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Sangue nas ruas

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Se você acha que o título do post hoje é sobre algum atentado ou coisa que o valia, não é bem o caso. Estou me referindo a onda de quedas nas bolsas do mundo, que se materializaram nesta segunda-feira. A bolsa chinesa depois de todas as quedas que sofreu nos últimos meses, nesta madrugada caiu 8,49%, eliminando todo o ganho do ano. Esse fato espalhou pânico para todas as bolsas, ocasionado o efeito que comentei no post  China-o-epicentro-financeiro . Alguns noticiários estão comparando essa queda a uma que ocorreu na bolsa de Nova York em 1987, que foi chamada de Black Monday. Eu me lembro bem desse dia, o mundo não era tão sofisticado como hoje, o que existia naquela época era um terminal com as cotações, sem internet, celular e Whatsapp. O índice Dow Jones caiu naquele dia 22,61%, um tombo de respeito. O que me impressionou naquele momento, era que, de um negócio para o outro, o SP500 oscilava quase 1%. Se o passado fosse igual ao futuro, e o que aconteceu ontem foi um Black Mo

China: O epicentro financeiro

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Se por um lado os analistas estão otimistas com os USA e até com a Europa, o mesmo não se pode dizer sobre a China, onde recai grande parte das preocupações. Vários fatores têm contribuído para esse temor: Primeiro um certo ceticismo sobre os dados oficiais que apresentam disparidades quando comparados com outros indicadores  sobre-gelo-fino ; depois o movimento feito pelo BC Chinês na semana passada, quando deu indicações que deixaria o Yuan se desvalorizar, mas retrocedeu dois dias depois; a queda expressiva do preço das commodities colocando temores de um ambiente deflacionário; e por último, o tombo na sua bolsa de valores. O Mosca fez uma acompanhamento diário das cotações da moeda chinesa até que, após o 3º dia, suas oscilações passaram a ser mínimas. O que eles pretendiam? Mudaram de ideia no meio do caminho? Eu tenho relatado com frequência minha preocupação, oriunda da queda ininterrupta e generalizada dos preços das commodities. O gráfico abaixo mostra que desde 1970,

Todas as bolhas são diferentes

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Eu fiz uma apresentação sobre bolhas faz algum tempo. Você poderá ter acesso aos slides no post no-mundo-das-bolhas . O analista Lance Roberts, publicou um artigo recente que transcrevo hoje. ..."Se as bolhas do mercado acionário são comandadas por especulação, ganancia e viés emocional – os fundamentos são simplesmente reflexões dessas emoções"... Em outras palavras, bolhas podem existir mesmo em tempos onde os fundamentos indicam o contrário. O gráfico a seguir está representado por fundamento (P/L) e o nível do SP500, desde 1871. É importante observar que, com exceção de 1929, 2000 e 2007, todos os outros "crashes" ocorreram com fundamentos iguais, ou inferiores aos atuais. Segundo, todos esses "crashes" resultaram   de situações não relacionadas aos fundamentos, como problemas de liquidez, ações governamentais, subida de juros, recessão, alta da inflação. Entretanto, todos estes eventos foram catalisadores, ou gatilhos, que iniciaram “u

"911 - Emergency Economics"

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A economia é uma ciência que possui uma característica sui generis , ao mesmo tempo que modelos econométricos sofisticados são utilizados para prever indicadores futuros, por outro lado, depende da reação das pessoas para que estas previsões se concretizem. Existe por trás disso uma premissa simples que o ser humano reage de forma lógica. Por exemplo, se a inflação sobe acima do esperado, o BC eleva os juros, esperando que parte da população poupara mais e uma outra parte não terá mais condições de comprar a crédito. Assim, pode-se esperar para uma mesma quantidade de produtos produzidos, uma queda de preços. Simples! Usando um raciocínio inverso, se a inflação está muito baixa, o BC reduz os juros, incentivando pessoas que têm poupança a consumir, e outros comprarão a crédito com prestações mais baixas. Como dizem os americanos, esses são princípios básicos:  "101 Economics". Acontece que nem sempre o seres humanos reagem de forma lógica, e aí os modelos econômicos s

A história se repete?

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Existem grandes controvérsias da frase "a história se repete". Já li diversos analistas que acreditam e outros que não acreditam. Eu não tenho uma opinião formada. Vamos separar este assunto sob dois ângulos: Inicialmente uma análise histórica tenderia a rejeitar a frase, uma vez que, normalmente as situações a se comparar, são muito diferentes no tempo, recusado! Já do ponto de vista de análise técnica, faz parte da teoria a repetição de movimentos, variando somente a magnitude, aprovado! O assunto que trago hoje é um gráfico que sobrepõe o movimento do SP500 em 1937, com o atual, vejam a seguir. Inegavelmente semelhantes! E tem mais, a situação econômica também se assemelha, haja visto que os USA estavam beirando a deflação e não havia se recuperado da crise de 1929. Estamos atentos aos movimentos desse índice como venho alertando em vários posts recentemente. Continuando neste assunto, vamos analisar alguns dados econômicos e técnicos. Inicialmente, verificando

Cadê os jovens!

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Ontem resolvi me juntar aos milhares de paulistanos, vesti minha camisa da seleção e fui a Avenida Paulista. Não que eu esperasse muito desta manifestação, como acabou apontando uma menor aderência que as anteriores, mas mesmo assim, tinha muita gente! Tive a mesma impressão que se tem quando se caminha rumo ao estádio numa partida de futebol. Lentamente as pessoas se locomoviam em direção ao Masp. A cada intervalo havia um carro de som, com protestantes gritando palavras contra o PT e o governo. Aqui, muito diferente de uma partida de futebol, faltou emoção. Mas o que mais chamou minha atenção foi a idade média dos protestantes, eu calculo ao redor de 40 anos. Eu me perguntei: Cadê os jovens? Muito poucos. Fiquei especulando qual o motivo para não estarem ali: Não acham o assunto importante? Não concordam com a manifestação? O Brasil é assim mesmo e não vai mudar? Tem coisas mais interessantes a fazer? Realmente não consigo entender a ausência desse grupo, pois se nós "velhos

Sobre gelo fino

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A expressão "sob gelo fino", traduzida do inglês "on thin ice", é  usada para definir situações perigosas. Como no Brasil quase não neva, este fenômeno não é vivenciado por aqui, diferente dos países no hemisfério Norte. É desta forma que um artigo publicado na Bloomberg pelo economista Tim Duy, expressa suas idéias. Em sua opinião os membros do FED acreditam que a política de juros zero é um artefato da crise financeira. A economia hoje se assemelha a normalidade e assim, também, deveria ser a política monetária. Daí a pressão para aumentar as taxas de juros esse ano, possivelmente na próxima reunião, em setembro. Considere que, ao invés de zero - ou pelo menos, muito baixas, as taxas de curto prazo refletem a nova realidade do crescimento econômico. Neste cenário, os programas de " Quantitative Easing - QE"  foi a política emergencial. E ao terminá-las o FED já normalizou a política. Formuladores de políticas monetárias vão resistir a esta interpre