: o comércio de bens entre EUA e China reflete tensões que agora explodem em tarifas retaliatórias

 

Impactos Imediatos e o Risco de Recessão

Os sinais de perigo não se limitam aos mercados financeiros. A economia real já sente o impacto. Nos EUA, o JPMorgan alertou que a economia pode encolher ainda em 2025, com os aumentos tarifários equivalendo a um “aumento de impostos de mais de US$ 300 bilhões”. Pequenas empresas, como a Darianna Bridal & Tuxedo, na Pensilvânia, estão absorvendo custos para não repassar tarifas aos clientes, corroendo margens. Na China, exportadores como Zhu Zitong, que produz tambores plásticos, estão parando a produção por falta de pedidos.

A inflação, que parecia domada com os dados de março de 2025 mostrando um núcleo abaixo de 3%, está novamente sob ameaça. Tarifas elevam os preços de importação, e a incerteza dificulta o planejamento empresarial, reduzindo investimentos “tudo ia bem até que....” O Federal Reserve, preocupado com a inflação potencial das tarifas, hesita em cortar juros, limitando sua capacidade de amortecer o impacto econômico.

 

O Futuro Incerto e a Necessidade de Ação

Os mercados estão gritando, mas ninguém parece ouvir com clareza. A queda do dólar, a alta dos rendimentos dos Treasuries e a fuga para o ouro são sintomas de uma crise de confiança que pode ter consequências duradouras. Como apontei, “o mercado está dando indicações que não está disposto a apostar no dólar como ‘porto seguro’, e isso é preocupante”. A história recente, como o caso da ex-primeira-ministra britânica Liz Truss, mostra que políticas fiscais mal planejadas podem elevar os custos de empréstimos por anos. Nos EUA, a combinação de tarifas, déficits fiscais e antagonismo global pode desencadear “espirais viciosas”, nas palavras de Summers.

A solução exige ousadia e coordenação. O Congresso americano precisa recuperar sua autoridade sobre tarifas, como defendem as propostas legislativas em tramitação. A China, por sua vez, enfrenta o desafio de reequilibrar sua economia para o consumo interno, uma tarefa hercúlea que exige reformas profundas. Para os investidores, a mensagem é clara: em um mundo onde os Treasuries dançam ao ritmo dos ativos de risco, a prudência é a melhor estratégia.

 

Análise Técnica

No post “mudança-estrutural-o-futuro-em-jogo”, comentei sobre o Nasdaq 100: “Se existe a possibilidade de uma alta mais adiante e considerando a hipótese mencionada acima, o Nasdaq 100 poderia estar próximo de uma reversão.”




Com uma pequena alteração na contagem das ondas, a possibilidade de alta mencionada pode se configurar conforme o gráfico abaixo. Uma das formas possíveis é a formação de um triângulo, como ilustrado dentro do retângulo, o que exigiria um prazo mais longo para se completar. Independentemente de como essa correção se desenrolar, para que a hipótese de alta se mantenha, o índice não pode cair abaixo de 16.542. Caso isso ocorra, será necessário revisar a contagem.




Sobre a Nvidia, meus comentários foram: “Uma avaliação visual não indica nada mais sério; esse pode ser um processo de correção mais prolongado. Mesmo assim, não me posiciono para compra apenas com base nessa percepção. Na contagem que venho adotando, vejo dois níveis que poderiam atuar como suporte: US$ 98,50 e US$ 86,40.”




A Nvidia atingiu exatamente o segundo nível mencionado, US$ 86,40. Isso garante que a correção terminou? Não, é apenas uma indicação. Para confirmar o fim da correção, seria necessário observar a formação de cinco ondas de alta a partir desse ponto, o que ainda não ocorreu. As proporções dessa ação são notáveis: a queda desde a máxima foi de 47%, um movimento significativo. Por outro lado, a recuperação desde a mínima de US$ 86,40 até o nível atual representa uma alta de 27%. Não se trata de uma ação qualquer!




A ilustração a seguir, elaborada pelo JPMorgan, analisa as importações dos EUA provenientes da China, relacionando a participação percentual dessas importações no total americano (eixo X) com o volume em bilhões de dólares (eixo Y).




A interpretação desse gráfico é que, quanto mais à direita e acima um setor estiver posicionado, maior será o desafio para os EUA encontrarem novos fornecedores e maior a dificuldade para a China realocar esses produtos para outros mercados. Os números envolvidos são expressivos!




O S&P500 fechou a 5.363, com alta de 1,81%; o USDBRL a R$ 5,8632, com queda de 0,38%; o EURUSD a € 1,1348, com alta de 1,35%; e o ouro a U$ 3.235, com alta de 1,94%.

Fique ligado!

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