Quando a ilógica prevalece

A crise de 2008 foi ocasionada pela retração no mercado imobiliário.
A partir do estouro da bolha da internet, ficou muito aquecido por causa da queda da taxa de juros.
Os preços dos imóveis subiram substancialmente e através de mecanismos financeiros de crédito sobre as moradias (Mortgage_equity_withdrawal) impulsionou o consumo de bens. 
 


Após 2008, pela retração nos preços (gráfico a esquerda), diminuiu muito esta fonte de financiamento (gráfico a direita).
Para combater a crise, naquele momento o governo americano lançou mão de duas fontes de incentivo: diminuição de impostos e injeção de recursos.
Vamos nos fixar mais na área monetária, uma vez que os impactos dos impostos já surtiram seus efeitos.
A expansão do balanço do FED que mede a injeção de recursos através de vários programas (lembrem-se do helicóptero), pode ser visto no gráfico ao lado.
Sem me atentar aos detalhes, observem como estes valores eram relativamente estáveis até 2008.

Porém, o resultado não foi satisfatório uma vez que o consumidor ao invés de voltar a consumir, continuou a diminuir suas dívidas.
Por consequência, este excedente de liquidez dos bancos retornou ao FED o que tornou seu efeito nulo.
É o que em economia chama-se "armadilha da liquidez".


- David, está complicado de entender o que você quer dizer.  Tem muito dinheiro nos bancos e a economia não consegue crescer. Por que?
A principal razão é a alta taxa de desemprego e como ela vem evoluindo.
O gráfico a seguir, compara a recuperação atual em relação a outras, após períodos recessivos. Como podemos observar ela não mostra a mesma evolução que habitualmente é esperado nestes momentos.

Está sendo pífia!
O Bernanke é um estudioso sobre estas situações e  acredita que para evitar um mal maior esta aplicando o modelo Keynesianismo onde se o setor privado vai mal, o governo deve intervir na economia.
- David, como você resumiria os motivos destes fenômenos que vem acontecendo?


O excesso de crédito ocasionou uma elevação irreal dos preços dos ativos, e a China deslocou a produção de bens para seu país, levando o desemprego à outras economias.

A percepção da moeda americana foi se deteriorando.
Inicialmente com uma política deliberada por Washington até a perda de confiança em seu valor intrínseco.
Nestes últimos anos  houve uma fuga por parte dos investidores para outras moedas, commodities (principalmente o ouro) e ações, tudo para se "livrar" do dólar.
Na postagem de ontem derrocada-do-dollar podemos visualizar este movimento, onde desde 2000 o U$ teve uma perda superior a 35%.
Ou seja era quase um consenso que investir em dólares era um mal negócio.



- David, agora você vai ter que explicar muito bem esta história de que in god we trust.
Em 2009 criou-se um clima de otimismo em relação a recuperação da economia. Em abril de 2011 a sensação era de ceticismo. E acredito que daqui em diante, se a economia americana entrar em recessão,  a decepção prevalecerá. Será um banho de água fria!
Os investidores tenderão a agir de forma semelhante ao que ocorreu em 2008 (veja detalhes derrocada-do-dolar movimento 3), porém acredito que será mais agudo.
O medo vai prevalecer e como consequência os investidores tenderão a reverter suas posições, ou seja:

  • Vender moedas e COMPRAR U$;
  • Vender Commodities e COMPRAR U$;
  • Vender ações e COMPRAR U$.
Por mais que esta ação não seja lógica o fluxo estará neste sentido.
Será um período muito, muito difícil!
As quedas poderão ser expressivas intercaladas por movimentos de reversão inesperados e fortes. 
Capiche!
- Você está me dizendo para ser ilógico?
Não, basta você ser conservador.
- Como devo me posicionar neste cenário?
Bem, isto vai ficar para um próximo post, "Quando juro zero é um ótimo investimento".
- Ahahahahah.... quero ver você me convencer!
Fique ligado.









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