Influenceres: profissão da moda #SP500

 


Resumo:

No mundo moderno, onde a influência digital redefine paradigmas, a figura do 'influencer' ganha proeminência, especialmente no volátil mercado financeiro. Observações apontam que, apesar da promessa de dicas valiosas, a maioria dos 'finfluencers' não consegue superar o mercado, com uma minoria destacando-se por habilidades excepcionais. A análise crítica sugere que seguir esses influenciadores pode ser mais prejudicial do que benéfico, com dados apontando para uma tendência de seguidores em gravitar em torno de conselhos emocionalmente ressonantes, mas financeiramente destrutivos. Nesse contexto, a cautela e a pesquisa aprofundada emergem como ferramentas cruciais para navegadores dessas águas digitais tumultuadas.

Por outro lado, a economia estadunidense demonstra robustez, desafiando expectativas com sua força contínua e inflação teimosamente estável, sugerindo um caminho cauteloso para ajustes na política de taxas de juros, ressaltando uma perspectiva de "taxas mais altas por mais tempo" e destacando a dominância global dos EUA.

Em análise técnica, o S&P 500 mostra sinais de uma trajetória ascendente final 5.330/5.342, com uma possível correção menor no curto prazo, antes de potencialmente alcançar novos patamares. A análise sugere vigilância, com expectativas de movimentos sutis no mercado que podem definir a próxima fase de crescimento ou correção.

 

O ser humano é muito influenciável pela opinião dos outros, principalmente em áreas que não domina – e mesmo nessas estamos sujeitos a isso ocorrer. No mercado financeiro, existe um protocolo de vestimenta; na minha época, quando se trabalhava de terno, a moda era com gravatas Hermès, que custavam o olho da cara. Depois de alguns anos, esse tabu foi quebrado e se adotou o casual, que consistia em uma calça cáqui e camisa branca. Hoje em dia, não sei qual é a nova vestimenta protocolar.

Com a disseminação dos aplicativos de mídia, surgiu um novo personagem – o influencer –, o qual eu definiria como um especialista em alguma área que faz vídeos mostrando suas habilidades. Nessa nova função, é fundamental que seja alguém persuasivo a ponto de conquistar milhões de seguidores, que é sua moeda de troca para anunciar produtos e serviços de empresas.

Os leitores antigos do Mosca sabem que eu detesto dar “dicas”; a principal razão é que o que eu acredito hoje pode ser muito diferente amanhã, e, como não tenho como avisar as pessoas, posso ser cobrado no futuro por ter dado uma dica ruim que, no caso do mercado, gera prejuízo. Não é assim que encaram alguns profissionais que publicam suas “dicas” através dos meios de comunicação: os Influencers financeiros. Joaquim Klement publicou em seu blog, Klement on Investing, uma matéria sobre esse pessoal cujo título já diz tudo: "Uma perda de tempo e dinheiro"!

Eu não sou fã de influenciadores. A última vez que escrevi sobre eles, recebi críticas por chamá-los de pessoas sem talento, com menos células cerebrais do que o dinheiro que tenho na minha conta bancária. Talvez tenha sido um pouco severo. Então, deixe-me revisar minha opinião, baseada em um novo estudo sobre o desempenho das recomendações de influenciadores financeiros: Eles são uma perda de tempo e dinheiro.

Os autores do estudo analisaram influenciadores financeiros, ou 'finfluencers', no StockTwits de 2013 ao início de 2017. Com base nesse banco de dados, identificaram quase 30.000 usuários fazendo recomendações de ações. O gráfico abaixo mostra o alfa médio dessas recomendações nos 20 dias após uma recomendação ser feita. Como a grande maioria dos 'finfluencers' faz recomendações de trade, faz sentido olhar para um horizonte de investimento curto de apenas um mês.

 Recomendações de ações – Alfa de 20 dias



O gráfico divide as recomendações por nível de habilidade. Em média, os investidores tiveram um desempenho abaixo do mercado em 0,35% por mês (4,1% anualizado) se seguiram o conselho desses 'finfluencers'. No entanto, há uma minoria de 'finfluencers' que agregam valor. Os 25% melhores em desempenho conseguiram superar o mercado em cerca de 1,9% por mês, ou 25% anualizado. Porém, a distribuição é inclinada para o desempenho inferior, com os 25% piores 'finfluencers' tendo um desempenho abaixo do mercado em 2,9% anualizado.

De fato, os autores concluem que 28% dos 'finfluencers' são habilidosos, no sentido de que geram um alfa positivo, enquanto 16% são inábeis, na medida em que seu alfa não é diferente de zero. Mas espere, você deve estar pensando (ok, eu não ouço você dizer isso, mas me acompanhe): faltam 56% dos 'finfluencers'. O estudo descobriu que esses 56% dos 'finfluencers' têm 'antihabilidade', isto é, suas recomendações têm um alfa negativo estatisticamente significativo.

Isso significa que, se um usuário segue 'finfluencers' aleatoriamente, é mais provável que siga um 'finfluencer' com antihabilidade estatisticamente significativa do que um 'finfluencer' inábil ou habilidoso.

Mas claro, usuários do StockTwits ou de qualquer outra plataforma de mídia social não seguem influenciadores aleatoriamente. A esperança é que os usuários sejam capazes de diferenciar entre 'finfluencers' que agregam valor e aqueles que não o fazem, e assim 'finfluencers' habilidosos ganham mais seguidores.

Claro que sim.

Os gráficos abaixo mostram a relação entre o número de seguidores de 'finfluencers' inábeis (gráfico à esquerda), com antihabilidade (gráfico do meio) e habilidosos (gráfico à direita), e a probabilidade de que esses 'finfluencers' sejam realmente habilidosos, inábeis ou com antihabilidade.



Observe como os 'finfluencers' inábeis e com antihabilidade que têm mais seguidores são muito mais propensos a serem inábeis ou com antihabilidade (ou seja, suas recomendações têm mais probabilidade de destruir o desempenho) do que 'finfluencers' com menos seguidores. Enquanto isso, influenciadores habilidosos com mais seguidores têm menos probabilidade de ter um alfa positivo verdadeiro do que 'finfluencers' com menos seguidores. Em termos diretos, quanto piores são suas recomendações, mais seguidores os 'finfluencers' tendem a ter.

Segundo o estudo, o que acontece é que os usuários tendem a seguir influenciadores que apostam no retorno e no momentum do sentimento social, ou seja, incentivam os usuários a agirem com base em suas emoções e crenças pré-existentes, atuando como amplificadores, em vez de conselheiros sérios. Seja falando de entusiastas do ouro e cripto ou de adeptos do HODL que acham que as ações da Tesla só podem subir (lembrando que os dados são de 2013 a 2017, quando as criptomoedas se tornaram grandes e a Tesla era a ação com a maior torcida), 'finfluencers' aumentam facilmente sua influência e número de seguidores, encorajando ativamente os usuários a fazerem o que já queriam fazer. 'Finfluencers' criam uma câmara de eco que remove a concorrência e os isola de questionamentos sobre desempenho ou a validade de suas crenças. O infeliz, porém, é que os mercados não se importam com a crença de uma pessoa, razão pela qual 'finfluencers' são tão destrutivos e uma perda de tempo e dinheiro.

Nunca me propus a fazer algo semelhante, primeiro porque não quero ter vínculo com nenhuma empresa financeira que me obrigaria a dar sugestões sempre, mesmo que elas não existam ou não sejam com bom perfil de risco; prezo pela minha independência. Talvez já tenha passado da idade! Hahaha...

O mercado esta semana começou meio azedo; o motivo é que, novamente, as apostas em quedas de juros nos EUA recuaram depois da publicação de alguns dados que mostram a inflação, na melhor das hipóteses, estabilizada – ou em queda muito lenta, no patamar de 3% – e projeções do PIB robustas. A seguir, o informativo coletado pelo Fed de Atlanta, o GDPNow:



Compilei um resumo publicado por John Authers na Bloomberg.

O artigo discute a postura recente do Federal Reserve (Fed) dos EUA em relação às taxas de juros, apoiada por dados econômicos. Jerome Powell, presidente do Fed, expressou que a economia fortalecida não exige cortes de taxas imediatos, especialmente com a inflação diminuindo lentamente. Isso marcou uma redução significativa na expectativa de cortes de taxas. Além disso, o retorno da indústria manufatureira e a pressão inflacionária sugerem menos necessidade de reduzir as taxas, o que altera as expectativas do mercado sobre a política monetária futura.




Também aborda o conceito de taxas de juros "mais altas por mais tempo", notando que uma taxa de fundos federais de 5% foi alcançada em março do ano passado, com expectativas de manutenção até novembro. Isso reflete uma economia forte, comparável ao final dos anos 90, sugerindo que taxas altas não necessariamente implicam em crescimento econômico nulo.




A discussão se estende às implicações para investidores, sugerindo que, apesar das altas taxas serem desfavoráveis para títulos, as ações têm superado os títulos mesmo com rendimentos de Tesouro estáveis, e sugere uma preferência contínua por ações em detrimento de títulos, embora haja riscos de "acidentes financeiros" devido às taxas elevadas por períodos prolongados.

Finalmente, comenta sobre o impacto global, destacando o fortalecimento do dólar frente a outras moedas à medida que a economia dos EUA se mostra mais robusta do que o esperado e as taxas de juros permanecem altas. Isso reforça a posição dominante dos EUA no cenário econômico mundial.

Em resumo, o Federal Reserve dos EUA sinaliza uma abordagem cautelosa em relação aos cortes de taxas devido a uma economia fortalecida e inflação diminuindo lentamente. A perspectiva de taxas "mais altas por mais tempo" reflete uma economia robusta, e a preferência por ações sobre títulos continua, apesar dos riscos de instabilidade financeira. O dólar se fortalece globalmente, evidenciando a robustez econômica dos EUA.

Os agentes financeiros, que na sua maioria nunca viveram em um ambiente inflacionário, estão se dando conta, pouco a pouco, que a queda de inflação sem gerar estrago na economia é muito difícil. No post "Como pode dar certo", fiz os seguintes comentários sobre o S&P 500: “...No gráfico a seguir, talvez a onda IV em laranja possa estar em andamento, o que levaria a bolsa ao redor de 5.100 – nada dramático, apenas uma queda de 3% – para, em seguida, voltar a subir e atingir o nível de aproximadamente 5.330. Será que chega até lá?...”



As subdivisões internas da bolsa não estão tão claras, razão pela qual vou observar o quadro mais geral. O mercado abriu hoje ao redor de 5.200, o que pode significar a onda IV verde que substitui a opção que adotei acima. Essa mudança tem mais impacto no desenrolar de janelas menores de 1 hora do que no gráfico diário. Resumindo, ainda trabalho com uma alta final ao redor de 5.330 / 5.342, que só será alterada caso houver quedas muito superiores a 5.100 no movimento atual.



O SP500 fechou a 5.205, com queda de 0,72%; o USDBRL a R$ 5,0577, sem variação; o EURUSD a € 1,0768, com alta de 0,21%; e o ouro a U$ 2.276, com alta de 1,16%.

Fique ligado!

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